Saiba mais sobre a relação de Rita Lee, Rainha do Rock, com a moda
A cantora, uma das integrantes do Tropicalismo, faleceu nessa segunda-feira (8/5). Seus figurinos se adaptavam às estética dos seus álbuns
atualizado
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A cantora paulista Rita Lee morreu nessa segunda-feira (8/5) por complicações devido a um câncer no pulmão. Considerada a Rainha do Rock no país, a artista foi uma das integrantes do grupo Os Mutantes e do movimento Tropicália, ao lado de nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé. Apesar de não ter a moda como ponto central da carreira, usava figurinos para contar histórias e reforçar sua essência subversiva.
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É fato que Rita Lee queria chocar, ser diferente e não corresponder às expectativas. Nesse sentido, ela jamais seria uma “diva pop” como as de hoje: pense em Beyoncé, Adele, Dua Lipa e Rihanna. Essa característica não fazia da paulista uma artista menos pop.
Quem visitou a exposição em homenagem à cantora em setembro de 2021, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, pode conferir de perto os figurinos mais marcantes de sua carreira. Compilados e analisados de forma isolada, eles são a prova viva de que Rita Lee usou, sim, roupas para contar histórias e amarrar as narrativas de seus álbuns.
Um exemplo? O conjunto de blusa e calça listrado, preto e branco, usado por Rita no seu primeiro show após o tempo na cadeia. A cantora foi presa em 1976, grávida de três meses de seu primeiro filho, Beto Lee, após supostas denúncias sobre uso de drogas durante shows. Era o tempo da ditadura militar no Brasil e é fato que a cantora incomodava. Mas, como estava gestante, ela tinha parado o consumo de substâncias ilícitas.
Troca-troca de peças
Impossível não falar do macacão branco drapeado usado pela artista na capa do álbum Lança Perfume, de 1980. A peça era da estilista norte-americana Norma Kamali. Rita Lee repetiu o look no especial Grande Nomes: Rita Lee Jones, na TV Globo. O movimento da peça deixou até Elis Regina apaixonada, que garantiu uma para chamar de sua.
Ainda na época de Os Mutantes, na década de 1960, Rita Lee aprontou nos estúdios da TV Globo. Nos estúdios do Jardim Botânico, a cantora acabou assistindo à gravação de uma cena da novela O Sheik de Agadir em que a atriz Leila Diniz aparecia vestida de noiva.
Rita e Leila se deram bem e a atriz acabou oferecendo o vestido de noiva do figurino emprestado. A cantora usou a peça em duas ocasiões: em apresentação no Festival Internacional da Canção e na capa do álbum Mutantes, de 1969.
A paulista ainda tem outra história de “crime fashion”. Em uma passagem por Londres, capital da Inglaterra, Rita Lee visitou a Biba, loja mais badalada das décadas de 1960 e 1970. Ela provou uma bota prateada de salto e fingiu que estava apertada. Enquanto a vendedora foi no estoque pegar um número maior, a cantora saiu da loja com o calçado sem pagar.
Acessório chave: óculos
Quem nasceu no fim dos anos 1990 ou 2000 pode ter uma imagem bem específica de Rita Lee na cabeça: a cantora com os cabelos vermelhos curtos e de óculos escuros redondos. O acessório virou sua marca registrada.
Apesar do item agregar estilo, Rita não o incorporou pela estética. A cantora sofre de fotofobia, hipermetropia e astigmatismo. Caito Maia, fundador da Chilli Beans e fã de rock – e da paulista – viu aí uma oportunidade.
Em 2015, a marca brasileira de óculos lançou uma coleção em homenagem a Rita Lee. Segundo o próprio Caito, as peças foram sucesso de venda. Neste ano, o empresário relembrou o processo de criação e como a cantora esteve envolvida nas etapas.
Apesar de não ser um “fashion icon”, Rita Lee é um ícone completo, com um legado que se expande por toda a cultura brasileira. Sua influência vai da música à moda e seu legado permanecerá vivo em cada alma rebelde no país.