Retorno da pele animal é motivo de pressão nos bastidores da moda
Ativistas de um lado, produtores do outro: mercado fashion enfrenta pressões sobre retorno da pele animal na indústria
atualizado
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Enquanto o ativismo possibilita novas conquistas sustentáveis, como a recente proibição de couros e peles de animais selvagens pela London Fashion Week (a primeira a dar tamanha abrangência à regra), ainda há uma pressão nos bastidores da indústria pelo retorno da pele, justificada pela nostalgia, valores de mercado e geração de empregos.
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O desejo de retorno da pele animal pelos bastidores mostra como a nostalgia por materiais considerados luxuosos e o apelo comercial ainda exercem influência.
Os desafios de equilibrar avanços éticos com demandas de mercado e tradição são uma importante questão no mercado da moda, que encontra um embate na cada vez menor produção de roupas com tecido animal.
Produção de pele em queda
A produção de pele enfrenta um declínio acelerado na Europa, com o número de fazendas especializadas caindo 75% desde 2018, segundo a organização belga de direitos dos animais GAIA. Além disso, o abate de animais para a indústria diminuiu quase 40% globalmente no último ano.
Até mesmo na China, maior produtora mundial, a produção foi reduzida pela metade desde 2022. Esse cenário reflete uma crescente rejeição do público e mudanças legislativas, como a proibição da criação de animais para essa finalidade nos Países Baixos.
Resistência no mercado
Embora as restrições e os avanços éticos ganhem força, o principal apelo para o retorno da pele reside no mercado. Relatórios recentes apontam que consumidores de luxo em países como Rússia, China e Emirados Árabes continuam a demandar produtos de pele, desafiando as tendências externas.
No Ocidente, também há a resistência às restrições. Nova York já assistiu, em anos recentes, a protestos de trabalhadores do setor contra propostas de proibição de vendas de peles, destacando o impacto econômico e social. Muitos argumentam que a medida poderia levar ao fechamento de negócios familiares de longa data, além de afetar cerca de 7.500 empregos locais.
Ao mesmo tempo, marcas que investem em alternativas éticas estão redefinindo o conceito de luxo. Stella McCartney, por exemplo, aposta em materiais que estão dominando a moda, como couro vegano e pele sintética, garantindo uma geração de consumidores conscientes.
Enquanto o mercado e o ativismo continuam a redefinir as regras da moda, o futuro do uso de pele animal ainda é incerto. Por um lado, conquistas sustentáveis e a consolidação de alternativas éticas atendem a públicos cada vez maiores. Por outro, os valores tradicionais (e financeiros) ainda mantém o tema vivo, com pressões vindas de produtores que dependem desse mercado para sobreviver.