Saiba como os lojistas de Brasília têm se adaptado à reabertura do comércio
Após liberação das vendas físicas no DF, moda local toma medidas para garantir o bem-estar de clientes e funcionários
atualizado
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Suspenso desde o dia 16 de março devido às determinações do governo local para conter o avanço da Covid-19 no Distrito Federal, o comércio brasiliense foi liberado para retomar suas atividades na semana passada, com algumas condições para garantir o bem-estar de clientes e trabalhadores. A autorização era aguardada com anseio pelas marcas de moda, que não têm poupado esforços para evitar transmissões em suas dependências. Em alguns locais, as medidas de proteção vão além das regras estipuladas pelo governador Ibaneis Rocha.
Vem comigo conferir!
O decreto que sancionou a reabertura das lojas e shoppings do DF, emitido pela juíza Kátia Balbino de Carvalho Ferreira, solicita que os empresários forneçam itens de proteção individual, como máscaras, luvas e frascos de álcool em gel 70%, a todos os funcionários e prestadores de serviço. O documento ainda determina regras específicas de higienização dos ambientes e aferição de temperatura nas pessoas que adentrarem os estabelecimentos. Para as lojas de roupas, as orientações ainda se estendem aos provadores, vetados até segunda ordem.
Os empresários da indústria têxtil brasiliense, no entanto, não pretendem fornecer apenas as medidas estabelecidas pela administração pública. Cientes de que cuidar da saúde é a maior tendência do momento, lojas como Q.U.A.D.R.A, Magrella, Capezio, Wish, Avanzzo, Dane-se e Raffa’s Bazar têm investido pesado nas medidas de proteção.
“Estamos levando muito a sério essa questão. Se tivermos que fechar novamente, será muito complicado de nos mantermos ativos. Voltamos, mas com muito cuidado”, defende Daniel Moreira, sócio da Dane-se.
Q.U.A.D.R.A Concept Store
Patrícia Justino Vaz reabriu sua multimarcas no dia 18 de maio. De acordo com a empresária, toda a equipe da Q.U.A.D.R.A foi testada para a Covid-19 e um processo de sanitização em quatro etapas foi feito em toda a loja, com produtos específicos para vírus, bactérias e fungos. Além disso, o local ganhou áreas voltadas à higienização com álcool em gel.
“Disponibilizamos máscaras para venda e doação, incluímos procedimentos de medição de temperatura na rotina de atendimento e adotamos a vaporização em todas as roupas expostas, nas que serão enviadas pelo delivery e nas mercadorias que voltam à loja”, relata Patrícia à coluna.
Capezio
Na Capezio, as atividades também retornaram no dia 18 do mês passado, com funcionamento das 11h às 19h, de acordo com as orientações do GDF. Por lá, as funcionárias da empresária Raquel Jones trabalham em escala alternada, sempre equipadas com os itens de proteção individual.
“Estamos doando máscaras para as pessoas que trabalham ao redor da loja, como lavadores de carro e vigilantes. É uma forma de contribuir com a comunidade local. Também estamos disponibilizando álcool em gel para nossas clientes. Elas não precisam tocar no álcool em gel da loja, caso não queiram. Cada uma ganha um frasco para usar e depois guardar na bolsa”, revela Jones.
Magrella
A multimarcas Magrella passou por higienização e sanitização, incluindo superfícies, provadores, móveis, roupas e acessórios. Computadores, dispositivos eletrônicos, botões de elevador e interruptores são esterilizados por meio da tecnologia Nano UV. Na entrada da loja, as clientes e funcionárias têm a temperatura medida e recebem máscaras, protetores para o pé, luvas e álcool em gel, tudo de uso obrigatório.
Para que não haja muita gente dentro do estabelecimento, os atendimentos são agendados. Toda peça experimentada ou manuseada é higienizada antes de retornar às araras, assim como os cabides. Produtos que saem ou entram no estabelecimento também recebem a mesma precaução. Os copos do recinto foram trocados por opções descartáveis. A equipe de vendedoras, testada periodicamente, ainda recebeu um novo uniforme, feito com um material que facilita a lavagem e secagem.
