SPFW N57: veja Weider Silveiro, Catarina Mina, Dendezeiro e mais
A semana de moda acabou nesse domingo (14/4). Rafael Caetano, Walério Araújo, Martins e André Lima, entre outras marcas, foram destaques
atualizado
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O São Paulo Fashion Week N57 foi encerrado nesse domingo (14/4). Ao longo dos últimos dias de programação do SPFW, Weider Silveiro, Catarina Mina, Thear e Dendezeiro mostraram coleções com foco no handmade. Por outro lado, a Forca Studio levou tecnologia explícita à passarela. A semana de moda também apresentou os novos trabalhos das etiquetas Rafael Caetano, Walério Araújo, Martins, Igor Danona, André Lima e Amapô Jeans, entre outras.
Vem ver!
Weider Silveiro
O trabalho artesanal nas criações são um ponto forte de Weider Silveiro. Para a participação nesta edição do SPFW, o designer se inspirou em memórias da própria infância. Com um toque evidente de sofisticação, o bordado richelieu e a tapeçaria foram os pontos de partida.
Além da alfaiataria divertida, o estilista apostou em malhas, rendas, jeans e crochê, que surgiram nas roupas e em bolsas. Nos looks, chamaram atenção mangas com volume e golas com circunferência geométrica, assim como os plissados, as franjas, as aplicações de bolas em variados tamanhos e peças feitas inteiramente de miçangas rebuscadas.
A paleta enxuta de cores abordou tons terrosos, azul, preto, verde-água e amarelo. Para incrementar as produções, em tom descontraído e provocativo, a marca homônima apresentou estampas com formas do corpo humano.
Rafael Caetano
Os poemas de Mário de Andrade foram o guia para a coleção Intransitivo, novo trabalho de Rafael Caetano. No SPFW N57, o estilista se debruçou, mais especificamente, na relação do escritor com a cidade de São Paulo.
“Mário de Andrade ficou conhecido como um artista multifacetado, temos muito a falar sobre ele e reverenciar suas obras que continuam vivas. Foi um importante escritor, um dos fundadores do Modernismo, crítico literário, musicólogo, folclorista e um grande ativista da cultura brasileira que sempre valorizou a nossa identidade”, detalhou o diretor criativo, em nota.
“Criamos uma coleção masculina forte, com foco no conforto e na sofisticação”, completou.
Entre os materiais usados, está principalmente a sarja, estruturada em diferentes tons e lavagens. Já o suede foi incrementado com uma estampa em azul e branco do pássaro saracura. Entre conjuntos de camisa e calça, mix de estampas e lenços, chamaram atenção modelagens com duplas de cores. O brilho na alfaiataria também foi um dos incrementos.
Catarina Mina
Sob o tema Guardiãs da Memória, a marca Catarina Mina estreou no São Paulo Fashion Week. Como uma celebração às artesãs do Ceará, o resultado é uma coleção essencialmente artesanal.
“Não existe artesanato sem as artesãs, o nosso desfile é uma homenagem a elas. Estamos entusiasmadas em trazer nossa visão de trabalho para a passarela deste SPFW 57”, apontou Celina Hissa, fundadora da etiqueta.
As técnicas manuais, como filé, bilro, labirinto, palha de carnaúba, fibra de croá e bordado marcaram presença. O crochê, carro-chefe da marca, não poderia faltar. Tudo isso combinado com a alfaiataria, com direito à seda e ao linho puros.
Na cartela, as tonalidades verde, rosa e laranja foram protagonistas. Uma das grandes estrelas foi a palha, que aparece inclusive em forma de maxissaia e top. Camadas, relevos, acetinados e recortes complementam o compilado.
Thear
A coleção Elementos, da marca goiana Thear, foi uma celebração cativante do bioma Cerrado. As nuances da fauna, da flora e do encontro entre o fogo e a terra foram incorporadas aos looks desfilados, e uma dança contemporânea complementou o espetáculo da etiqueta no SPFW.
Para adicionar mais personalidade aos visuais, estampas futuristas foram criadas pelo artista Kboco. Todas evocam tanto a beleza quanto a urgência da preservação do ecossistema. Os corsets luxuosos de Jerônima Baco acrescentaram uma dose extra de sensualidade às peças, enquanto as barbatanas naturais, feitas de bambu, proporcionaram conforto e autenticidade aos designs.
A silhueta marcante da coleção foi aprimorada com puxadores que redesenhavam os vestidos, além de tranças de tecido que contornavam algumas das roupas apresentadas, o que criou uma estética orgânica e fluida na passarela. O upcycling — uma marca registrada do trabalho da Thear — também esteve presente, com bordados florais feitos a partir de sobras de tule.
Walério Araújo
As coleções de Walério Araújo sempre se destacam como criações repletas de criatividade. Nesta temporada, o estilista apostou em uma explosão de bom humor. A inspiração é a própria mãe, Dona Neném, que completou 95 anos no ano passado.
