Sankofa: projeto ampliará inclusão racial no próximo SPFW, em abril
Iniciativa do movimento Pretos na Moda com a startup VAMO contemplará oito marcas de designers negros e indígenas
atualizado
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A próxima edição do São Paulo Fashion Week estará ainda mais alinhada com a inclusão racial. Tudo por causa do projeto Sankofa, criado pelo movimento Pretos na Moda em parceria com a startup de inovação social VAMO (Ventro Afro Indígena na Moda), com apoio da semana de moda paulistana. O programa fornecerá consultoria para oito marcas independentes de designers negros e indígenas, que estarão no lineup oficial do SPFW, em abril.
Vem saber mais detalhes!
Visibilidade e desenvolvimento
O objetivo do programa é dar visibilidade às marcas participantes, mas, principalmente, ajudar a desenvolvê-las no mercado nacional. As grifes escolhidas se apresentarão no SPFW ao longo de três temporadas, começando pela próxima edição. Para seguir os protocolos da pandemia de Covid-19, os trabalhos da iniciativa – minicoleções de três a cinco looks – serão exibidos em fashion films, como ocorreu em grande parte do lineup de novembro.
As marcas selecionadas são Ateliê Mão de Mãe, AZ Marias, Meninos Rei, Mile Lab, Naya Violeta, Santa Resistência, Silvério e Ta Studios. Cada uma receberá a mentoria de uma marca veterana do SPFW, que atuará como “madrinha”. A lista reúne Angela Brito, Isaac Silva, João Pimenta, Juliana Jabour, Projeto Ponto Firme/Gustavo Silvestre, Patricia Viera, Uma por Raquel Davidwicz e Vitorino Campos.
As participantes têm como elo o trabalho pautado pela ancestralidade e pelas raízes dos estilistas, que vêm de diferentes pontos do Brasil. No programa, cada marca será auxiliada estrategicamente de acordo com suas necessidades individuais. Conforme explicou Rafael Silvério, cofundador da VAMO, seguir uma fórmula pronta para todas não funcionaria neste caso, porque elas “não estão nos mesmos lugares”.
Apoio especializado
Os grupos de apoio são formados por profissionais voluntários e especializados em áreas como marketing, departamento jurídico, publicidade, advocacia, entre outros. Dessa forma, o intuito é fortalecer as etiquetas para continuarem operando a longo prazo. O programa oferecerá, também, suporte psicológico aos designers. Todo o processo deve ser registrado em uma websérie, segundo a Elle brasileira.
“Não queríamos fazer algo raso, como apenas oferecer visibilidade, mas sim um programa completo, que ensine tudo o que é necessário para uma marca ficar em pé. É mais uma escola do que um palco para exposição”, defendeu Natasha Soares, cofundadora do Pretos na Moda, à Vogue Brasil.
Outro detalhe interessante no projeto é a familiaridade do DNA de cada grife madrinha com o designer apadrinhado. Meninos Rei e João Pimenta, por exemplo, compartilham o trabalho com alfaiataria masculina, enquanto o ativismo está no olhar da AZ Marias e de Isaac Silva. Mile Lab e Juliana Jabour, por outro lado, abordam o streetwear com um viés romântico.
A VAMO cuidou do processo seletivo que elegeu as oito marcas contempladas pelo projeto Sankofa. O nome do projeto tem um significado bem simbólico e envolve ideias como “voltar, buscar e trazer”.
Passos significativos
Vale lembrar que, na edição de novembro do ano passado, o São Paulo Fashion Week deu um passo significativo em prol da inclusão racial. Em parceria com o movimento Pretos na Moda, a organização do evento decidiu que pelo menos 50% do casting dos desfiles deve ser formado por modelos negros, afrodescendentes ou indígenas. Caso contrário, a marca que não cumprir o requisito não participará da edição.
Quanto ao lineup, somente três marcas de estilistas negros participaram do SPFW na última edição. O número é baixo, levando em conta que os negros (pretos e pardos) correspondem a 56,1% da população brasileira, segundo o IBGE. Essa é uma realidade que o projeto Sankofa ajudará a mudar na semana de moda a partir de agora.
Colaborou Hebert Madeira