Riccardo Tisci desfila sua primeira coleção para a Burberry em Londres
O estilista juntou a estética gótica pela qual é conhecido com o estilo clássico da mulher britânica
atualizado
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Estávamos desde março na expectativa pela estreia do italiano Riccardo Tisci como diretor criativo da Burberry, ocorrida nessa segunda feira (17/9), no London Fashion Week 2018. Tudo indicava que as mudanças seriam grandes – afinal, logo de cara, ele anunciou a nova logomarca da grife britânica, que há décadas trabalha com o clássico xadrez, é conhecida pelos elegantes trench coats e aposta em combinações monocromáticas e tons terrosos. Um símbolo de classe e discrição.
O incrível é que o estilista, famoso por geralmente trabalhar com uma pegada mais dark, manteve todas as características da marca e ao mesmo tempo lançou algo novo. Além do resgate ao gótico, introduziu o western, investiu no vermelho e deu um toque street. Apostou ainda na descontração dos slip dresses e brincou com estampas sem jamais perder o DNA da label. Exibiu peças clássicas e trouxe lenços para a vibe vintage.
Vem comigo conferir!
Depois de 12 anos no comando da Givenchy, Tisci substituiu Christopher Bailey na direção criativa da casa inglesa. Na grife anterior, deixou como legado uma estética gótica, dramática e sexy. Kim Kardashian, Nicki Minaj e Beyoncé são algumas de suas musas.
Eleito uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time em 2016, ele é conhecido por juntar o melhor da moda de luxo com a pegada jovem do streetwear. Foi exatamente isso que ele fez para a Burberry.
Primeiro, vimos as criações que carregam todo o DNA da grife – casacas, camisas e blazers devidamente alinhados aparecem no corte clássico ao lado de saias mídi, calças e camisas. Os arquivos de 162 anos revisitados pelo designer inspiraram diferentes elementos que trouxeram uma moda feminina retrô e discreta. A escolha da paleta chamou atenção, pois remete aos tons xadrez da label: cáqui, vermelho, preto e branco.
Já na segunda etapa, vimos surgir o gótico, desde a maquiagem mais carregada até jaquetas de couro cheias de fivelas, casacos de vinil e, inclusive, uma referência à música Who Killed Bambi?, da banda conterrânea Sex Pistols – ideia ligada ao fato de a marca não usar mais pele animal. Surgem ainda a estampa de vaca para o toque cowboy, peças com renda e sobreposições.
Para encerrar, produções all-black, em verde-menta e no tom azul-claro vintage. Veja os destaques da passarela!
1. Lingerie
O encontro inusitado entre a lingerie e o casual não ficou só na passarela pop de Jeremy Scott em Nova York. A Burberry trouxe a mesma ideia, com corsets por cima de camisas e vestidos inspirados nos slip dresses da década de 1990.
2. Equitação
Elementos inspirados em hipismo e cavalaria – bem como no unicórnio, o emblema de Thomas Burberry e suas gerações – aparecem em criações lembrando a estética e as cores da grife francesa Hermès. Inclusive, o laranja é uma das novidades de Tisci, que apostou na cor para criar a nova logomarca da label.
3. Animal print
As estampas inspiradas na padronagem das peles animais nunca saem de moda. Zebra, leopardo e até pelugem de veados com fundo caramelo apareceram na coleção.
4. Vermelho street
A onda street invadiu as passarelas junto com o tom de vermelho-tomate, cheio de presença e personalidade. Ao mesmo tempo, trouxe um toque esportivo, fez sobreposição de casacos de capuz com trench coats vermelhos, introduziu calças vibrantes com listras laterais e misturou tudo isso ao cáqui.
5. Western
Além do estilo dos sapatos (que aparecem com meias brancas e muito se assemelham a botas), camisas abotoadas e peças jeans, o estilista brinca ainda com estampas de vaca – a mesma exibida em detalhes da coleção da Ralph Lauren. Destaque para o recorte ao redor das pernas.
6. Clássico
A elegância da mulher clássica apareceu em vários tons de nude, desde os clássicos trench coats da Burberry até sapatos e saias. Alfaiataria, cintura marcada e sobreposição de vestidos com calças também entraram na passarela. Os casacos com cintos, que são tão característicos da marca, continuam como destaque na coleção de primavera/verão 2019.
7. Gótico
Quem assistiu ao desfile se surpreendeu, inicialmente. Afinal, todos esperavam pela vibe gótica dramática que Tisci levou para a Givenchy. Ele deixou a cereja do bolo para um segundo momento e arrasou com peças em vinil, couro, sobreposições, referências musicais e cheias de fivela. Trouxe ainda produções all-black e alinhadas à silhueta de cada modelo.
O desfile aconteceu no The South London Mail Centre, antigo centro de distribuição do correio londrino, próximo à embaixada americana em Londres. Surpreendentemente, não teve a presença de celebridades na primeira fila. Kendall Jenner, Natalia Vodianova, Irina Shayk, Jourdan Dunn e Lily Donaldson fizeram parte do casting.
Confira o desfile de estreia:
Sobre o estilista
O primeiro passo no novo cargo veio na coleção Resort 2019, desenhada pelo time criativo da marca, mas com styling e curadoria assinados por Tisci. Desde então, ele tem usado as redes sociais como aliadas para a atual estratégia de vendas. Na quinta-feira da semana passada (13/9), liberou o primeiro lançamento oficial para a label: camisetas e pullovers com as letras T e B, em referência a Thommas Burberry, criador e fundador da grife. O item foi comercializado exclusivamente pelo Instagram (pela aba Loja no perfil) e WeChat, e ficou disponível por apenas 24 horas. Rihanna, Zhou Dongyu e Lily James foram algumas das primeiras celebridades a usar.
A novidade inaugura a coleção limitada The B Series, baseada em pequenos lançamentos que podem ser comprados durante um dia no e-commerce. A primeira cápsula saiu meia hora após o início do desfile, diretamente para as redes sociais e na flagship (loja-conceito) 121 Regent Street, em Londres. A grife adotou em 2016 o formato see-now-buy-now.
Por falar na loja, ela foi toda reimaginada para transmitir uma experiência que representa o passado, presente e futuro da grife. O local abrigou uma galeria de arte e teatro entre 1988 e 1910. Para fazer o resgate dessa lembrança, as salas temáticas ganharam cortinas drapeadas na cor dos clássicos trench coats da marca.
Em comemoração à novidade, Tisci convidou o artista britânico Graham Hudson para criar uma escultura de três andares que pode ser visitada até o dia 26 de outubro. Entre as interações permitidas pela instalação, estão câmeras 360º, sets de música em toca-discos e um robô que cria esculturas humanas.
No aquecimento para as semanas de moda, a marca divulgou que abandonou a prática polêmica de incinerar as sobras de coleções antigas – isso, em tese, diminuiria o valor de mercado – e vai usar materiais alternativos para substituir peles de origem animal.
Para chegar em grande estilo, Tisci mudou o logotipo da marca e criou um novo monograma. Inclusive, a grife espalhou a arte em várias cidades para gerar um buzz para o desfile.
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Colaborou Hebert Madeira