Projeto Masp Renner chega à terceira temporada com pautas sociais
As 10 duplas de artistas e estilistas participantes irão confeccionar peças-obras que passarão a integrar o acervo do museu paulista
atualizado
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O projeto Masp Renner, que convida artistas plásticos e estilistas a criarem produções que integrarão o setor de moda do museu, chega à terceira edição. Desde 2017, a varejista Renner apoia o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand a continuar como o salvaguarda da moda nacional, já que possui um dos mais importantes acervos do país. Neste ano, a curadoria é de Hanayrá Negreiros, mestre em Ciência da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pesquisadora e colunista da revista Elle Brasil.
Vem conhecer o projeto!
Apesar de ser uma das maiores varejistas do país e ter o comercial como principal vertente, a Renner apoia a iniciativa que visa criar roupas para expor – e não vestir. Ao longo de cinco anos, já foram confeccionados 53 looks que refletem a diversidade cultural do acervo de obras de arte do Masp e também uma pluralidade de temas e linguagens.
Anunciada como a nova curadora do Masp Renner em 2021, Hanayrá Negreiros explicou qual o objetivo de usar a moda para criar verdadeiras obras de arte. “Ao elaborarmos um projeto em que a roupa extrapola o sentido básico de cobrir um corpo e adentra um espaço museológico, criamos a possibilidade de estabelecer outras relações para a linguagem de moda. Aqui, a roupa e o vestir se mostram interessantes plataformas para pensarmos assuntos que estão ‘na Ordem do Dia’, como política e sociedade, memórias e corporeidades não hegemônicas”, apontou em comunicado à imprensa.
Masp Rhodia
A relação do Masp com a moda começou em 1951, quando o museu foi pioneiro ao organizar uma apresentação que contou com peças de Christian Dior. No ano seguinte, foi palco do primeiro desfile de moda brasileira, onde foram exibidas criações do designer italiano Roberto Sambonet com estampas assinadas por artistas como Carybé e Burle Marx. Contudo, o casamento foi consolidado apenas na década seguinte, mais precisamente em 1960, quando a Rhodia arquitetou um projeto inovador.
A empresa, à época o maior nome da indústria têxtil nacional, convidou artistas para usar os tecidos apresentados na Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit) e criar roupas que estreitassem os laços com as artes. A ideia foi do publicitário italiano Livio Rangan, e do ilustrador e designer Alceu Penna, para divulgar a nova produção de fios e fibras sintéticas da empresa francesa em desfiles/shows.
Ao longo de uma década, o evento reuniu fortes nomes do teatro, da dança, música e das artes visuais – o que ajudava a atrair ainda mais mídia. Apresentou peças de grandes artistas como Alfredo Volpi, Francisco Brennand, Manabu Mabe e Willys de Castro, e de estilistas como Dener Pamplona, José Ronaldo, Jorge Farré e Ugo Castellana. As peças criadas durante esse período foram doadas ao Masp e compõem, atualmente, o acervo de moda do museu.
As duplas
Nesta edição, o projeto Masp Renner convidou 10 duplas – cada uma formada por um estilista e um artista plástico – para desenvolver as peças-obras. A equipe que fez a seleção teve o cuidado de diversificar não apenas na idade, mas também na região de origem dos escolhidos. A ideia era que o processo criativo partisse de questões como identidade, sustentabilidade e as relações com a tradição e a contemporaneidade.
As duplas formadas foram: Aline Bispo e Flavia Aranha; Criola e Luiz Claudio Silva (Apartamento 03); Larissa de Souza e Diego Gama; Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamot0; Panmela Castro e Walério Araújo; Edgard de Souza e Jum Nakao; No Martins e Angela Brito; Randolpho Lamonier e Vicenta Perrotta; Valdirlei Dias Nunes e Vitorino Campos; e Wallace Pato e Day Molina.
Leandro Muniz, assistente curatorial do museu, afirmou que os temas abordados pelas duplas são um reflexo do seu meio. “A cada nova temporada, novas questões atravessam os artistas, estilistas e curadores envolvidos. Atualmente, é inevitável pensar sobre as questões raciais, de gênero e classe, bem como refletir sobre história e sustentabilidade em um país sanitária, econômica e socialmente em crise”, explica.
Serviço
A exposição com as peças confeccionadas para o projeto está prevista para 2023. Ao longo deste ano, porém, serão lançados minidocumentários sobre as temporadas anteriores do projeto Masp Renner.
O museu fica na Avenida Paulista, 1578, São Paulo – SP. Ele é fechado às segundas-feiras e, às terças, funciona de 10h às 20h e tem entrada gratuita. De quarta a domingo, abre às 10h e fecha às 18h. Para mais informações, basta acessar o site da instituição.
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!
Colaborou Carina Benedetti