Relembre os acontecimentos que marcaram a moda em 2021
O retorno dos desfiles presenciais e as colaborações inusitadas foram assuntos que movimentaram o último ano
atualizado
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A moda foi um dos setores mais impactados pela pandemia. Entretanto, em 2021, com o avanço da vacinação e um possível retorno à “normalidade”, a indústria começou a ter esperanças. Eventos e desfiles presenciais voltaram a acontecer, mas nem por isso as estratégias para o fortalecimento digital saíram de cena. O último ano também nos trouxe colaborações inusitadas entre grifes e designers, como Gucci x Balenciaga, e novas marcas no mundo da beleza, mas nos tirou grandes nomes, a exemplo de Virgil Abloh e Alber Elbaz.
Vem conferir essa retrospectiva!
1. Retorno dos desfiles presenciais
A Semana de Moda de Nova York, que tradicionalmente abre a temporada internacional, puxou a fila do retorno dos eventos físicos. Depois de quase dois anos com apresentações virtuais, o público voltou a conferir pessoalmente as coleções. As fashion weeks de Nova York, Londres, Milão e Paris ocorreram entre setembro e outubro, e apresentaram as coleções primavera/verão 2022.
Em resumo, a temporada apresentada enterrou de vez os “clássicos da pandemia”. No que depender das marcas internacionais, os moletons vão para o fundo do armário e ressurgem os paetês e a pele à mostra, com incorporação de peças da moda praia.
Depois de duas edições virtuais, a São Paulo Fashion Week de número 52 retomou as apresentações físicas, com o formato híbrido. O evento voltou à sua casa na capital paulista, o Pavilhão das Culturas Brasileiras no Parque do Ibirapuera.
O SPFW contou não só com figurinhas carimbadas, como Ronaldo Fraga, Gloria Coelho e À La Garçonne, mas também com novos nomes da cena nacional. Entre as grifes, Misci, Von Trapp, DePedro e Ateliê Mão de Mãe.
2. Met Gala
O último ano foi mais gentil com os amantes de um tapete vermelho! Houve várias premiações músicas e cinematográficas e o retorno do tão esperado MET Gala.
Com o tema estilo norte-americano, as celebridades homenagearam não apenas estilistas e marcas, mas ícones da cultura e da história dos Estados Unidos. Também teve celebridade fugindo do tema…
3. Moda gameficada
A pandemia obrigou as marcas a se reinventarem e repensarem suas estratégias de ativação. Visando atingir uma nova geração de clientes, em especial a geração Z, grandes marcas apostaram no universo gamer.
Os fãs de Fortnite, por exemplo, ganharam, em maio, não apenas chinelos temáticos das Havaianas, mas também uma ilha da marca no jogo. Quatro meses depois, o game abriu as portas para o mercado de luxo e lançou uma collab com a etiqueta Balenciaga.
O Animal Crossing também bombou em 2021! No início de maio, a Valentino e a Marc Jacobs adaptaram 20 looks das próprias marcas para o jogo. Em setembro, foi a vez da Puma lançar uma coleção de vestuário e acessórios para o público adulto e infantil inspirada no universo do game.
Um dos jogos mais antigos e queridos, o The Sims, também ganhou visuais grifados. A italiana Moschino, em parceria com o designer londrino Stefan Cooke, criou uma expansão para o jogo que entrega peças de vestuário e acessórios das famosas coleções da etiqueta.
4. Luto de gigantes
Em abril, a Covid-19 fez mais uma vítima no mundo da moda: o estilista Alber Elbaz. Famoso pela passagem de 14 anos na grife francesa Lanvin, ele havia lançado, há poucos meses, sua marca própria, batizada de AZ Factory.
No fim de novembro, o estilista Virgil Abloh faleceu de câncer aos 41 anos. Um grande expoente da indústria, o norte-americano era fundador da marca Off-White e diretor artístico da linha masculina da Louis Vuitton. Primeiro negro a assumir a direção da casa, ele foi um símbolo da luta antirracista negra na moda.
5. Gucci Fever
Uma das marcas de luxo mais famosas de todos os tempos, a italiana Gucci completou 100 anos de fundação. Atualmente sob o comando de Alessandro Michele, a etiqueta fez ações diversas ao longo do ano para comemorar seu centenário.
Foi inaugurada em maio, em Florença, na Itália, a exposição Gucci Garden Archetypes, uma imersão nas inspirações da marca desde 1968. Já em outubro veio a coleção Gucci 100, que tinha a música como principal referência e homenageava seis ritmos diferentes: afrobeat e disco (anos 1970), punk japonês (1980), jazz (1930), hip hop (anos 1990) e rock psicodélico (1960).
O que também deixou a Gucci em alta neste ano foi o lançamento do filme Casa Gucci. Dirigido por Ridley Scott, o longa é baseado na história de Patrizia Reggiani, ex-esposa de Maurizio Gucci. A socialite planejou o assassinato do marido, em 1995, e foi condenada a quase 30 anos de prisão.
6. O ano das collabs
Colaborações? Tivemos! As parcerias entre marcas e estilistas geram não só buzz, mas também estoques de produtos zerados – o que as empresas amam.
Ainda em abril, a Gucci aproveitou o seu centenário para lançar uma colaboração com a Balenciaga. E o cross-over foi completo: em junho, a grife comandada por Demna Gvasalia se apropriou de silhuetas e peças tradicionais da etiqueta italiana.
