Sobreposição e alfaiataria atual marcam a 46ª Casa de Criadores
Entre os destaques do evento, que foi encerrado nesse sábado com vibe performática, também estão a diversidade, o jeans e o monocromático
atualizado
Compartilhar notícia
A 46ª edição da Casa de Criadores foi encerrada nesse sábado (30/11/2019). Realizada desde 1997, a iniciativa é considerada a principal plataforma de talentos da moda autoral brasileira. A vibe performática contagiou o ambiente e várias marcas apostaram no exagero, além de coreografias de dança e apresentações musicais na passarela.
Ao longo da semana, algumas tendências marcaram as apresentações. Entre elas, a alfaiataria descolada, a sobreposição, o all jeans e o monocromático. A diversidade e as composições genderless também chamaram atenção, o que era esperado para um evento conhecido por ser mais conceitual e menos comercial.
Vem comigo!
Considerada a principal plataforma de apresentação de talentos da moda autoral brasileira, a Casa de Criadores acontece em São Paulo. A semana de moda foi palco para cerca de 30 coleções desenvolvidas por etiquetas e designers do Brasil inteiro.
Confira os destaques da 46ª Casa de Criadores:
Alfaiataria descolada
Em geral, a alfaiataria tem se reinventado na moda. Foi-se o tempo em que se tratava de um estilo extremamente tradicional e sem extravagâncias. Atualmente, as peças passam um ar despojado.
O blazer, por exemplo, pode ser um item versátil e até mais casual. Na Casa de Criadores, Mateus Cardoso, Felipe Fanaia e Rocio Canvas comprovaram que a alfaiataria descolada está em alta.
Sobreposição
Tecido sobre tecido. A sobreposição deixa qualquer visual mais elaborado. Ela pode ser feita com jaquetas, vestidos, macacões, coletes e até capas. As etiquetas Estamparia Social, Felipe Fanaia, Rocio Canvas, Jorge Feitosa e Mateus Cardoso servem como inspiração.
All jeans
Os visuais all jeans marcaram o início dos anos 2000. De lá para cá, ficaram eternizados como símbolo de estilo. Vale misturar diferentes lavagens ou mergulhar em uma só. Amni Soul Eco + Canatiba, David Lee, Martins, Estamparia Social e Thear levaram composições interessantes para a 46ª Casa de Criadores.
Monocromático
Usar apenas uma cor pode ser uma tática infalível para criar um bom look sem tanto esforço. Versáteis, as combinações unicolor são sucesso. Passam leveza, mas sem perder a elegância.
Na Casa de Criadores, labels como Alex Kazuo, David Lee, Jal Vieira, Jorge Feitosa e Rodrigo Evangelista investiram em outfits monocromáticos. Entre os pigmentos escolhidos, estão vermelho, preto, cinza, branco, azul e rosa.
Genderless
De um tempo para cá, o mercado da moda vem se adequando aos pedidos por menos estereótipos. Um dos que estão sendo quebrados é o de gênero. Na 46ª Casa de Criadores, várias labels apostaram em criações unissex. Entre elas, Bold Strap, Not Equal, Bispo dos Anjos, Rocio Canvas, Alex Kazuo e Felipe Fanaia.
Diversidade de corpos
A Casa de Criadores não é um espaço para a propagação de padrões irreais de beleza. A plataforma serve como exemplo para a indústria como um todo.
Marcas como Bold Strap, Diegogama e Rainha Nagô levaram castings variados em relação à miscigenação brasileira e sobretudo à diversidade de corpos. A moda é para todos e todas!
Balanço
A 46ª Casa de Criadores foi encerrada nesse fim de semana. O último dia começou com um convite ao público à reflexão com uma performance de Drew Persí e Rafael Bolacha, pelo Dia Mundial de Combate à Aids.
O Projeto Lab levou desfiles separados das labels Boutique Venenosa, Rainha Nagô, Thear e Priscilla Silva. As passarelas da marca Vivão e o coletivo Estileras Fudidamente Insertas também deram o que falar no encerramento. Ao longo da semana, também se apresentaram Rober Dognani, Fernando Cozendey, Diego Fávaro, Felipe Fanaia, Rafael Caetano, Igor Dadona e Reptilia, entre outros.
Um dos highlights da semana foi o desfile Sou de Algodão, realizado nessa sexta-feira (29/11/2019). O evento é uma iniciativa organizada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), e foi criado para incentivar o uso da fibra natural. Por meio de um concurso, o projeto escolhe os melhores trabalhos e os leva para a catwalk da Casa de Criadores.
Vale destacar ainda o engajamento social levado para a semana de moda. Na passarela da Estamparia Social, por exemplo, houve uma manifestação contra a política de encarceramento no país e o racismo que está associado ao sistema.
A Coetânees abordou a questão da violência policial. A Vicente Perrotta levantou a realidade das pessoas trans no Brasil, que lidera o ranking mundial de assassinatos de transexuais, de acordo com dados atuais da ONG Transgender Europe (TGEU).
Colaborou Rebeca Ligabue