O impacto do surto de Covid-19 trouxe mais consequências para a indústria da moda nos últimos dias. O grande evento mais recente a ser cancelado é o desfile de outono/inverno 2020 da Ralph Lauren, que ocorreria no fim de abril. A marca italiana Gucci também anunciou o cancelamento do desfile Cruise 2021, que teria São Francisco como endereço.

A etiqueta norte-americana, que não desfilou na última Semana de Moda de Nova York, planejava uma apresentação na Big Apple no fim do próximo mês. Com ela, sairia do formato see-now-buy-now, no qual investe desde setembro de 2016.

Na noite dessa terça-feira (03/03), um porta-voz da label informou que a medida visa saúde e segurança. “À luz das incertezas relacionadas ao novo coronavírus em todo o mundo, decidimos cancelar nosso programa de outono 2020 como medida de precaução e por respeito a nossas equipes, parceiros e consumidores”, comunicou.

Já o desfile da Gucci, adiado nessa segunda-feira (02/03), estava agendado para o dia 18 de maio. Alessandro Michele, diretor criativo da label, havia escolhido a cidade californiana devido à diversidade cultural local.

“A decisão sobre o novo horário e a localização será anunciada posteriormente, quando a situação se tornar mais clara. No momento, nossos pensamentos estão com todos os afetados em todo o mundo”, comunicou a etiqueta de luxo.

Resta aguardar se as outras grifes com desfiles marcados no exterior, para a temporada resort, tomarão medidas similares à Gucci. As francesas Dior e Chanel, por exemplo, pretendem desembarcar na Itália para apresentar as novidades de alto-verão.

Na última Semana de Moda de Milão, Giorgio Armani transmitiu pela internet o desfile de outono/inverno 2020, realizado sem audiência. A marca tem um show agendado para o mês de abril, em Dubai. A Versace escolheu os Estados Unidos como point do resort 2021, enquanto a Max Mara pretende desembarcar em São Petersburgo, na Rússia.

Outra marca italiana que cancelou o desfile da temporada resort foi a Prada, em fevereiro. A grife conduzida por Miuccia Prada – e, agora, Raf Simons – apresentaria a coleção em Tóquio, no dia 21 de maio.

Pouco antes, a Chanel adiou um show na China, também marcado para maio, que reproduziria o último desfile Métiers D’Art. Sem falar no cancelamento de várias feiras de negócios, como a tradicional de relógios de Genebra, na Suíça, agendada para abril.

Tóquio e Seul

Os calendários de moda dos países asiáticos têm sido os mais afetados pelo surto da doença. Na China, as fashion weeks de Xangai e Pequim foram adiadas, assim como a Seul Fashion Week, na Coreia do Sul. As três ocorreriam em março. Depois de longas discussões, a Japan Fashion Week Organization decidiu cancelar a Rakuten Fashion Week, semana de moda de Tóquio, como foi anunciado nessa segunda-feira (02/03).

“Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para pedir desculpas a todas as pessoas que dedicaram tempo e esforço para participar deste evento. Lamentamos sinceramente por ter que chegar a essa decisão decepcionante”, informa o comunicado no site oficial.

A exemplo do que fizeram as semanas de moda europeias, que forneceram recursos digitais para as marcas chinesas que deixaram de desfilar, a Japan FW promete oferecer às grifes “suporte para todas as oportunidades comerciais”. O evento ocorreria entre os dias 16 e 21 deste mês.

O surto da doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, começou no fim de dezembro de 2019, na China, onde já matou mais de 2,9 mil pessoas. Em outros países, provocou, até o momento, 120 óbitos.

O Brasil tem dois casos confirmados da doença. O primeiro deles foi anunciado no dia 26 de fevereiro. O país tem mais 488 casos suspeitos, como informou o Ministério da Saúde nessa terça-feira (03/03/2020). No mundo inteiro, são quase 91 mil casos suspeitos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Colaborou Hebert Madeira