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Racismo, machismo e plágio: documentário expõe a marca Abercrombie

A nova produção do streaming revela a ascensão e a queda de uma das principais marcas norte-americanas. O passado racista é um dos destaques

atualizado

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Hannes Magerstaedt/Getty Images
Na imagem com cor, duas mulheres brancas posam no colo de homens sarados com blusa vermelha
1 de 1 Na imagem com cor, duas mulheres brancas posam no colo de homens sarados com blusa vermelha - Foto: Hannes Magerstaedt/Getty Images

Referência do imaginário fashion da juventude norte-americana no fim dos anos 1990 e no início dos 2000, a Abercrombie & Fitch é tema de um novo documentário da Netflix. A produção estreou na plataforma de streaming e, desde então, está nas rodas de discussões da moda pelo conteúdo apresentado. A marca é acusada de ter um histórico com casos de racismo, machismo e plágios.

Na imagem com cor, cartaz do novo documentário da Netflix sobre os bastidores da Abercrombe
Netflix lança documentário sobre a Abercrombie

A que custo se constrói uma empresa? Essa é uma da principais perguntas que ditam os rumos do documentário Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda, da Netflix. Ao longo das quase uma hora e meia, são revelados os bastidores que a levaram de dominação das vitrines dos shoppings a queda por casos de racismo e descriminação.

A marca norte-americana foi fundada em 1892 e tinha como principal público a elite branca de Nova York que apostava em peças mais desportivas. Nomes como os presidentes Teddy Roosevelt e John F. Kennedy, a atriz Greta Garbo e o escritor Ernest Hemingway já utilizaram peças da A&F.

Na imagem com cor, quatro homens usam casaco vermelho enquanto batem palma
A nova produção expõe os bastidores da ascensão e império da Abercrombie & Fitch

 

Na imagem com cor, três homens e uma mulher posam para fotos
Na imagem, de moletom, o ex-CEO da empresa, Michael Stanton Jeffries

 

Na imagem com cor, mulher branca é carregada por homens sarados sem camisa
A empresa é acusada de racismo e discriminação

Mas foi entre os anos 1990 e 2010 que a Abercrombie viveu o seu auge. Com foco no público juvenil na fase escolar, a etiqueta apostou em estratégias que evidenciaram um modo próprio de ser e vestir. Uma das iniciativas foi contratar modelos com corpos dentro dos padrões de beleza.

A visão que a Abercrombie & Fitch adotou como plano foi evidenciada após a declaração do antigo presidente da marca, Mike Jeffries, na qual afirmou que “gente magra e bonita era bem-vinda nas lojas”. Ao longo da história, a marca foi questionada por práticas racistas e discriminatórias, como uma das perpetuadoras do fortalecimento da imagem da cisgeneridade branca masculina.

Na imagem com cor, interior de uma das lojas da Abercrombie
O modelo de negócio adotado pela empresa foi questionado por diversos grupos sociais

 

Na imagem com cor, entrada de uma das lojas da Abercrombe. Quatro homens esperam na frente
A empresa apostava no imaginário colegial para atrair os consumidores

 

Na imagem com cor, blusas da Abercombre empilhadas
A empresa era referência entre os adolescentes dos anos 1990 e 2010

Dirigido por Alison Klayman, o documentário apresenta casos de racismo e assédio vividos por ex-funcionários da A&F. Entre os destaques da produção, estão relatos das exigências de que todos os modelos fossem caucasianos, tal como os vendedores de loja.

Também não era permitido usar rastas, e os homens não podiam ter colares de ouro. As poucas pessoas não brancas ocupavam cargos na reposição de armazéns ou em horários com menor circulação.

Na imagem com cor, homens posam em frente a loja da Abercrombie
Ex-funcionários relataram abusos sofridos no documentário

 

Na imagem com cor, mulher usa véu em protesto na Suprema Corte Americana
Samantha Elauf, em 2008, entrou com uma ação contra a empresa após perder uma vaga como vendedora por usar um hijab

 

Na imagem com cor, duas mulheres brancas são seguradas no colo por homens com casaco vermelho
A maioria dos vendedores eram brancos
Racismo institucional

Após a estreia do documentário, o assunto ganhou as redes sociais. Vários novos relatos de pessoas que tiveram algum contato com a Abercrombie & Fitch surgiram. Um dos casos é o de Sheilla Mamona, que trabalhou aos 19 anos como funcionária da Hollister Co. (submarca da A&F).

Mamona é uma mulher negra que compartilhou a sua experiência por meio da revista Glamour UK. Segundo ela, durante os quatro anos em que foi contratada pela empresa, vivenciou o preconceito racial e o comportamento discriminatório da alta administração.

Em outra ocasião, a jornalista recorda que pessoas negras entraram na loja, e o gerente sênior preguntou se não era a família dela. “Fui maltratada pelos veteranos, tratada com condescendência, acusada de coisas que não fiz, e regularmente tinha a visão de ‘mulher negra furiosa’ jogado em mim sem qualquer base”, contou no artigo.

Na imagem com cor, mulher negra no fundo da neve com casaco
A jornalista Sheilla Mamona compartilhou a sua experiência de casos de racismo no período em que trabalhou na A&F

 

Na imagem com cor, print de tela com branco sem camisa
O relato ocorreu após a entrada do documentário sobre a marca na Netflix

 

Na imagem com cor, fachada da Abercrombie
A empresa foi questionada pelos relatos

As práticas discriminatórias pela Abercromie & Fitch foram levadas para o âmbito legal, com diversos processos. Um dos mais relevantes foi quando a jovem Samantha Elauf, em 2008, entrou com uma ação contra a empresa após perder uma vaga como vendedora por usar um hijab.

Na época, a empresa disse que a peça ia contra “a política de aparência da marca”. Após o ocorrido, Samantha Elauf prestou queixa à Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego. O caso levou anos até que a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu a favor da moça, na resposta que tal ato violava a lei de direitos civis.

Na imagem com cor, manequins com peças da Abercrombie
A empresa afirma que o modelo antigo não condiz com a realidade atual

 

Na imagem com cor, três homens usam looks da Abercrombie
A marca mudou de posicionamento

 

Na imagem com cor, três mulheres usam looks da Abercrombie
Segundo comunicado, tais atitudes não condizem com a realidade da empresa atualmente
Abercrombie Popular?

Ao longo dos anos, não faltaram iniciativas e grupos sociais que interrogaram as práticas da Abercrombie & Fitch. Com uma proposta questionadora, um perfil no Tumblr batizado de  “Abercombrie Popular” convidou moradores em situação de rua para posarem com blusas da marca.

A iniciativa veio como resposta às declarações do antigo CEO da empresa, Mike Jeffries, ao afirmar: “Muita gente não serve em nossas roupas e não devem servir”. Nas redes sociais, a A&F disse que, atualmente, a marca não condiz mais com a realidade apresentada no documentário.

Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!

Colaborou Luiz Maza

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