Saiba quem foi Pierre Cardin, designer que morreu nesta terça-feira (29/12)
Com DNA ousado, o francês construiu um legado icônico na moda, além de ter investido em diversos segmentos de negócios
atualizado
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Conhecido por criações futuristas e disruptivas, Pierre Cardin morreu, aos 98 anos, nesta terça-feira (29/12). O falecimento foi confirmado pela família do estilista, mas a causa ainda não foi divulgada. Pelo Instagram, sua grife homônima anunciou a perda, citando uma frase marcante do idealizador: “Eu não queria que a moda continuasse sendo um privilégio”.
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Trajetória
Filho de pais franceses de ascendência italiana, Pietro Cardin, mais conhecido como Pierre, nasceu em 2 de julho de 1922, na cidade de San Biagio di Callalta, próximo à Veneza, na Itália. Cardin foi educado em Saint-Étienne, na França. Naturalizado francês, ele começou a trabalhar como ajudante de alfaiate ainda na adolescência.
De acordo com o portal Business of Fashion, por um tempo, Cardin sonhou em se tornar ator, chegando a fazer alguns trabalhos no palco. Também foi modelo e dançarino profissional. No entanto, foi na moda que o profissional se encontrou e construiu uma carreira memorável.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Cardin trabalhou para a Cruz Vermelha. No pós-guerra, trabalhou para marcas como Paquin e Schiaparelli, de acordo com o WWD. Em Paris, também fez figurinos e máscaras para A Bela e a Fera (1946), filme original de Jean Cocteau.
Em 1947, virou chefe de alfaiataria da Dior. Mais tarde, foi convidado a ser diretor artístico da Chanel, mas recusou para investir no próprio negócio. Foi em 1950 que Pierre Cardin fundou seu primeiro ateliê. Pouco tempo depois, vestiu, em um baile à fantasia, personalidades como Salvador e Gala Dalí, Christian Dior, Marie-Louise Bousquet e Victor Grandpierre.
Durante a década de 1960, Cardin ficou conhecido por designs futuristas. Formas geométricas, sobretudo bolhas, viraram uma marca. Cores vibrantes, estampas em relevo, gorros de PVC e mangas bufantes representavam a ousadia do DNA. Vanguardista, o estilista foi pioneiro das coleções exclusivamente masculinas.
Ao WWD, em 1967, o designer francês descreveu o segmento de haute couture, o mais luxuoso da moda, como um “laboratório de ideias”. “A única forma de ganhar dinheiro é com o ready-to-wear. Você não tem ideia de como fui criticado por meus colegas de alta-costura quando abri um departamento no Magasins du Printemps”, lembrou à época.
Essa atitude o levou a ser brevemente expulso da Câmara Sindical da Alta-Costura (Chambre Syndicale de la Haute Couture). O motivo é que os costureiros integrantes ao colegiado eram proibidos de desfilar fora de seus salões exclusivos de Paris, muito menos em lojas de departamentos.
Sem dúvidas, um dos diferenciais de Pierre Cardin era a ousadia. Ele não hesitava em apostar em diferentes segmentos, além da indústria fashion. Nos anos 1970, por exemplo, criou uma vasta gama de produtos, incluindo perucas para homens. Ele se firmou fora da França muito antes de outros nomes da moda, em busca de novos mercados. Ao longo dos anos, o magnata apostou em setores como hotelaria, perfumaria e gastronomia.
Últimos momentos
No ano passado, o filme House of Cardin, dirigido por P. David Ebersole e Todd Hughesum, estreou durante o Festival de Veneza. O documentário, que faz uma homenagem a Pierre Cardin, traz depoimentos pessoais do próprio designer, arquivos históricos e entrevistas com pessoas próximas.
Cardin apareceu pela última vez em público na celebração do 70º aniversário da marca homônima, em setembro de 2019. Realizado em Paris, o evento reuniu convidados como Jean Paul Gaultier, Christian Louboutin e Inès de la Fressange.
Continuação do legado
Com a morte de Cardin, um dos sobrinhos-netos do designer passará a comandar os negócios, segundo nota da família. “Todos aspiramos à continuidade do trabalho criativo do nosso tio, sob a liderança de Rodrigo Basilicati Cardin. Com o apoio leal da equipe da casa, ele assumirá, liderará novos projetos, respeitando a herança da moda deixada por seu talentoso predecessor”. “Estamos todos orgulhosos de sua ambição tenaz e da ousadia que mostrou ao longo de sua vida”, completou o comunicado.
Colaborou Rebeca Ligabue