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Representatividade define desfiles de marcas estreantes no SPFW

Isaac Silva e Angela Brito se apresentaram pela primeira vez no evento, assim como o projeto Free Free

atualizado

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Alexandre Schneider/Getty Images
SPFW N48 – Day 2
1 de 1 SPFW N48 – Day 2 - Foto: Alexandre Schneider/Getty Images

São Paulo (SP) – As duas estreias do São Paulo Fashion Week (SPFW) N48 foram repletas de representatividade e ancestralidade. Não é à toa que ambas foram ovacionadas pelos convidados. Angela Brito e Isaac Silva são dois estilistas negros com diferentes linguagens estéticas, mas que têm em comum os elementos de raiz africana. Além deles, o evento recebeu uma apresentação do projeto Free Free, com modelos de variados tons de pele, corpos, origens e idades. A 48ª edição do SPFW ocupou o Pavilhão das Culturas, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 13 e 18 deste mês.

Vem comigo saber tudo que rolou!

Angela Brito

A despretensão do blues é a inspiração da estilista cabo-verdiana Angela Brito para a coleção Fuga, de primavera/verão 2020. Dona de um olhar minimalista, ela explora seus recortes irregulares já tradicionais em sobreposições com caimento moderno e fashionista. Apesar de já trabalhar com estampas artísticas, elas ganham ainda mais peso nesta temporada. Técnicas digitais e manuais foram usadas para criar motivos florais. 

As nuances coloridas buscadas pela designer para este trabalho passeiam por cores terrosas, verde e variações de azul. Destaque para os tecidos com caimento visual metalizado, refinando ainda mais a alfaiataria elaborada de Angela. O design sofisticado dos bolsos diminui o peso da pegada utilitária e garante um acabamento delicado e atemporal.

No fim da apresentação, um bloco só de vestidos brancos incluiu tanto peças atuais como a modelagem cocktail cinquentista, com cintura marcada. No trabalho como um todo, ela soube explorar elementos retrô sem deixar os itens perderem o visual contemporâneo.

O desfile foi aplaudido de pé pelos convidados. Com um casting formado inteiramente por mulheres negras, cada modelo entrou segurando uma flor. A última, ovacionada, usou um verdadeiro buquê preso dentro de seu turbante. O adereço floral completou o look branco com um toque colorido.

Zé Takahashi/ FOTOSITE
Blusa metalizada com modelagem elegante. A saia estampada também é chique

 

Zé Takahashi/ FOTOSITE
A alfaiataria é forte no trabalho de Angela Brito

 

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Recortes irregulares e estampa floral romântica

 

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Mix de motivos florais

 

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Vestido com mangas retrô e calças corsário

 

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Vestido semitransparente com formato cinquentista, cobrindo a bermuda de ciclista

 

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Look final do desfile, com turbante e flores

 

Isaac Silva

O baiano Isaac Silva abriu mão de suas estampas extravagantes e coloridas para criar um trabalho inteiramente composto por looks brancos. Dentro do mood monocromático, apostou em diferentes modelagens, estilos e técnicas para a coleção apresentada no último dia do São Paulo Fashion Week N48.

O designer batizou o compilado de Acredite no seu Axé. À coluna, havia adiantado que seria um trabalho cheio de energia positiva, contando a história de cinco anos da marca. Por isso, ele atualizou diversos itens que fizeram sucesso ao longo da trajetória da grife.

Os modelitos vão desde vestidos de festa, conjuntos com aplicações de búzios e brilhos até outros mais básicos e casuais. Além da cor, um detalhe em comum em quase todos eles é a fluidez dos tecidos. A renda estilo Richelieu surge como uma referência à ancestralidade africana. No período da abolição da escravatura, ela ajudou na sobrevivência de ex-escravas, como pontuou a marca.

Jaquetas com material mais pesado ganharam uma estampa com a frase que dá nome à coleção. Os sapatos são Alme, e os tênis, Skechers, enquanto os acessórios são da MKWC. Mauricio Mariano e Alessandro Lázaro assinaram o styling.

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A coleção Acredite no seu Axé, de Isaac Silva, reúne sucessos dos cinco anos da marca

 

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Um dos looks com renda Richelieu

 

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Visual praiano monocromático

 

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Brilhos e búzios aplicados neste vestido

 

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Rita Carreira com look semitransparente

 

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Produção com ar mais festivo

 

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Aqui, o mood é mais urbano

 

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A fluidez deu tom à maioria dos looks

 

A sala do desfile teve o chão decorado com ramos de arruda, além de tigelas de barro com sal grosso. Tudo para afastar o mau-olhado, como foi anunciado alguns minutos antes do início. Uma dupla ainda se encarregou de borrifar perfume de alfazema no espaço.

Os convidados do designer vibravam a cada look que passava. A influenciadora digital Jana Rosa, que atualmente comanda o canal de skincare Bonita de Pele, estava lá.

“Nem lembro quando conheci o Isaac, acho que faz uns 10 anos. Estávamos começando na moda e isso é muito legal. Os anos passam e cada pessoa vai fazer uma coisa, depois se reencontra, você encontra o seu amigo fazendo o maior sucesso. Então, estou muito feliz”, disse à coluna.

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O desfile foi aplaudido e comemorado do início ao fim

 

Free Free

Apesar de não ser exatamente uma marca, o Free Free também está no time das estreias no São Paulo Fashion Week. O projeto busca autoconhecimento e liberdade por meio da moda mais consciente e ética. 

Criada pela stylist Yasmine Sterea, a iniciativa ajuda mulheres a alcançarem saúde emocional e independência financeira por meio de ações sociais variadas. A apresentação no evento não poderia ser diferente: impactante e cheia de engajamento.

A passarela foi marcada pela diversidade, com modelos plus size, indígenas, pessoas com deficiência, grávidas, idosas e uma mãe com criança de colo. Personalidades como Fluvia Lacerda, Manu Gavassi, Preta Rara, Sophia Abrahão e Mariana Goldfarb também participaram. Ao final, teve ainda uma apresentação do grupo Ilú Obá De Min.

Com músicas que falavam sobre feminismo e empoderamento, as mulheres representaram força, atitude e desejo de mudanças no mundo. Além da inclusão, o show deu espaço para um manifesto contra feminicídios.

A plataforma teve a colaboração de estilistas renomados, como Reinaldo Lourenço, Patricia Bonaldi, Helo Rocha, Paula Raia e Alexandre Herchcovitch, que doaram peças de acervo próprio. Os looks foram reinventados por meio do trabalho de artesãs de comunidades apoiadas pelo Free Free. 

As criações multicoloridas incluíram franjas, transparência, mix de tecidos, bordados, brilho e tule. Para completar, o nome do projeto estampou alguns itens.

A 48ª edição aconteceu entre os dias 13 e 18 de outubro. Entre as labels que se apresentaram, estão Lino Villaventura, AmapôGloria CoelhoPatBoEllusBobstoreReinaldo Lourenço e Lilly Sarti.

 

Colaboraram Hebert Madeira e Rebeca Ligabue

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