Saiba detalhes sobre os indicados a Melhor Figurino no Oscar 2021
Produções ambientadas em diferentes épocas e filmes de fantasia concorrem à estatueta pelos melhores trajes no dia 25 de abril
atualizado
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A última semana começou com um dos momentos mais aguardados para os cinéfilos de carteirinha: as indicações do Oscar. Uma das categorias favoritas entre os fãs de moda é a de Melhor Figurino. Tradicionalmente, as produções de época e fantasia são as queridinhas da Academia, e não será diferente com a 93ª edição da cerimônia, marcada para o dia 25 de abril. Os cinco indicados passeiam por períodos como a Inglaterra do início do século 19 e os anos 1920, sob os cuidados de figurinistas renomados.
Vem saber quem assinou cada figurino e algumas curiosidades sobre os bastidores!
Emma., figurino por Alexandra Byrne
A nova adaptação de Emma., obra de Jane Austen (1775-1817), tem um visual colorido e vívido. O mérito disso vem do olhar excêntrico da diretora estreante Autumn De Wilde, aliado à expertise de Alexandra Byrne em dramas de época. A figurinista foi indicada cinco vezes ao Oscar e levou uma estatueta pelo filme Elizabeth – Era de Ouro (2007).
O match entre figurino e direção foi certeiro. De Wilde adora cores e apostou muito no impacto visual das roupas, como contou Byrne ao site Deadline. Ambientado no período regencial inglês, Emma. exibe a estrela Anya Taylor-Joy a bordo de belos vestidos, casacos e gorros com uma pegada divertida.
“Todo mundo pensa que esse período [início do século 19] é sépia e desbotado, e bastante sentimental; não é. Suas cores eram vibrantes e havia combinações surpreendentes de cores que não criamos”, afirmou a figurinista. O trabalho envolveu uma pesquisa completa sobre cada peça incluída no filme e visitas a museus de figurino da Inglaterra.
A Voz Suprema do Blues, por Ann Roth
A lendária figurinista Ann Roth, de 89 anos, traduziu o espírito dos anos 1920 no figurino de A Voz Suprema do Blues, dirigido por George C. Wolfe. Vale o destaque para os vestidos usados por Viola Davis, que interpretou a icônica cantora Ma Rainey (1886-1939), bem como o visual de Chadwick Boseman. Este foi o papel final do ator, morto em agosto de 2020.
Os looks de Ma Rainey carregam o glamour ousado da artista na vida real, com joias marcantes, vestidos em veludo, bordados, lantejoulas, fendas e franjas. “Ela sabia que precisava ter uma aparência melhor do que ninguém e sua ideia do que era melhor tinha uma certa qualidade do showbiz, e não o que as mulheres calmas da classe alta estavam vestindo”, contou Anna Roth ao Fashionista.
Já o visual de Levee, personagem de Boseman, inclui um terno que mistura listras, xadrez e gravata estampada. Logo no início do filme, ele arremata um par de sapatos amarelos que encontra em uma vitrine, algo extraordinário para uma época em que era comum os homens usarem apenas calçados pretos ou marrons. Ann Roth venceu um Oscar pelo figurino de O Paciente Inglês (1996).
Mank, por Trish Summerville
Dirigido por David Fincher, Mank concorre em 10 categorias. Faz sentido, já que a Academia gosta de filmes que acenam à Old Hollywood. O figurino ficou sob a responsabilidade de Trish Summerville, colaboradora de Fincher há 10 anos. O longa aborda a saga conflituosa de Herman J. Mankiewicz para roteirizar o filme Cidadão Kane e se passa entre os anos 1930 e 1940.
Mank carrega uma atmosfera noir e foi gravado diretamente em preto e branco. Por isso, Summerville e Fincher testaram as cores das roupas usando filtros de celular, para garantir que tudo ficaria marcante nas telas. Por ser uma produção baseada na vida real, fotografias da época foram uma mão na roda durante a produção.
O visual do protagonista Mank (Gary Oldman) se baseia em uma alfaiataria relaxada. Porém, são os vestidos extravagantes usados por Seyfried, Lily Collins e Tuppence Middleton que roubam a cena. Destaque para o look festivo usado de Seyfried (no papel de Marion Davies) durante um trecho no Castelo Hearst, trabalhado em um lamê dourado.
Mulan, por Bina Daigeler
A versão em live-action de Mulan, com direção de Niki Caro, pode até ter dividido opiniões entre os fãs e a crítica especializada. Em termos de figurino, pelo menos, a Disney fez valer o orçamento de US$ 200 milhões. A figurinista Bina Daigeler criou looks baseados, primariamente, na indumentária da dinastia Tang, que inspirou o próprio enredo e o design de produção. O resultado entrega cores cheias de presença.
Um dos desafios foi criar peças funcionais para as cenas de batalha. Para facilitar os movimentos de Yifei Liu, intérprete da protagonista, a produção enrolou couro em sneakers da grife Stella McCartney. Grande parte das armaduras leva couro pintado, costurado com cordões do material, revelou a Variety. Porém, várias versões com pesos e materiais diferentes foram usadas para se adequarem às particularidades de cada cena.
Pinóquio, por Massimo Cantini Parrini
O figurinista italiano Massimo Cantini Parrini baseou o figurino de Pinóquio em roupas dos séculos 18 e 19, de seu próprio acervo. Um dos looks inspirados na coleção do costume designer é o terninho vermelho escuro do protagonista Pinóquio (Federico Ielapi), assim como o vestido da Fada com Cabelo Turquesa (Marine Vacth). A adaptação do clássico tem direção do Matteo Garrone.
A história do boneco de madeira que sonha em se tornar um “menino de verdade”, baseada no romance infantil de Carlo Collodi, ganhou pitadas mais sombrias sob o olhar de Garrone. A produção foi elogiada pela direção de arte do filme, bem como os penteados e a maquiagem. O figurino do filme foi prestigiado em uma exposição no Museu Têxtil em Prato, na Itália.
Se você não assistiu aos indicados a Melhor Figurino do Oscar 2021, a boa notícia é que quase todos eles estão disponíveis no Brasil em plataformas de streaming, com exceção de Pinóquio. A Voz Suprema do Blues e Mank fazem parte do catálogo de projetos originais da Netflix. Emma está disponível no Telecine e Mulan, no Disney+.
Colaborou Hebert Madeira