SPFW chega ao fim com muitas cores, formas e diversidade na passarela
A 45ª edição do evento terminou com um desfile emocionante, que arrancou lágrimas do público
atualizado
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O São Paulo Fashion Week N45 terminou com chave de ouro. Depois da sobriedade e das estampas leves nos primeiros dias, as grifes se apresentaram nessa quinta-feira (26/4) com mais cor e variedade.
Gloria Coelho foi a primeira e, entre suas inspirações, estava o filme Os Incríveis, com muita diversão para todas as idades. A Amapô veio direto do túnel do tempo e apostou em um estilo bem oitentista, enquanto Ronaldo Fraga arrancou lágrimas do público com uma apresentação em homenagem ao rompimento da barragem em Mariana (MG). Juliana Jabour foi uma das minhas favoritas do dia. Ela investiu pesado no estilo esporte de inverno. As modelos desfilaram com looks muito clean e lindos.
Vem comigo conferir os detalhes!
Gloria Coelho
Sempre atemporal e um tanto minimalista, a grife chegou com looks para todos os gostos. As inspirações foram inúmeras e, entre elas, o encanto das fadas, streetwear e a arte nos anos 1960. Não dá para negar o mix de cores e estilos. Preto, off-white e prata, por exemplo, surgiram em produções sóbrias, mas nada básicas – peças fluidas, transparência, camisas e macacões. Nessa parte da coleção, o tom foi mais sério, comportado e elegante, apesar de Gloria Coelho ter feito referência ao filme Os Incríveis.
Também teve espaço para o tule na passarela de Gloria Coelho. O tecido apareceu em peças delicadas e em tons pasteis, como a saia verde e o vestido azul. A aplicação do item com couro foi outra produção incrível. O metalizado, uma das tendências da temporada, marcou presença e arrancou suspiros com looks incríveis e nada básicos. Saias, blusas, bolsas e vestidos foram exibidos na cor prata, bem arrasadora.
Aplicações de cetim, tiras de jersey, franjas de organza e couro foram outros trabalhos delicadíssimos da coleção da marca.
Amapô
Entre mangas volumosas, mix de estampas e cabelos coloridos, a grife apresentou uma coleção recheada de misturas. Totalmente atemporal e com uma trilha sonora repleta de clássicos do pop, os modelos desfilaram looks que pareciam ter saído diretamente de um brechó da década de 1980. Diferentemente de todas as grifes anteriores, a Amapô mergulhou de cabeça no universo oitentista, com direito a muito rosa, prints e óculos em pegada diferentona.
A locação do desfile foi um teatro antigo, bem underground, e já nos preparou para o que vinha pela frente. Repleto de diversidade, com direito a todos os tipos de corpos e pessoas na passarela, a coleção foi um arraso de muita cor, estilo e mix de prints – homens transexuais apareceram vestindo bodies cheios de cores, casacos de glitter e jaquetas de recortes. Uma apresentação verdadeiramente desconstruída e sensacional!
As botas de caubói surgiram renovadas na passarela, casando com looks oversized e cheios de babados. As referências dos anos 1980 foram inúmeras e me levaram de volta aos tempos de tênis com glitter, óculos new wave e jeans com lavagem old school. Sem falar nas bomber jackets retrô. Um arraso!
Outras produções remetiam a personagens de circo, como trapezistas, palhaços e motoqueiros da morte. No final, fomos surpreendidos por um look incrível, lembrando muito a artista Cindy Lauper. Amei!
Ronaldo Fraga
De todos os desfiles, com certeza esse foi o mais emocionante. Ronaldo Fraga usou como ponto de partida da coleção o rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015, na cidade de Mariana (MG). A tragédia devastou a vida de milhares de pessoas. Na passarela, o chão marrom representava a terra que tomou conta da região. Foi de arrepiar!
Mudas é o nome da coleção. Uma metáfora representativa dos bordados de flores e folhas dos jardins que existiam no ambiente antes da lama. A coleção de Ronaldo Fraga foi criada em parceria com as bordadeiras da região mais atingida pelo desastre. A intenção do estilista foi mostrar, por meio de suas produções, a força feminina na reconstrução da cidade. O desfile foi um manifesto repleto de significado.
Voz e violão construíram o clima emocionante da performance, que contou com música ao vivo. A surpresa da vez ficou por conta de Marília Gabriela. A jornalista abriu e fechou a passarela com todo o poder de sua atuação.
Entre os looks das modelos, sandálias artesanais de couro, tons crus, tecidos de algodão, muito conforto e leveza. As estampas gráficas de folhagem e de fotos antigas, representando as memórias destruídas pelo desastre, também emocionaram o público.
Os detalhes me conquistaram. Pedaços de papel em lenços e mamonas naturais serviram como arremate para os penteados. Muita delicadeza! Ilustrações das plantas coração-magoado, maria-sem-vergonha e comigo-ninguém-pode estamparam algumas peças apresentadas na coleção. O renomado estilista conseguiu, mais uma vez, surpreender.
Juliana Jabour
A grife apostou no inverno das montanhas para criar a coleção desta temporada. Estações de esqui como Chamonix, em Montblanc, Aspen e Snowmass são inspirações para a linha, na qual o branco foi o grande protagonista. O romantismo com ares vitorianos ressurgiu em contraponto com um mix de street e sportwear. As silhuetas esvoaçantes e as mangas bufantes não me deixaram mentir.
A estilista escolheu cores neutras e claras para estampar a coleção – tons brancos e off-white trouxeram pontos de luz aos looks monocromáticos, em cores como amarelo, lilás, verde-água, azul-cobalto e rosa. Tudo bem delicado e cheio de estilo. Para dar aquele toque esportivo, o nylon foi o principal material utilizado na produção das peças, surgindo em parkas, jaquetas, anoraks e vestidos. Tactel, seda, alfaiataria, moletom e couro completaram os tecidos.
Entre os looks esportivos, moletons e jaquetas oversized caracterizaram a nova linha e casaram perfeitamente com calças joggings, palazzo e saias expressivas. Mas as produções foram além e trouxeram à passarela uma pegada futurista – prints, em sua maioria geométricos, tecidos metalizados e acessórios de espelho e acrílico.
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