Reinvenção do kilt escocês é a nova sensação do street style
Resquício da onda punk, modelo desenvolvido pela marca búlgara Chopova Lowena, tem surgido com frequência nos looks das fashionistas
atualizado
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Ao relançar sua icônica coleção grunge de 1993, em novembro passado, Marc Jacobs decretou a volta do mood rocker às ruas. Graças à boa aceitação do trabalho, o estilo punk chegou à temporada seguinte com a força de uma tendência já difundida, surgindo como inspiração para o outono/inverno 2019 de grifes como Gucci, Alexander Mc Queen, Prada e Miu Miu. Contudo, não foram apenas as marcas clássicas que se beneficiaram com o retorno dos spikes, alfinetes e coturnos. Nomes novos no mercado, como a etiqueta inglesa Chopova Lowena, acabaram se destacando por suas criações atreladas aos elementos do movimento.
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Inspiradas pelos kilts escoceses e bruchniks, roupas típicas da Bulgária, a dupla responsável pela Chopova Lowena desenvolveu uma saia que atrela um robusto cinto de couro a uma saia plissada, presa à parte superior com mosquetões.
Com um visual difícil de ignorar, cada peça tem um desenho único, graças ao trabalho de upcycling feito pelas estilistas. Como parte de seu conceito sustentável, a label reaproveita materiais usados em suas criações, incluindo tecidos vintage vindos da Bulgária e do Reino Unido. O resultado são produtos singulares com as mais diversas cores, texturas e vários comprimentos.
O design cheio de personalidade acabou acertando em cheio as fashionistas ávidas por exclusividade. “Foi incrível ver como nossas saias se encaixam com tanta facilidade ao guarda-roupa de pessoas tão diferentes”, disse Laura Lowena, uma das idealizadoras da grife, à Elle.
No street style, o kilt reinventado da Chopova Lowena já foi combinado a diversas peças, entre camisetas básicas, croppeds, camisas, suéteres, blusas de gola alta ou com calças e vestidos por baixo.
A versatilidade do item e sua rápida adesão, é claro, chamou a atenção de grandes e-commerces, como Matches, Farfetch e Browns. “Me apaixonei pela coleção delas. Não há nada no mercado que ao menos lembre o que elas fazem”, destaca Ida Petersson, diretora de compras da Browns, à publicação.
As peculiaridades da grife, talvez, se devam à miscigenação de estilos presentes nas vivências de Emma Chopova e Laura Lowena, donas da empresa. Enquanto a primeira nasceu nos Estados Unidos, de pais búlgaros, a segunda é do Reino Unido.
Elas se conheceram durante o bacharel em design de moda, na Central Saint Martins, onde descobriram o afeto mútuo por coisas feitas à mão. “Nós duas gostamos de artesanato tradicional. Foi isso que nos conectou”, revelou Lowena à Vogue.
Por ter crescido longe de suas raízes, em Nova Jersey, Chopova sempre tentou perseguir sua herança cultural. “Quando criança, eu tinha uma identidade cultural muito confusa, porque meus pais abraçaram o jeito americano. Durante o ensino médio, encontrei alguns livros folclóricos sobre a Bulgária e realmente os amei”, lembrou a designer à revista especializada.
Ao abrir sua etiqueta, em 2017, a estilista decidiu se aproximar ainda mais de seus antepassados, indo à vila de seus pais, nas montanhas próximas à capital do país, para buscar tecidos em feiras e brechós.
Ainda hoje, a dupla visita a região em busca de novas matérias-primas. As saias-desejo, inclusive, começam a ser produzidas na Bulgária, de onde seguem para serem finalizadas no ateliê da marca, em Londres.
A Chopova Lowena surge em um momento onde a sustentabilidade e as histórias de cada etiqueta tornaram-se temas centrais do segmento têxtil. No entanto, Emma e Laura preferem não usar isso em seu plano de marketing.
Em vez disso, a dupla tem investido em livros fotográficos na divulgação de seu trabalho. Elas convidaram a fotógrafa Charlotte Wales para registrar sua coleção de pós-graduação no festival búlgaro. “É um objeto duradouro, e não um programa que dura 20 minutos. Acreditamos que conseguimos capturar melhor o que é a marca por meio desta plataforma”, afirmou Lowena.
Colaborou Danillo Costa