O desfile ocorreu no dia do aniversário de 54 anos do estilista, que comemorou os prazeres simples da vida na passarela. As memórias afetivas relacionadas à comida e à casa da família em Pernambuco foram traduzidas em looks com uma pegada camp (gíria para comportamento, atitude ou interpretação exagerada).
Walério incorporou essas lembranças de maneira extravagante nas peças, como o vestido de “cuscuz” em tule amarelo e a produção de “ovos fritos” em vinil. A coleção apresentou também uma variedade de peças avulsas, além de visuais com imagens dele e da mãe.
Outras referências evidentes foram as estampas de samambaias e espadas-de-são-jorge, além de ilustrações dos porquinhos que faziam parte da criação familiar. Os elementos foram aplicados em tecidos fluidos e transparentes, o que deu um toque de nostalgia e autenticidade às produções.
Martins
O desfile da Martins na semana de moda foi uma mistura de estilos e referências. Tom, o estilista por trás da etiqueta, encontrou inspiração na história da Pequena Sereia, que ganhou uma versão live-action em 2023, para criar uma coleção que une elementos marinhos com uma estética rebelde e subversiva do punk.
O resultado foi a combinação de saias na modelagem sereia com parkas impermeáveis, logos de bandas do gênero estampados em camisetas oversized, decoradas com babados em tule e correntes com conchas perfuradas como piercings. Os visuais com sobreposições, característicos da label, foram mantidos com bermudas sobre calças amplas e casacões sobre camisetas.
Entre as novidades, destacam-se as estampas feitas com inteligência artificial, que apresentam uma padronagem maximalista inspirada nos animais do fundo do mar. Além disso, a parceria com o estilista cearense David Lee resultou na adição de peças com aparência de rede de pesca, pintadas de preto, rasgadas milimetricamente para se alinharem à estética que o designer procurava.
Patches, estampas de tatuagem, tecidos metalizados, golas exageradas e silhuetas variadas complementaram a narrativa dos looks apresentados. Ícones da moda, como Vivienne Westwood e Judy Blame, tiveram influência nas criações.
Igor Dadona
Conhecido pela alfaiataria masculina, Igor Dadona voltou ao São Paulo Fashion Week com uma novidade. Pela primeira vez, o designer criou uma coleção com moda feminina, batizada de Hourglass.
A alfaiataria cool e elegante permaneceu, mas também deu lugar a vestidos fluidos acetinados. Um dos pontos altos são as camisas com estampa geométrica em blocos de cores, para todos os gêneros. A assimetria incrementou o repertório, assim como os clássicos risca-de–giz e xadrez.
Dendezeiro
A Dendezeiro ganhou um espaço fundamental no mundo fashion nos últimos meses. Para honrar essa conquista, a dupla fundadora da marca, Hisan Silva e Pedro Batalha, mostrou que sabe explorar o streetwear com maestria no SPFW.
Reconhecida pela autenticidade, a etiqueta deu um passo adiante na moda ao incorporar elementos de alfaiataria na nova coleção. A essência vibrante e ousada que a caracteriza não poderia ficar de fora. Peças como a calça de terno e cintos de gravatas cruzaram a passarela.
Além delas, a exibição de roupas inferiores com o efeito de duas calças sobrepostas e um vestido com cauda sereia e um cós em substituição ao decote também reforçam a habilidade da label em experimentar e inovar no design. O maxilaço e o volume, em geral, também chamaram atenção.
André Lima
O aguardado retorno de André Lima ao SPFW foi marcado por um desfile glamoroso e com uma estética para lá de rebelde. Nesta temporada, o estilista optou por uma nova abordagem fashion, que se distanciou totalmente das estampas características da marca.
As franjas “cabeludas”, presentes em vestidos, saias, brincos e braceletes, além do paetê acompanhado de fitas pretas nos seios das modelos, foram destaques entre as novas criações. A paleta de cores se resumiu aos tons de preto, branco, verde-oliva e vermelho.
A trilha sonora, um remix da música Baile de Peruas, do Noporn, foi uma homenagem à amiga de André Lima, Liana Padilha, que faleceu neste ano e era conhecida por cantar a faixa com deboche, citando trechos de críticas aos desfiles do estilista no passado. A escolha celebra as mulheres que sempre inspiraram o trabalho de André Lima — ontem, hoje e sempre.
SPFW N57
Desde o dia 9 de abril, o São Paulo Fashion Week N57 movimentou a moda nacional, com desfiles entre os shoppings JK Iguatemi e Iguatemi São Paulo. O evento reuniu apresentações de etiquetas como Aluf, Lilly Sarti, Reptilia, Patricia Viera, Az Marias, Marina Bitu, LED e mais. A marca João Pimenta foi uma das últimas do cronograma, seguida pela Amapô Jeans, que encerrou a semana de moda com performance em um cabaré.