São Paulo Fashion Week N51: o que já rolou na semana de moda on-line
Misci, Esfér, Juliana Jabour, João Pimenta e Isabela Capeto estão entre os destaques dos últimos dias. O evento acaba neste domingo (27/6)
atualizado
Compartilhar notícia
A 51ª edição do São Paulo Fashion Week está a todo vapor. A programação digital começou na quarta-feira (23/6) e será encerrada neste domingo (27/6). Nos últimos dias, marcas como Rocio Canvas, LED, Misci, Carol Bassi, Esfér, A.Niemeyer, João Pimenta, Juliana Jabour, Igor Dadona, Isabela Capeto, Modem e Triya, entre outras, deram o que falar. Com o tema Regeneração, a semana de moda está sendo realizada, pela segunda vez, em formato 100% on-line, devido à crise de Covid-19. Em geral, as grifes preparam apresentações conceituais e autênticas, com direito a filmes que exploram a realidade e também a fantasia.
Vem conferir!
Rocio Canvas
Rocio Canvas abriu a noite de apresentações no sábado (26/6). O verão 2022 da marca estreante é elegante e clean, sem perder a ousadia. Alfaiataria, leveza e transparência estão nos visuais. Ombros estruturados, colarinhos e decotes incrementam os looks.
Os tecidos usados são linho, algodão empapelado, crepe, liocel e malha canelada. Na paleta, cores como preto, off-white, bege e azul. Com DNA clean, a label priorizou as peças lisas, mas o animal print também apareceu.
O estilista Diego Malicheski, diretor criativo da Rocio Canvas, destacou à imprensa que o período de distanciamento social e o sentimento de vulnerabilidade pelo qual estamos passando na pandemia fizeram parte do processo criativo. “Mudamos as necessidades, demandas e prioridades nos últimos meses e a moda precisa refletir isso, oferecendo a ferramenta para que as pessoas mostrem seu estado de espírito por meio do que vestem.”
LED
Para o SPFW N 51, a LED preparou uma coleção com peças versáteis, pensadas para ficar em casa com estilo. “Casa é o lugar em que nos sentimos à vontade com nós mesmos. É um espaço onde construímos a nossa essência, desenvolvemos as nossas verdadeiras identidades e temos liberdade de vestirmos o que quisermos.”
Listras coloridas, degradês, formas geométricas e shapes abstratos estão em estampas divertidas. Na lista de matérias-primas, seda e viscose. Entre os itens desenvolvidos, destaque para os conjuntos de alfaiataria, com direito a versões em crochê.
“O crochê é uma das melhores conexões que temos com o passado. Ele me permite conversar com gerações e criar minhas próprias narrativas a partir de uma técnica que representa o Brasil”, enfatizou o diretor criativo da LED, Célio Dias.
Os itens genderless foram inspirados nos objetos do lar e também em sonhos que cercam o atual “momento tumultuoso”. “Os elementos traduzidos nos tecidos nascem de uma forma literal, por meio de tudo o que a nossa imaginação pode alcançar: desde um jardim cheio de plantas e animais até um paraíso abstrato, com formas e cores, que não precisam, necessariamente, pertencer ao mundo real”, apontou a grife em comunicado.
O fashion film da LED foi guiado por três estampas desenvolvidas pela marca em parceria com João Vitor Lage e branco.casa. Retratada no vídeo, a Casa LED representa o “sonho de dias felizes”. A produção teve participação da drag queen Halessia e dos cantores Alice Caymmi, Davi Sabbag, Bibi Caetano e Dani Vieira.
“Vamos pensar no espaço doméstico não apenas como algo físico, mas como uma morada, que abriga pessoas, imaginação, desejos utópicos, anseios sexuais. A gente fala do momento atual sem se esconder, sem ser negacionista”, disse o fundador da label.
Misci
Inspirada nas boleias – ou caronas – de caminhão, a Misci quis retratar “as perspectivas de quem sai de casa em busca dos seus sonhos”. A coleção foi pensada sob a ótica da valorização do que é nacional.
