Prada convoca cinco artistas visuais para interpretarem novas coleções
Em vez de um desfile, Miuccia Prada apresentou seus últimos trabalhos solos em um vídeo intitulado O Show Que Nunca Aconteceu
atualizado
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A Prada encontrou uma resposta artística para a impossibilidade de realizar um desfile tradicional durante a Semana de Moda Digital de Milão. Em vez de apresentar as peças em uma passarela, Miuccia Prada convocou cinco artistas para interpretar as coleções primavera/verão 2021 masculina e resort 2021 feminina em fotos e vídeos. O resort, vale lembrar, seria apresentado no mês de maio, em Tóquio, mas teve o desfile cancelado por causa da pandemia.
Vem comigo!
Cada um dos artistas teve total liberdade criativa para interpretar as peças em pequenas produções audiovisuais. Todo o projeto foi dividido em uma parte para cada, na seguinte ordem: Willy Vanderperre (fotógrafo), Juergen Teller (fotógrafo), Joanna Piotrowska (fotógrafa), Martine Syms (artista) e Terence Nance (cineasta, músico e ator).
Vale lembrar que este é o último trabalho solo de Miuccia Prada para a grife. A partir de setembro, as peças serão fruto da codireção criativa com o estilista belga Raf Simons. Na opinião dela, o formato adotado nesta temporada mostra o “próximo passo” dos desfiles de moda: as roupas na vida daqueles que as vestem.
“O conceito é algo em que sempre acreditei: uma vez que crio roupas, elas pertencem à vida das pessoas. Eles pertencem a outros. Esse formato é um gesto, e significa que essas roupas não são mais minhas”, explicou a designer sobre a proposta ao WWD.
O resultado aparece compilado em um vídeo, intitulado Prada Múltiplas Visões primavera/verão 2021 – O Show Que Nunca Aconteceu. Além do filme curto e das fotografias sob o olhar dos artistas, a marca divulgou o lookbook completo da coleção e alguns cliques dos detalhes.
Abaixo, a coluna analisa as intervenções dos cinco artistas:
Capítulo 1, por Willy Vanderperre
Uma vibe introspectiva e minimalista permeia a contribuição do belga Willy Vanderperre. O fundo é branco e os looks trazem uma alfaiataria clássica com cores neutras, combinando com a ambientação do vídeo. Ao fim, sons de violino ecoam de maneira agoniante enquanto os modelos desfilam desordenadamente.
O artista descreve o compilado de peças como “uma coleção honesta”. “Um olhar sobre o passado e o futuro pela frente. Espero que o público sinta, no filme, uma apresentação pura e honesta destilada da coleção”, divagou. Segundo veículos de moda internacionais, todos os vídeos parecem ter sido feitos no prédio da Fondazione Prada.
Capítulo 2, por Juergen Teller
Misturando vídeos e fotos, Juergen Teller criou composições com modelos e tubos industriais. “Gostei de olhar para a visão de Miuccia e tentar entendê-la da maneira mais honesta e direta possível”, comentou o alemão. Uma música com solo de piano acompanha todo o vídeo, cortada por barulhos de fábrica.
Camisas e calças de alfaiataria, casacos e bolsas de nylon chamam a atenção entre as peças. Os vestidos cocktail e saias acinturadas remetem aos anos 1950. Novamente, há destaque para o preto e o branco. Todos os modelos calçam sapatilhas.
Capítulo 3, por Joanna Pitrowska
A fotógrafa polonesa evoca ainda mais introspecção e mistério em seu vídeo, na escala de cinza, com um visual que remete ao cinema mudo. Os movimentos dos modelos, em uma espécie de coreografia conceitual, são guiados por estalos de dedos. O ambiente é melancólico e escuro nas paredes, chão e cortinas.
Nesse conteúdo, os modelos vestem peças de alfaiataria, com destaque para chemises e um modelo romântico e estampado. Um dos rapazes usa um conjunto que lembra um pijama.
Capítulo 4, por Martine Syms
O clima é mais agitado no quarto capítulo, conduzido pela norte-americana Martine Syms. Nele, os modelos interagem e transitam em uma sala de cinema, com direito a trilha sonora eletrônica, colagens repetitivas e glitches. As peças também ganham a dose de cor que não foi vista nas partes anteriores.
Na página oficial do projeto, a artista explicou que captou referências da cultura da “vigilância” do cinema dos anos 1960, década que inspira a pegada dos itens. “Sou inspirada pela maneira como as telas nos fazem e desfazem, e o que significa viver, respirar, mover coisas carnais em um mundo cheio delas”, comentou.
Capítulo 5, por Terence Nance
O quinto e último capítulo é um dos mais experimentais e trabalha com reflexos e sombras em movimento. Neste vídeo, que gira em torno de um prédio espelhado, chamam a atenção as peças mais esportivas, quase sempre em visuais brancos monocromáticos.
“O filme que apareceu nasceu da velocidade e da brincadeira. Não tenho palavras para decodificar qual é o significado e o que é e será, mas pode ser sobre o tempo, e manter seus órgãos naquele vaso que chamamos de corpo enquanto ela se contorce para amar cada segundo enquanto se despede”, definiu o artista norte-americano.
Sobre a coleção
Segundo a grife, as peças evocam a quintessência da Prada. Os itens foram pensados para durar e transitam entre o clássico, o esportivo e o futurista. “À medida que os tempos se tornam cada vez mais complexos, as roupas se tornam máquinas simples e sem ostentação, para viver, e ferramentas para ação e atividade”, explicou a marca. As roupas exploram recortes retos e limpos, sem recorrer a decorativismos ou detalhes extravagantes.
Confira alguns looks femininos do Resort 2021 na galeria:
Colaborou Hebert Madeira