Avanzzo
Os pontos físicos da Avanzzo foram reabertos, também, de acordo com os decretos estabelecidos pelo governo. Primeiramente, em 18 de maio, as lojas de rua voltaram a funcionar e, posteriormente, no dia 27, foi a vez dos endereços localizados nos shoppings centers.
Os locais receberam higienização e totens automáticos de álcool em gel foram instalados em pontos estratégicos. Nas lojas de rua, os clientes e funcionários devem se submeter à aferição da temperatura. “Oferecemos máscaras para quem estiver sem e orientamos a nossa equipe a solicitar que os clientes mantenham a distância mínima de dois metros entre eles. Todos os colaboradores realizaram teste de Covid-19 para retornarem de forma segura ao trabalho”, garante Daniella Naegele, diretora de estilo da etiqueta.
Dane-se
A Dane-se preferiu aguardar alguns dias antes de retomar suas atividades comerciais. Tanto o ponto do Iguatemi quanto a loja da 210 Sul retornaram na segunda-feira (01/06). “A gente preferiu esperar para abrir, para entendermos tudo o que deveríamos fazer para resguardar nossos clientes e funcionários”, explica Daniel Moreira, idealizador da marca.
O álcool em gel é obrigatório na entrada de ambas as lojas, bem como a medição de temperatura no endereço da Asa Sul. Apenas dois vendedores foram designados para cada estabelecimento, além de um estoquista, que trabalha em dias alternados. Todos os colaboradores receberam dois kits de máscaras, para facilitar a manutenção dos itens de proteção. “Dessa forma, eles podem trocar a cada três horas e ter um tempo hábil para lavar as peças e reutilizá-las”, conta o empresário.
Os provadores estão bloqueados e os caixas ganharam barreiras de proteção. “Seguimos como serviço drive-thru, para evitar contatos, e com a entrega expressa. Se for em Brasília, o cliente recebe o produto em, no máximo, dois dias. Decidimos encerrar as operações de nosso café para nos dedicarmos a fortalecer o que temos de melhor”, lamenta.
Wish
No Gilberto Salomão, a Wish, das empresárias Cátia Gonçalves e Helena Bittencourt, oferece máscaras, álcool em gel, luvas e medição da temperatura. As dependências da loja são sanitizadas periodicamente e todas as roupas são vaporizadas após qualquer contato com o cliente.
Raffa’s Bazar
O brechó de luxo Raffa’s Bazar voltou ao mercado em 27 de maio e, desde então, higienizações frequentes são feitas na loja e em todos os itens do mostruário. “Também providenciamos álcool em gel e máscaras individuais para todos os clientes”, adianta Raffa Prudente, proprietária do negócio.
Tendência absoluta
Para os especialistas do setor, a melhor forma de uma marca se recuperar da crise gerada pela pandemia é entender o que o consumidor almeja, dentro dessa nova realidade. As lojas de Brasília captaram a mensagem.
Ainda não está claro se o novo coronavírus pode permanecer ativo em tecidos. Bill Keevil, professor de saúde ambiental da Universidade de Southampton, comentou em entrevista à BBC que as “quarentenas” de roupas não são apoiadas pela ciência. “Se as pessoas lavarem as mãos corretamente, é possível afirmar que não há risco de transmissão nos tecidos”, afirmou o especialista ao veículo.
Todavia, após perdermos grande parte da sensação de proteção e imunidade que tínhamos antes do distanciamento, é essencial que as marcas façam os clientes se sentirem resguardados. Isso definirá o movimento dos pontos físicos nos próximos meses, porque é o que o consumidor espera neste momento. Quem oferecer um ambiente seguro, certamente terá mais chances de vender, ainda que, para muitos, esse não seja o melhor momento para comprar.
Colaborou Danillo Costa