Saiba tudo sobre a AZ Factory, marca de moda recém-lançada por Alber Elbaz
A nova empreitada do ex-diretor criativo da Lanvin quer inovar ao reunir moda, tecnologia e uma pitada de entretenimento
atualizado
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Quem sentiu falta de Alber Elbaz nos últimos cinco anos, após a saída da Lanvin, tem motivos para comemorar. Durante a programação de alta-costura, na última semana, o estilista lançou seu novo projeto: a startup AZ Factory. Criada em parceria com o grupo Richemont (dono da Chloé, Alaïa e Cartier), a empresa elaborou um universo que reúne moda e tecnologia, com uma pitada de entretenimento, mas sem se considerar uma marca aos moldes tradicionais. O primeiro lançamento, em formato see-now-buy-now (veja agora, compre agora), já está disponível on-line.
Vem saber mais detalhes sobre a nova empreitada!
Visão geral da etiqueta
A proposta da AZ Factory é repensar o fazer da moda no mundo digitalizado, fazer diferente e se basear em “soluções”. Com a pandemia, todas as marcas passaram a pensar dessa forma, mas esse já era um plano de Alber Elbaz desde a idealização do projeto. O designer de nacionalidade israelense-americana começou a atiçar a curiosidade de seus admiradores desde o primeiro anúncio da empresa, ainda em outubro de 2019, antes mesmo do coronavírus.
Com as peças, Elbaz promete uma moda mais democrática, que atende às necessidades das mulheres, com tamanhos do XXS ao 4XL. O feedback das clientes permitirá que elas sejam “cocriadoras”, e possibilitará um leque de experimentos a partir das demandas que surgirem. Os preços intermediários das peças também vão dar acessibilidade a um público mais amplo do que o da Lanvin, grife de alto luxo que ele dirigiu durante 14 anos. O nome do novo projeto leva a primeira e a última letra do nome do estilista.
Para os trabalhos apresentados pela grife, o designer dispensa estações e rótulos de “coleção” ou “cápsula”. Ele diz que cápsulas lembram remédios e, portanto, prefere chamar os lançamentos de “histórias”. Apesar de ter apresentado as novidades como membro convidado da Semana de Alta-Costura, as peças não são feitas sob medida, mas preservam características do couture, como a experimentação.
A tecnologia entra na história com tecidos de propriedades térmicas, a escolha de materiais mais ecológicos, sem falar nas opções tingidas com pigmentos naturais, como Elbaz revelou à Vogue. Um exemplo de aplicação tecnológica é o jersey rígido usado nas mangas estruturadas de um vestido. “Eu percebi que precisava ser um engenheiro, além de um estilista”, contou. A propósito, o Vale do Silício, região dos EUA que abriga várias empresas tecnológicas globais e startups, é uma das grandes inspirações da label.
Para unir a pegada de entretenimento ao projeto, o estilista armou uma espécie de programa de entrevistas intitulado Talk Show com Alber Elbaz & Amigos, transmitido em uma live da varejista on-line Net-a-porter, um dos e-commerces com exclusividade de vendas da marca no momento, além do site oficial. Na Farfetch, que também está comercializando as peças, disponibilizou a experiência virtual AZ Factory World Tour. Futuramente, as marcas devem chegar a butiques e lojas de departamento.
Confira o fashion film que apresenta a coleção de estreia da AZ Factory:
Novidades da primeira “coleção”
O primeiro lookbook da AZ Factory, estrelado por mulheres com diferentes idades, corpos e etnias, capta a essência de Elbaz em mais de 50 visuais. O trabalho traz volumes nas saias e mangas, silhuetas tridimensionais, alguns recortes com pegada desconstruída e blocos de cores. Enquanto os vestidos são festivos, modernos e práticos, peças como jumpsuits e calças legging acrescentam um toque esportivo. Bodies e blusas de tricô básicas também compõem o lançamento.
Mais do que somente a aparência, Alber Elbaz levou em conta as funcionalidades do uso. Por isso, criou roupas que têm partes mais grossas e mais finas, com design anatômico. “Eu liberei a tensão na saia, então, você pode andar mais rapidamente ou dançar se quiser”, disse à Vogue Runway, sobre um dos vestidos.
Para arrematar a pegada prática, algumas roupas têm fechos traseiros com cordões alongados ou zíperes laterais. Dessa forma, as clientes não precisarão de ajuda para se vestir. Entre os acessórios, brincos e colares com cristais carregam o logotipo de marca. Um modelo de vestido, curiosamente, chama a atenção por ser bem similar à produção da Schiaparelli usada por Lady Gaga na posse presidencial de Joe Biden.
Um charme adicional aparece no tamanho maxi de alguns botões e das pérolas que compõem colares e brincos. As estampas remetem a quadrinhos e à pop art. Quase todos os looks foram apresentados com tênis de bico pontudo em cores variadas, que têm tudo para se tornarem a sensação do street style, quando a pandemia permitir.
Projetos anteriores
Apesar de ser lido como um retorno, Alber Elbaz faz questão de enfatizar que este projeto não é sobre ele. A marca não leva seu nome por esse motivo. Depois da saída da Lanvin, em 2015, o estilista fez colaborações pontuais como uma parceria de sapatos, para a Tod’s, e uma série de bolsas, mochilas e nécessaires para a Le Sportsac. Durante o hiato, ele chegou a receber propostas para trabalhar em outras grifes, mas preferiu não se limitar aos códigos já estabelecidos de marcas famosas. A intenção era criar coisas novas.
Colaborou Hebert Madeira