Stylist do DF, Santana Louis não tem medo de fugir da norma
Aos 22 anos, a jovem cresce profissionalmente também como dançarina. Com influências na cena ballroom, ela tem se destacado
atualizado
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A busca por um “lugar ao sol” na moda não é um dos processos mais fáceis, principalmente se o seu corpo não for considerado a “norma”. Revertendo todas as adversidades, Santana Louis tem conquistado o próprio espaço com talento e dedicação. Goiana, mas radicada em Brasília, a jovem encontrou na cultura ballroom um acolhimento para potencializar as experiências pessoais e profissionais. A artista se divide entre os trabalhos de stylist e dançarina, que define como um só.
Vem conhecer!
Há cerca de seis anos, Santana Louis embarcou em uma viagem de grandes transformações. Ao chegar na capital do Brasil, com o principal objetivo de estudar, construiu laços que a fizeram ser quem é atualmente. “Comecei a fazer peças, inicialmente, para mim e amigas próximas. Aos poucos, passei a ser contratada para trabalhos na área de styling”, relembra, em entrevista à coluna.
Aos 22 anos, a artista explica como a cena ballroom brasiliense a impactou em diferentes formas. “Para mim, era tudo uma fantasia, algo mágico, mas aí descobri que era muito sobre família e trabalho. É um lugar em que entendi mais sobre gênero e racialidade”.
Foi a partir da convivência com pessoas LGBTQIAP+ e negras que Santana Louis conheceu uma nova paixão: a dança. A artista tem fomentado um espaço de destaque para além de Brasília.
No currículo, acumula experiências de styling para nomes emergentes da cena cultural, por exemplo as Margaridas e as Irmãs de Pau, além de trabalhar como coreógrafa e bailarina do cantor Totô de Babalong. “Quando estou no palco, percebo que ali está a minha melhor versão. Consigo unir todos os elementos em um único momento, me sinto completa”, compartilha.
Sonho transformador
Para conseguir dar continuidade ao sonho de trabalhar com moda, Santana Louis divide o tempo como subgerente em uma loja da Youcom. Ela reflete sobre as dificuldades enfrentadas por ser uma travesti negra em uma área elitista e preconceituosa.
“Mesmo não conseguindo acessar tantos os espaços, a gente consegue utilizar da inteligência e ‘tecnologia’ travesti para transformar uma simples amarração em algo transformador e único”, avalia.
Apesar dos desafios do dia a dia, Santana Louis enxerga com força as experiências que a trouxeram até aqui. “Eu acabo defendendo que ser fora do padrão é viver o que a gente quer. É muito sobre a liberdade de poder externalizar o que vem dentro da minha cabeça”, finaliza.
Brasília Fora dos Padrões
A coluna deu início ao quadro Brasília Fora dos Padrões, como uma extensão da série Moda Brasília. Toda semana, apresentamos pessoas que se destacam pelo estilo próprio, a fim de dar ênfase à moda no Distrito Federal, no Centro-Oeste.
O objetivo é compilar fashionistas que usam o vestuário como uma forma de autoexpressão e autenticidade. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna. A iniciativa também aborda pautas com temas para além do segmento fashion, como música, entretenimento e arte.