Saiba quais estilistas estão continuando o legado de Phoebe Philo
A aclamada ex-diretora criativa da Celine e da Chloé deixou vários pupilos ao longo de sua trajetória nas duas marcas
atualizado
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A estilista britânica Phoebe Philo marcou o mercado de luxo quando estava à frente da Celine (2008-2018) — na época o nome da grife francesa ainda tinha acento. Dona de uma estética minimalista, feminina e funcional, ela também foi diretora criativa da Chloé (2001-2006). Nas duas etiquetas, deixou pupilos que abraçaram suas características mais marcantes. Enquanto ela está distante dos holofotes da indústria, eles estão perpetuando seu olhar contemporâneo e despojado. Para exemplificar, destaquei três nomes que são os atuais diretores criativos de marcas importantes: Daniel Lee, Rok Hwang e Yuni Ahn.
Vem comigo!
Daniel Lee, diretor criativo da Bottega Veneta
O mais reconhecido entre os “aprendizes” de Phoebe Philo é o britânico Daniel Lee, atual diretor criativo da Bottega Veneta. Já em sua primeira coleção para a grife italiana, conhecida pelo trabalho com couro, não faltaram comparações entre a sua estética contemporânea e a de sua antiga chefe.
De fato, o design das silhuetas, os recortes diferenciados e a paleta neutra lembram a moda despojada da antiga Celine, onde ele foi diretor de ready-to-wear. A sensualidade das roupas é sofisticada e ao mesmo tempo confortável. Peças folgadas, gola mandarim, maxibolsas e casacos camelo chamaram atenção no Pre-fall 2019, sua coleção de estreia. A influência aparece até mesmo na linha masculina.
A Bottega Veneta, que pertence ao grupo Kering, anunciou seu nome para o cargo em junho de 2018. Anteriormente, Lee passou por selos como Balenciaga, Donna Karan e Maison Margiela. Ele também foi responsável pela campanha de primavera/verão 2019, fotografada por Tyrone Lebon, e estreou na passarela em fevereiro, na Semana de Moda de Milão.
Yuni Ahn, diretora criativa da Maison Kitsuné
Esta designer coreana aposta nas modelagens retas da antiga Celine, embora este não seja seu objetivo. Em dezembro de 2018, Yuni Ahn foi anunciada como a diretora criativa da marca francesa Maison Kitsuné. Sua primeira coleção foi apresentada em janeiro do ano seguinte, no calendário oficial da Semana de Moda Masculina de Paris.
Antes de seu vínculo com Phoebe, ela trabalhou com uma amiga de longa data da designer britânica, Stella McCartney, em 2001. Lá, ganhou a ocupação de designer de peças estampadas e bordadas. Dois anos depois, passou a oferecer consultoria de design como freelancer para várias marcas, até desembarcar na Celine, posteriormente.
Suas peças de alfaiataria são elegantes e têm formas mais masculinas. O toque fluido dos tecidos garante um visual bem power dressing e despojado. Sem falar nas sobreposições, que ganham destaque quando formam looks com camadas monocromáticas. O próprio cofundador da marca, Gildas Loaëc, admite que ela trouxe um tom mais maduro à etiqueta.
Rok Hwang, com sua marca Rokh
Antes de lançar sua própria marca, Rokh, em 2016, o estilista coreano trabalhou como diretor de design na Celine por três anos. Ele entrou na grife francesa em 2010 e depois prestou serviços de design como freelancer para outras labels, como Louis Vuitton e Chloé.
Vencedor do L’Oréal Professionnel Creative Award (2009) e do Prêmio Especial do Prêmio LVMH (2018), ele mantém influências de Phoebe Philo que vão além da estética. O time de sua marca é todo formado por mulheres, por exemplo. Sua antiga chefe defende a ideia, já que acredita que elas são as melhores pessoas para entenderem os desejos de consumo do público.
Quando se trata do visual, suas referências à antiga Celine se baseiam mais nas modelagens. Por outro lado, ele ousa mais com as cores e estampas, mistura tecidos, padronagens e investe também em texturas diferenciadas. É como se fosse um mix de Celine e Off-White.
Outros nomes de destaque
Os três estilistas anteriores são só alguns entre vários designers que trabalharam com Phoebe Philo. O atual diretor criativo da Mulberry, Johnny Coca, foi diretor de artigos de couro, sapatos e acessórios na Celine. Por lá, colaborou com a criação de itens aclamados como a bolsa Trapeze. Por outro lado, as influências da britânica não se destacam tanto em suas peças atuais, que carregam a bagagem da passagem do estilista em marcas como Michael Kors, Bally e na Louis Vuitton de Marc Jacobs.
Phoebe, que entrou na Chloé em 1997 e foi diretora criativa entre 2001 e 2006, tirou uma licença em 2004 quando deu à luz a primeira filha. Por isso, um time pessoas se encarregou de produzir a coleção outono/inverno 2005. Entre elas, Sara Jowett, Adrian Appiolaza e Valeska Deutsch, que ajudaram a manter a marca após sua saída. Hoje, eles ocupam funções como direção de design de masculino e feminino. Deutsch co-dirige a própria marca, Belize.
Annabelle Volaire Levassor foi gerente de artigos de couro na Chloé, mas se afastou antes da saída de Phoebe. No início dos anos 2010, depois de passar pela alemã Rena Lange, voltou como diretora de acessórios. Hoje, comanda o próprio negócio de consultoria de leather goods. Abnit Nijjar, que foi diretora de ready-to-wear para a passarela da Celine em 2012, migrou para a Jil Sander em 2018, onde dirige o design da moda feminina.
Apesar de toda essa bagagem, cada um desses designers mantém sua própria linguagem, sem deixar de respeitar o DNA das marcas por onde passam. Para muitos, o atual diretor criativo da Celine, Hedi Slimane, não soube fazer isso na dose certa. Ele foi criticado por transformar a marca em uma nova Saint Laurent.
Que o público tem saudade da Celine de Phoebe Philo não é novidade. O próximo passo dela no mercado de luxo ninguém conhece ainda. Quem sabe, ela pode abrir a própria grife.
Colaborou Hebert Madeira