Outra etiqueta made in Italy que apostou nas parcerias foi a Fendi. Na Semana de Moda do verão 2022, a marca se juntou em uma parceria inédita com a Versace em uma espécie de “troca” dos diretores criativos Donatella e Kim Jones. Para ficar ainda mais pop, a Fendi e a Skims, de Kim Kardashian, lançaram uma coleção com lingeries e peças confortáveis com o monograma da casa italiana.
No Brasil, também não faltou collabs de peso: a Riachuelo trouxe uma coleção completa com a italiana Moschino. O baiano Isaac Silva lançou, em junho, três sandálias especiais com a Havaianas. A parceria ainda teve dobradinha. Na 52ª edição do SPFW, Isaac apresentou não só chinelos, mas roupas e acessórios com a marca.
7. Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos que deveriam ser realizados em 2020, em Tóquio, ocorreram só em julho deste ano, mas sem presença de público ou grandes cerimônias. A abertura, que conta com shows e o desfile das delegações, é como uma “volta ao mundo” através dos uniformes das nações.
Destaque para a delegação dos EUA, que cruzou o estádio olímpico com o melhor do estilo norte-americano em peças da Ralph Lauren – a marca veste os competidores desde 2008. Telfar Clemens, estilista liberiano-americano, levou sua estética street para o uniforme da Libéria.
Nas Olímpiadas de 2021, também teve moda autoral e artesanal! Tom Daley, atleta britânico de Saltos Ornamentais, viralizou na internet porque usava os intervalos dos jogos para fazer tricô. Teve até casaquinho com a bandeira britânica e a frase ‘Team GB’ (Time Grã-Bretanha).
8. Marcas de beleza dos famosos
Depois de famosos como Rihanna, Alicia Keys e Selena Gomez se jogarem no mundo da beauté, outros nomes lançaram em 2021 suas próprias marcas. A influenciadora Olivia Palermo, conhecida na seara fashion, deu o start com quatro produtos cruelty free em embalagens superluxuosas.
O mês de novembro, em especial, foi muito fértil no segmento. Veganos e com embalagens futuristas, a cantora Ariana Grande trouxe 12 produtos para as áreas dos olhos e dos lábios. O também cantor Harry Styles, famoso pelo seu olhar apurado para a moda, lançou esmaltes, um sérum e caneta multifunção.
9. Grandes fusões
O último ano também foi agitado no mundo business! Conglomerados brasileiros começaram a comprar empresas com o objetivo de se estruturar como os gigantes da moda internacional, como os grupos LVMH e Kering.
Em outubro, o Grupo Arezzo&Co se uniu à Reserva para consolidar um dos maiores grupos no ramo do país. Durante o ano, a empresa ainda adquiriu marcas como Baw Clothing, Carol Bassi e Vans.
O Grupo Soma, que detém a Farm e Animale, fez a compra de uma gigante do varejo brasileiro: a Hering. A grife NV, da influenciadora digital e empresária Nati Vozza, também foi uma das apostas da empresa neste ano.
10. Zuzu Angel: 100 anos
Nascida Zuleika de Souza Netto OMC, a estilista que ficou conhecida como Zuzu Angel completaria, em 2021, 100 anos. Um dos primeiros nomes da moda brasileira a despontar internacionalmente, a mineira foi morta durante a ditadura militar, em 1976.
Com sua marca homônima, exportou para países como Canadá e Inglaterra. Fez mais sucesso nos Estados Unidos, onde celebridades como Joan Crawford e Liza Minnelli desfilaram suas peças. Apresentou, para o mundo, a cultura brasileira por meio da moda. As baianas, o casal de cangaceiro Lampião e Maria Bonita e a fauna e a flora apareceram em interpretações da estilista.
Em maio de 1971, quando o filho Stuart Angel desapareceu, começou a retratar suas dores nas roupas. O ápice foi o desfile de setembro do mesmo ano, que fez no consulado brasileiro nos EUA, e apresentou roupas com soldados, tanques de guerra e sóis encarcerados.
Zuzu Angel chamou a atenção da mídia internacional para o regime militar brasileiro e passou a ser perseguida. Em 1976, o carro que dirigia sofreu um suposto acidente que levou a estilista a óbito. No ano passado, seu atestado de óbito foi atualizado para “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”.
11. Tendências controversas
Os anos 2000 fizeram o seu comeback na moda! Uma prova? O retorno da calça de cintura baixa, peça amada por muitos e odiada por outros. Nada “grita” mais começo do milênio do que o combo cintura baixa + calcinha aparecendo.
Outra peça que tem toques de anos 2000 é o top com barriga de fora. Melhor ainda se for em um corte/estampa de borboleta, como o usado pela cantora britânica Dua Lipa, que também bombou entre a geração Z no TikTok.
Dua Lipa gosta de apostar em peças controversas! A britânica também apareceu recentemente com um biquíni com estampa de maconha. O modelo de crochê da grife italiana GCDS também foi escolhido pela brasileira Bruna Marquezine em viagem recente.
O ano de 2021 marcou a transição entre medidas restritivas e uma possível volta à “normalidade”. O retorno dos eventos presenciais trouxe o desejo por libertação e a vontade de se mostrar. Para os próximos 12 meses, as expectativas são de uma moda chamativa e mais atividades ao ar livre. Tendências macro, como maior diversidade no segmento, são esperadas no futuro próximo.
Colaborou Carina Benedetti