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Reinvenção da moda: figuras importantes fazem análise do futuro

O editor-chefe da Vogue Itália e o estilista Tom Ford falaram sobre lições e possíveis mudanças depois da pandemia global da Covid-19

atualizado

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Jason Kempin/Getty Images for iHeartMedia via Getty Images
Tom Ford posa com espelho atrás
1 de 1 Tom Ford posa com espelho atrás - Foto: Jason Kempin/Getty Images for iHeartMedia via Getty Images

O mundo inteiro vive um período de dúvidas. Com a expansão do novo coronavírus, além do colapso na saúde mundial, áreas como economia, turismo e política enfrentam turbulências. Na moda, não é diferente: impactos como quedas bruscas nas vendas, eventos cancelados e lojas fechadas resumem o momento.

No entanto, figuras importantes na indústria fashion preveem mudanças significativas e até positivas quando a pandemia acabar. Em entrevistas recentes, o editor-chefe da Vogue Itália, Emanuele Farneti, e o estilista Tom Ford fizeram projeções e lançaram questionamentos em relação ao futuro.

Neste período, o Business of Fashion passou a usar a própria plataforma de podcasts, com transmissões ao vivo, para abordar a temática da Covid-19. Na primeira edição do #BoFLIVE, que foi ao ar na última terça-feira (24/03), Emanuele Farneti conversou com Robin Mellery-Pratt, diretor de Estratégia de Conteúdo do portal.

Farneti foi nomeado editor-chefe da Vogue Itália em 2017, após passagens por outros veículos renomados, como GQ Italia, Architectural Digest, Men’s Health e Flair. Ele herdou o cargo de Franca Sozzani.

Emanuele Farneti em chamada de podcast
Emanuele Farneti foi o primeiro convidado pelo BoF para a série de eventos digitais ao vivo

 

Vale destacar que a Itália é um dos países mais acometidos pelo novo coronavírus. Até a publicação desta reportagem, já somava mais de 7,5 mil mortes, o que representa o maior registro de óbitos do planeta. Um dos berços mundiais da moda encontra-se em situação alarmante.

Na opinião do editor-chefe da Vogue italiana, toda a indústria deve trabalhar em conjunto para ajudar pessoas e empresas que sentirão as consequências. “Agora, é sobre manter todos seguros e saudáveis. Os negócios virão mais tarde.”

No conteúdo do BoF, o jornalista avisou que o Condé Nast permitirá downloads gratuitos das próximas três edições da Vogue Itália, além de acesso a todo o arquivo do veículo. O que estava em andamento foi cancelado, em prol da produção de uma edição especial para o mês de abril.

capa de revista
Durante o período de isolamento social, o Condé Nast liberou todo o acervo da Vogue Itália gratuitamente

 

Para Farneti, é preciso que todo o mercado se reinvente: “Ainda precisamos de moda? Ainda precisamos comprar mais roupas? Ainda faz sentido transportar mil pessoas de um país para outro para assistir a 15 desfiles de moda? Há muitas perguntas por aí e agora é a hora de começarmos a discutir”.

O comandante da Vogue Itália também destacou a importância de não perder a esperança. “Neste período triste, espero que a equipe esteja se sentindo mais próxima do que nos momentos em que a vida era mais fácil”, desabafou. “Tenho certeza de que será muito bonito quando todos terminarmos na mesma sala novamente”, completou.

Emanuele Farneti em fila A de desfile
Emanuele Farneti é um dos principais nomes da moda italiana

 

Emanuele Farneti em evento
Ele questiona a relevância da moda em tempos tão delicados e destaca a necessidade de união

 

Quem também tenta manter o otimismo é o estilista Tom Ford. No entanto, ele é bastante realista e entende que o cenário não garante bons resultados em curto prazo.

Em entrevista ao WWD, Ford afirmou que é impossível prever o dano final que o novo coronavírus causará à moda. “Como a maior parte das indústrias, o setor foi atingido com força e sob todos os ângulos. Nossos fornecedores estão sofrendo e nossa cadeia de suprimentos foi interrompida, pois o mundo inteiro está praticamente fechado, literalmente. E o varejo, na maioria das regiões e certamente nos Estados Unidos, parou”, afirmou.

O presidente do Conselho de Designers de Moda da América (CFDA, na sigla original) tem trabalhado em busca de auxílio imediato de autoridades dos Estados Unidos, em níveis federal e local. Recentemente, ele até enviou uma carta a Donald Trump, solicitando que o segmento fizesse parte de um pacote de estímulo do governo no valor de US$ 1,6 trilhão.

Nos Estados Unidos, os casos confirmados de Covid-19 já passam de 70 mil. A conta engloba mais de 1 mil mortos. O epicentro do surto é Nova York.

Tom Ford no Met Gala
Como presidente do CFDA e preocupado com os rumos da moda em meio à pandemia, Tom Ford cobrou apoio do governo norte-americano

 

Tom Ford prevê um momento em que ficará inviável para as empresas continuarem a pagar seus funcionários. O charmain avaliou que mesmo as marcas bem estabelecidas vão passar por maus bocados devido à Covid-19. “Muito rapidamente, dentro de alguns meses, ficará muito difícil de operar”, opinou.

“É extremamente caro operar uma empresa de luxo e baseia-se no ponto de que você terá uma quantidade X de vendas o tempo todo, tanto no varejo quanto no atacado. Então, de repente, o mundo do varejo para e você tem zero dinheiro entrando, ainda assim, está apoiando uma operação enorme, continua pagando aluguel, continua pagando seus funcionários, mas com nenhuma receita entrando”

Tom Ford
Gigi Hadid na passarela de Tom Ford
Tom Ford tem receio de que muitas marcas, mesmo as maiores, quebrem nos próximos meses

 

Tom Ford na passarela
“Todo mundo vinha reclamando dos desfiles… Bem, adivinhem? Eles podem nem acontecer em setembro. E pré-coleções? Quem sabe?”, questiona Tom Ford, em entrevista à Bridget Foley, no WWD

 

As incertezas preocupam o designer norte-americano. “Mesmo que eu quisesse fazer uma pré-coleção, não posso, porque minhas fábricas estão fechadas”, lembrou. “Ainda que eu fizesse uma coleção e, de alguma maneira, descobrisse como tê-la em um showroom ou apresentá-la virtualmente em maio, o que não parece provável, quem iria comprar?”, indagou.

Tom Ford acredita que uma das possibilidades é que o próximo circuito internacional de desfiles, previsto para setembro, simplesmente não aconteça. Até a forma de consumo pode mudar. Para o presidente do CFDA, a moda sempre será um reflexo de onde a sociedade está social e culturalmente.

“Nossas vidas serão transformadas e nossos trabalhos poderão ser transformados, mas todos são talentosos. Seja você uma costureira, um alfaiate, um designer – sua vida, sim, pode ser virada de cabeça para baixo. Temporariamente. Mas isso vai passar e todos voltaremos ao trabalho. E todos seremos criativos novamente”, encerrou.

 

Colaborou Rebeca Ligabue

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