O trabalho também tem a ver com experiências pessoais de Airon Martin, designer à frente da marca. “A minha família tinha um bar à beira de uma BR [rodovia], então essa relação com caminhões e caminhoneiros sempre foi presente”, contou em entrevista on-line depois do desfile. “Materializei a coleção como uma saudade da minha casa, da minha família, que não vejo há mais de um ano e seis meses por causa da pandemia. Fiz essa viagem de caminhão para a minha infância”, acrescentou.
O intuito é chamar a atenção para todo o potencial da indústria criativa brasileira. “Estampas, texturas, cores e dizeres inspirados nas famosas frases da cultura popular ganham vida em um processo de jacquard feito com matéria-prima nacional, como o algodão orgânico da paraíba. A seda – a mesma que é exportada e utilizada pelas marcas gringas – também é brasileira”, enfatizou comunicado da Misci.
A coleção foi mostrada por meio de um filme dinâmico, com música brasileira na trilha. Captado às margens do rio Pinheiros, embaixo da Ponte Estaiada, o conteúdo traz referências de quem chega à cidade grande em busca de novas oportunidades. Com roteiro de Airon Martin, o vídeo teve direção de Renan S. Gomes. A narração é de Ian Lasserre.
Carol Bassi
Uma das estreantes no evento, Carol Bassi desenvolveu uma coleção em parceria com o stylist Marco Gurgel. “O São Paulo Fashion Week sempre foi e sempre será o evento de moda mais esperado do Brasil e estou muito feliz em participar. Estrear nesse projeto incrível, ainda mais com o Marco, que tanto admiro como profissional e amigo, é simplesmente muito gratificante”, comemorou a estilista.
Intitulada Rio, a coleção-cápsula foi inspirada na capital carioca. A natureza, o Pão de Açúcar e a arquitetura da cidade foram pontos de partida. A ideia foi oferecer looks versáteis, que podem transitar da praia a ocasiões mais formais. Modelagens elegantes, assimetria, babados e mangas bufantes estão presentes nas peças.
Todos os itens são feitos com tricoline 100% algodão. “O material, mesmo leve e natural, quando bem manuseado consegue entregar o acabamento e a textura que queríamos. Foi um estudo que levou 60 dias e, a partir disso, conseguimos criar uma coleção diversa”, revelou Marco Gurgel, em comunicado.
O fashion film também foi inspirado no Rio de Janeiro. Vale destacar que o material teve a estreia da top model Barbara Fialho como cantora. Nas cenas, ela cantarola em meio às belezas naturais cariocas.
“Participar deste projeto é o resumo do meu maior sonho. Reuniu duas paixões: a moda, carreira que sigo desde os 14 anos, com a música, minha maior paixão. E hoje, com o convite da Carol e do Marco, consegui combinar de uma forma espetacular apresentando uma coleção linda que traz todas as cores do arco-íris”, celebrou Fialho.
Esfér
A primeira marca exclusivamente de joias a integrar o lineup do São Paulo Fashion Week é a Esfér. João Viegas e Aldo Miranda desenvolvem peças sem distinção de gênero.
“A forma esférica se fragmenta em aros, elos, cápsulas, engrenagens e origamis”, assinalou a joalheria, em comunicado. A coleção incluiu anéis, brincos, colares, pulseiras e ear cuffs. O dourado ganhou ênfase.
Com direção de arte de Victor Borges, o fashion film da Esfér traz performance de dança, conduzida por Loïc Koutana. O resultado é um espetáculo de circo, contracenado por artistas de roda cyr e tecido acrobático. A trila sonora foi assinada pelo produtor musical Lecomte de Brégeot.
“A parceria com a marca mineira Coven, especialista no trabalho com tricô, foi indispensável para alcançar o resultado dos looks criados pela estilista Isabela Moura e por Victor Borges, que também assina o styling do filme”, revelou a Esfér. “A ideia é que as joias vistam o corpo, encontrando um lugar de protagonismo, que se revela em recortes, sobreposições e amarrações nos tecidos”, completou.
