Sustentabilidade, brilho e revenge buying são as apostas para 2022
Estilistas, pesquisadores e especialistas em tendências falam sobre moda e comportamento político-social no próximo ano
atualizado
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![Dua Lipa no desfile da Versace](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20151751/GettyImages-1342323152.jpg)
A pandemia de coronavírus mostrou que as previsões podem cair por terra rapidamente. Depois de dois anos com medidas restritivas para conter o vírus e o aumento da vacinação, um cenário pós-pandêmico começa a parecer possível. Pensando nessa retomada, a coluna conversou com especialistas de diversos segmentos da moda para entender o que pode despontar no próximo ano.
Vem conferir as apostas!
Giphy/Lenny Niemeyer/Aluf/Yebo/Osklen/Farm/Divulgação
O período pandêmico nos apresentou o conforto do home office e dos moletons como looks de trabalho. Com a volta das atividades presenciais, entra em cena a vontade de caprichar nas produções. Porém, uma tônica que seguirá presente é o estilo comfy!
“Silhuetas fáceis de usar e confortáveis. Um equilíbrio entre natural e tecnológico, que já vemos há 10 anos, seja ele nas cores ou nas próprias formas. Vamos ver cada vez mais um mix de silhuetas muito básicas e ao mesmo tempo coisas mais complexas”, conta à coluna Lenny Niemeyer, diretora criativa da marca homônima de beachwear.
![Modelo branca com roupa Lenny Niemeyer](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20110341/aposta2022-lennyniemeyer.jpg)
![Modelos vestindo ALUF](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20110933/aposta2022-aluf.jpg)
![Modelos negros vestindo Yebo](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20111036/aposta2022-yebo.jpg)
Nada discreto
Diversas marcas das semanas de moda internacionais e nacionais desfilaram coleções nas quais o brilho era o protagonista. A aposta é certeira, segundo Henri Farias, coordenador de Estilo da Coca-Cola Jeans e da Triton. “Muito impulsionado pela geração Z, que tem uma grande atração por tudo que reluz, veremos o brilho em looks inteiros e, em doses homeopáticas, em roupas, acessórios e maquiagens. A regra é misturar cores e texturas”, aposta.
No próximo ano, também podemos praticamente esquecer os tons sóbrios. Essa escolha se relaciona com a busca do bem-estar e com o termo dopamine dressing. “A ideia é vestir roupas que te deixarão feliz. E as cores, em especial, terão um efeito muito forte. Será como um arco-íris depois da tempestade, que inclui roupas novas, elegantes e de cores vivas”, explica Mariana Santiloni, gerente de atendimento ao cliente e especialista de tendências na WGSN, empresa de tendências de comportamento e consumo.
Segundo Mariana Santiloni, entrarão no nosso radar “cores como o rosa orquídea, que é tom intenso de magenta e o bio lime, um verde quase neon”. A tendência também apareceu no report de previsões para 2022 da rede social Pinterest.
![Lourdes Maria, filha da Madonna, no desfile da Versace](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20113120/GettyImages-1342395848.jpg)
![Modelo negra de Versace](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20113311/GettyImages-1342396429.jpg)
![Modelo negra no desfile da YSL](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20113434/GettyImages-1343645591.jpg)
Corpo na rua
Depois de – quase – dois anos confinados, é natural a vontade de ganhar as ruas. Ainda segundo Mariana Santiloni, da WGSN, “o consumidor redescobriu a importância das atividades ao ar livre. Com isso, marcas e varejistas passaram a investir em roupas, calçados e acessórios para explorar a natureza”.
Além de estar na rua, a máxima é se exibir! Decotes e recortes inusitados que deixam a pele à mostra virão com tudo no próximo ano. Quem defende essa ideia é o professor Lorenzo Merlino, do curso de moda da Fundação Armando Álvares Penteado.
“Eu acho que o principal aspecto que a gente verá em 2022 é a exibição corporal. Vamos ter muita roupa transparente, com partes do corpo de fora e roupas pequenas. Minissaia, miniblusa, calças apertadas, enfim, uma hipervalorização do corpo”, explica o professor à coluna.
![Modelo branca no desfile da Versace](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20143051/GettyImages-1343478442.jpg)
![Modelo branca em desfile da PatbÔ](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20143234/GettyImages-1339109355.jpg)
![Modelo branca no SPFW](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20143749/misc-lb-n52-033.jpg)
Revenge buying
O professor Lorenzo Merlino também acredita que o consumo desenfreado vai marcar o próximo ano. “Essa questão da inflação que estamos vendo agora no fim do ano, não só no Brasil, mas no mundo todo, é reflexo disso. As pessoas estão voltando a consumir mais porque estão com vontade de comprar”.
E o mercado se beneficiará da tendência do “consumo de vingança”. Como explica Mariana Santiloni, da WGSN: “Provavelmente teremos um aumento na compra de itens de alto luxo que são difíceis de adquirir on-line, como relógios e joias, e itens que a experiência não pode ser reproduzida no digital”.
![Pessoas fazendo fila em frente a loja da Louis Vuitton em Paris](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2020/07/10130717/Loja-da-Louis-Vuitton-na-Fran%C3%A7a-1224220161.jpeg)
![Loja Zara com fila para entrada](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20150602/zara-revengebuying.jpg)
![Loja Hermes na China](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20150744/GettyImages-1161653916-600x400-1.jpg)
Práticas sustentáveis
Por outro lado, diferentes nomes da indústria apostam na sustentabilidade como uma tendência deste ano que seguirá no próximo. Cristina Lucchetti, diretora de estilo da Farm, contou à coluna que “a pandemia deu [atenção] para temas importantes como diversidade e sustentabilidade, assuntos urgentes. Aconteceu forte em 2021 e vai ficar para sempre na gente como marca”.
Ana Freitas, head de marketing da Animale, também defende a ideia. “Os consumidores querem se conectar com marcas que trazem para além de uma proposta de estilo, um propósito que abraça causas sociais e/ou ambientais”, explicou.
![Modelo em roupas da Farm](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20145206/268175191_318454986803383_8100944795511692103_n.jpg)
![Modelo negra com roupa Osklen](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20145402/269143744_446570563654095_8479873461451741878_n.jpg)
![Modelo loura em desfile Lenny Niemeyer](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20145615/lenny-n52-036-654x818-1.jpg)
Moda social e política
O Brasil enfrenta, no próximo ano, eleições. O professor Lorenzo Merlino acredita que a moda vai contribuir para a polarização no país: “A moda não tem esse papel – nem é sua função – de apaziguar os ânimos. Ela é o reflexo da sociedade. Então, a gente vai ter isso facilmente colocado nas roupas”.
A busca por maior diversidade também é destacada pelo professor. “A questão da aceitação das diferenças, dos padrões corporais diversos, da valorização das culturas antes marginalizadas, a questão trans e a multiplicidade de gêneros: tudo isso é uma macrotendência forte por um período longo”, completa.
![Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20144410/isil-lb-n52-006-654x818-1.jpg)
![Modelo negra de roupa Ronaldo Fraga](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2021/12/20144728/gs-125-654x1034-1.jpg)
![Desfile Ronaldo Fraga](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2019/04/27022814/rfra_n47_0038.jpg)
O apanhado geral mostra que tendências que surgiram na pandemia, como o desejo por peças confortáveis e marcas com responsabilidade social e ambiental, seguirão. O fim das medidas restritivas, por sua vez, será um convite para eventos sociais em que cores e brilhos serão os protagonistas.
Colaborou Carina Benedetti