Tarsila do Amaral é celebrada por Ana Clara Watanabe com desfile em SP
No tradicional Edifício Martinelli, a estilista apresentou uma nova leitura de moda para obras da famosa pintora brasileira
atualizado
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A união entre moda e arte sempre esteve presente no trabalho da estilista Ana Clara Watanabe. Desde o primeiro desfile, em 2019, a designer se inspira na trajetória da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973). Agora, a convite do instituto oficial que preserva o legado da artista, a marca WTNB desenvolveu uma coleção em celebração ao centenário das famosas obras modernistas. A apresentação ocorreu no Edifício Martinelli, no centro de São Paulo, nessa quarta-feira (28/5).
Vem conferir!
Intitulada Tarsila Amarela, a coleção teve como direcionamento três pinturas que reverenciam a cidade: E.F.C.B (Estrada de Ferro Central do Brasil); São Paulo; e São Paulo (Gazo). Todas são de 1924. “Escolhi essas obras da Tarsila porque, assim como ela, sou uma mulher do interior que veio para SP com o objetivo de trabalhar com arte. Tanto eu quanto ela sempre tivemos vontade de mostrar que a arte, ou a moda, também acontece fora da capital”, explica Ana Clara Watanabe, em entrevista à coluna.
“Eu queria trazer a minha referência de Pindamonhangaba, das paisagens que eu cresci vendo, das texturas, para as peças. Já trabalho com moda sustentável há quase um ano e, nesta coleção, não poderia ser diferente. Fizemos todo um processo de reaproveitamento de matéria-prima, voltada para tecidos de mobiliário. Em contrapartida, temos o jeans, que é mais contemporâneo, só que feito em processo de algodão regenerativo com viés social”, completa a designer.
Para além do conceito, a estilista trabalhou em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Pindamonhangaba. Ao longo de seis meses, a confecção das peças foi realizada pelos estudantes e docentes da área de moda da unidade educacional.
Para dar vida aos croquis, Watanabe apostou em estruturas maximalistas, sustentadas com arames, cabos de madeira e PVC. Por cima, os itens oferecem, a partir do trabalho manual, texturas variadas, bordados e patchwork. Um dos complementos são botões desenvolvidos a partir do reaproveitamento de cápsulas de café.
“Gosto de trabalhar com corpos disformes e criar estruturas por baixo das roupas. Quando recebi o convite do instituto da Tarsila, foi o encontro perfeito, o que eu estava precisando para o retorno da moda como arte”, conta Watanabe. “Como designer, às vezes, ficamos muito preso no quesito comercial, que é muito importante, mas acho que a moda consegue alcançar lugares muito diferentes e importantes, e esta coleção me permitiu isso”, acrescenta.
Tarsila do Amaral
Filha de fazendeiros, Tarsila do Amaral cresceu no campo, em Capivari, no interior de São Paulo. A brasileira é considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas. Famosa mundialmente, é a principal pintora a alcançar a expressão nacionalista no estilo artístico. A artista morreu em janeiro de 1973, aos 86 anos.