Ver essa foto no Instagram
Juliana Jabour
O verão 2022 da marca Juliana Jabour foi sintetizado em 10 looks monocromáticos e um bicolor. A coleção engloba duas matérias-primas: o zibeline, que é um tecido estruturado e brilhante, e o moletom.
Com pegada exuberante e festiva, o compilado foi dividido entre os tons intensos e os pastéis, com nuances de vermelho, rosa, verde, azul e amarelo. Entre os detalhes, estão cintilância, babados, silhuetas volumosas, mangas bufantes e laços. Elementos gráficos e bordados incrementam o repertório.
Para relevar a novidade, Juliana Jabour elaborou o filme Expectations, mesmo nome da coleção. Filmado na Sé, locação histórica no centro de São Paulo, o fashion film foi dirigido por Vagner Jabour e Bruno Cabral.
“Juliana e equipe conceberam o roteiro da apresentação a partir do momento atual do mundo, onde duas pessoas separadas pelo extenso período de isolamento podem, finalmente, se encontrar. O desfile trata, portanto, de um futuro pós-apocalíptico real”, explicou a grife.
A.Niemeyer
Parte do lineup na sexta-feira (25/6), A.Niemeyer propôs um conceito de proximidade com a natureza. “Nada mais é do que a reconexão com nós mesmos, nossas raízes, nossa essência”, apontou a grife.
Para o verão 2022, as estilistas Renata Alhadeff e Fernanda Niemeyer apostaram em estampas suaves, que representam a força da flora. Fluidez e modelagens amplas estão entre as apostas.
“Os jacquares desenvolvidos expõem o tempo na natureza, o aspecto circular e o ciclo da vida, suas fases, o fluxo e sua força, dando ênfase à energia feminina que vem dela, a pachamama e sua fonte”, ressaltou a marca.
Com styling de Marcell Maia, o desfile ocorreu em meio à natureza. Cavalos deram um toque especial ao filme, dirigido por Guilherme Yoshida. A direção de arte foi assinada por Roberta Cardoso, com trilha sonora de Max Blum.
João Pimenta
Cores vibrantes, sobreposições e junções de texturas dão tom à coleção escapista da grife homônima de João Pimenta. As composições genderless são repletas de detalhes. Corsets, jaquetas estruturadas e vestidos volumosos estão no compilado.
Patchworks ganham vida com tafetás, rendas, tules, tweeds, jacquards, gobelins, veludos, poliamidas esportivas, aerados e malhas fluorescentes. Nos detalhes, vale reparar em drapeados, nervuras, rendas, babados e amarrações. Os bordados são de Amanda Costa.
No desfile, o styling é de Leo Augusto, com Giovana Clemente e Giovana Toldo. Com ar que mistura sobriedade, provocação e descontração, o filme foi produzido pela agência Clava.
Igor Dadona
Um dos destaques da quinta-feira (24/6) foi a estreia da marca homônima de Igor Dadona, fundada em 2012. Na coleção Maritime, o designer apostou em alfaiataria descontraída, com toque de streetwear. Mix de texturas e contrastes de cores, com direito à cintilância, chamaram a atenção.
Um ponto alto da coleção apresentada são as estampas. Com misturas inusitadas, o estilista investiu em prints como xadrez, poá e floral. O styling foi assinado por Flavia Pommianosky e Davi Ramos.
A grife preparou um vídeo dividido em cinco momentos: a xícara, o barco, a tempestade, a bandeira, e terra à vista. Os cenários foram desenvolvidos por Edgard de Camargo. A produção foi descrita como um “delírio”, sem ordem cronológica.
“O filme mostra a nova coleção da marca, por meio de uma alusão à saúde mental, solidão, sonhos delirantes e autoconhecimento. A jornada do personagem mistura todos esses elementos dentro de um sonho com estética Navy, que tem a água como precursor do descobrimento pessoal”, explicou a label.
