Ralph Lauren reduz desperdício de água em nova forma de tingir algodão
Sistema criado em parceria com quatro empresas promete processo com “zero água residual”
atualizado
Compartilhar notícia
A Ralph Lauren Corporation anunciou técnica que promete reduzir o uso de água no processo de tingimento do algodão. Multifásico, o novo método de tratamento têxtil da empresa, batizado de Color on Demand, promete ser o “primeiro sistema escalonável de tingimento de algodão com zero água residual do mundo”, de acordo com a marca norte-americana. A empresa anunciou a novidade nesta semana e espera incentivar a indústria a estabelecer novo padrão no processo de coloração.
Vem saber mais!
Color on Demand
O novo sistema de tingimento surgiu como uma alternativa à escassez de água e à poluição gerada pelo tingimento de algodão. Considerada uma maneira mais sustentável e eficiente de colorir tecidos feitos com a matéria-prima, a técnica pioneira facilita a absorção da cor, economiza tempo e energia elétrica, além de reduzir do uso de corantes e produtos químicos significativamente.
A primeira fase do novo método utiliza o beneficiamento de algodão Ecofast Pure, desenvolvido pela Dow, nos próprios equipamentos da empresa. Comparada aos processos tradicionais de tingimento, a tecnologia reduz a utilização de água em 40% e o uso de produtos químicos em 85%, além de proporcionar economia de energia em 90% e mais redução de 60% na pegada de carbono.
As etapas seguintes incluem novas máquinas e formas tecnológicas de misturar cores, segundo a Bloomberg. Uma das vantagens é a possibilidade de pigmentar o produto em qualquer etapa de produção, em vez de fazer isso somente no início. A Ralph Lauren informou que já começou a integrar a novidade em sua cadeia de suprimentos e que os primeiros produtos feitos com o Color on Demand devem chegar ainda em 2021.
O diretor de produto e sustentabilidade da Ralph Lauren, Halide Alagöz, assinalou que o sistema é uma solução para a forma tradicional de tingimento, considerada uma das práticas mais poluentes da indústria fashion. Além de reduzir o impacto ambiental, oferece um benefício vantajoso: “Nos permitirá equilibrar melhor o estoque e atender às demandas personalizadas do consumidor mais rapidamente do que nunca”.
Mudanças aceleradas
A iniciativa da Ralph Lauren tem colaboração de quatro empresas líderes em suas áreas de atuação. A Dow entrou com sua expertise em ciência de materiais, enquanto a Jeanologia se destaca no trabalho com soluções sustentáveis para vestuário e acabamento de tecidos. Essa última é especializada em sistemas de tratamento de água de circuito fechado ligados ao tingimento de roupas.
Outra colaboradora é a empresa química global Textile Effects, fabricante de tintas e produtos químicos para tecidos. Destaque mundial no ramo de tecnologia de distribuição e mistura de soluções, a Corob ajudou a repensar os estágios do processo de tingimento.
“A tecnologia tem a capacidade de acelerar mudanças em uma escala que importa, então é emocionante ver Ralph Lauren estabelecendo novos modelos inovadores que transformam práticas desatualizadas e podem entregar resultados mensuráveis para as pessoas e o planeta”, compartilhou Sheila Bonini, vice-presidente sênior de engajamento do setor privado no World Wildlife Fund, em comunicado.
Segundo dados do estudo Redesigning Fashion’s Future, da Ellen MacArthur Foundation, a quantidade de água usada para tingir tecidos corresponde a 20% das águas residuais do mundo. Por ano, trilhões de litros utilizados no processo são descartados. Quando não tratado, esse resíduo se transforma em um grande poluente. Além disso, o tratamento para tornar o líquido reutilizável é demorado, rigoroso e caro.
Passos sustentáveis
Até 2025, a Ralph Lauren tem a missão de tingir mais de 80% de seus produtos de algodão sólido por meio da plataforma Color on Demand. O sistema vai ao encontro dos esforços da marca com a estratégia Design the Change, que também incluem a redução de 20% do uso de água em toda a operação e cadeia de valor, menos 30% nos gases do efeito estufa e o fim do uso de produtos químicos perigosos na cadeia de abastecimento.
Em junho do ano passado, a grife divulgou seu Relatório de Cidadania Global e Sustentabilidade 2020 e anunciou parceria com o World Wildlife Fund para reforçar seus objetivos sustentáveis. A empresa de moda também está engajada em diversas ações, como a declaração We Are Still In, a Carta da Indústria da Moda da ONU para a Ação Climática e o grupo de líderes G7 Fashion Pact.
Fundada pelo estilista de mesmo nome em 1967, nos Estados Unidos, a Ralph Lauren é conhecida pelas camisas polo, camisetas e jeans. Outro passo recente da grife rumo à sustentabilidade é um serviço de aluguel de roupas por assinatura. Por enquanto, a novidade só está disponível para a América do Norte.
Colaborou Hebert Madeira