Isabela Capeto
Macacões e vestidos feitos para dançar compõem a coleção PANCS, de Isabela Capeto. O nome foi inspirado em plantas alimentícias não convencionais. A ideia da estilista foi apresentar alternativas ao que é óbvio.
“Essa coleção é muito especial para mim, porque ela me veio num momento em que as coisas lindas e essenciais – porém descartadas – da nossa terra passaram a fazer parte da minha vida; desde o prato até as estampas das minhas roupas”, declarou Capeto, via Instagram.
O compilado reúne processos criativos artesanais, com foco em bordados de miçangas, paetês, aplicações, carimbos, pinturas em tecidos e crochês. Entre os materiais usados, estão algodão, linho, organdi e jeans.
“PANCS traz uma atmosfera diversificada do que seria hoje o jardim alimentício da estilista com a valorização do reaproveitamento, dos ingredientes locais, regionais e naturais”, apontou a grife.
A direção criativa do vídeo de apresentação foi de Melissa Oliveira e do coletivo Baraúna. O styling de Felipe Veloso incrementou o desfile, que englobou 16 looks no total. Karina Ayres foi assistente de estilo.
Modem
Para a sexta participação no São Paulo Fashion Week, a Modem revelou a coleção de primavera/verão 2022. Segundo a grife, arte e preocupação técnica foram os pilares centrais para o trabalho.
O fundador e diretor criativo da Modem, André Boffano, preparou a coleção mais colorida, até então, da etiqueta. O objetivo foi desenvolver uma versão jovem e alegre da estética minimalista. A cartela de cores foi pensada para um “verão pós-pandêmico”.
“As formas amplas com cintura bem marcada, comprimentos mini e sobreposições de materiais contracenam entre tecidos leves ou estruturados. O destaque também está nos diferentes tipos de pontos e formas elaboradas em tricô; versáteis e fáceis de serem usados mesmo em dias mais quentes”, destacou a marca.
O show da Modem foi realizado no espaço cultural Olhão Barra Funda. O vídeo nada convencional teve direção de Cassia Tabatini e Julia Takamori. João Victor Borges foi o responsável pelo styling.
Triya
Focada em beachwear, a Triya mostrou seu verão 2022 durante o São Paulo Fashion Week N51. A estilista Isabela Frugiuele se inspirou nas cores, nas obras e na força da pintora mexicana Frida Kahlo, símbolo do feminismo.
A própria face da artista aparece em estampas. Nas modelagens, a prioridade é o conforto e a leveza. Na paleta, amarelo, rosa, azul céu, lilás, roxo, verde e coral. Entre os itens, estão maiôs, biquínis, pareôs, saídas de praia, vestidos e camisas.
“Natureza, corações, retratos, arquitetura, paixões e símbolos que permeiam a história de sua vida, em estampas exclusivas, cinco delas oficiais Frida Kahlo. Versátil, marcante, com silhuetas longas, babados e assimetrias”, elencou a Triya.
A apresentação em vídeo teve narração de Astrid Fontenelle. No roteiro, estão frases marcantes de Frida Kahlo. “Pés para que te quero, se tenho asas para voar?” foi uma das citações presentes.
O São Paulo Fashion Week N51 foi inteiramente transmitido on-line pelas redes sociais e também pelo site do evento. Como parte do projeto Sankofa, que aposta na inclusão racial, apresentaram-se as etiquetas Ateliê Mão de Mãe, Meninos Rei, Az Marias, Naya Violeta, Santa Resistência, Mile Lab, TA Studios, e Silvério.
Neste domingo (27/6), às 19h, Wilson Ranieri abrirá o último dia de shows. Em seguida, serão revelados os trabalhos das marcas Soul Básico, Victor da Justa, Ponto Firme, Renata Buzzo, Weider Silveiro e Walério Araújo. A label homônima da estilista Flavia Aranha fechará a semana de moda virtual.
Assista a outras apresentações:
Colaborou Rebeca Ligabue