Prada assina acordo de milhões de euros pela sustentabilidade
O empréstimo com o Grupo Crédit Agricole é exemplo para o setor de luxo. Os juros diminuem à medida que metas são cumpridas
atualizado
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A necessidade de mudanças para garantir a sobrevivência dos recursos naturais da Terra está cada vez mais alarmante. Na moda, um dos setores mais poluentes e prejudiciais ao meio ambiente, essas transformações são essenciais. Aos poucos, o mercado de luxo vem se adequando aos avanços. Nesse sentido, a Prada assinou um acordo histórico, que demonstra o interessante em realmente cumprir práticas de sustentabilidade.
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A marca pegou um empréstimo de 500 milhões de euros ao longo de cinco anos. Firmada com o Grupo Crédit Agricole, a negociação é essencialmente destinada a práticas que reduzam o impacto ambiental e ações de revitalização.
“A transação demonstra que a sustentabilidade é um elemento-chave para o desenvolvimento do Grupo Prada e, cada vez mais, integrado à nossa estratégia”, frisou Alessandra Cozzani, chief financial officer e diretora-executiva da empresa.
“Estamos confiantes que a colaboração com o Crédit Agricole, um líder em seu setor, ajudará a estender os benefícios de um negócio responsável para o mundo financeiro”, completou a CEO em comunicado oficial.
O acordo tem cláusulas de reduções de juros ligados diretamente a metas ecológicas. À medida que os objetivos forem cumpridos, os valores anuais vão diminuindo.
Os parâmetros para medir os objetivos alcançados pela Prada ainda não foram totalmente definidos. “A novidade será encontrar uma maneira de mensurá-los de maneira tangível”, comentou Alberto Bezzi, representante do Crédit Agricole.
Por enquanto, os três principais propósitos acertados pela empresa de crédito são: um limite de tempo de trabalho para funcionários da companhia; análise da quantidade de produção do substituto sustentável do nylon lançado pela grife; e o número de lojas Prada que recebem certificados LEED – Leadership in Energy and Environmental Design – de platina ou ouro.
A iniciativa é a primeira no setor fashion de luxo. Contudo, de acordo com o Environmental Finance, a tendência é que esse tipo de financiamento fique mais comum. Em geral, os dados mostram que o mercado de empréstimos ligados à sustentabilidade cresceu de US$ 5 bilhões em 2017 para US$ 40 bilhões em 2018.
Há meses, a Prada entrou em uma onda real de comprometimento com a fauna e a flora. O primeiro passo relevante em 2019 foi o fim do uso de peles animais nas confecções.
Depois de pedidos de clientes e reivindicações constantes nas redes sociais, em maio, a etiqueta anunciou que aderiu ao movimento fur free. Desde a coleção de primavera/verão 2020, a grife italiana passou a investir em materiais alternativos.
Recentemente, a label comandada por Miuccia Prada também lançou uma linha em parceria com a Aquafil, empresa especializada na produção de fibras sintéticas. O projeto, batizado de Re-Nylon, inclui peças feitas com uma espécie de nylon ecológico. O material é desenvolvido por meio do processo de reciclagem e com materiais de descarte e resíduos plásticos coletados nas águas.
“A produção de fios Econyl ajuda a financiar um trabalho valioso para limpar oceanos, reduzir o aterro têxtil e aumentar a sustentabilidade na criação de moda, minimizando o desperdício. Também fornece emprego e renda para comunidades em todo o mundo”, explicou a Prada nas redes sociais.
Em colaboração com o National Geographic, a grife também produziu uma série de vídeos curtos sobre o Re-Nylon. A ideia foi conscientizar o público em relação à importância da iniciativa.
Nesta sexta-feira (08/11/2019), a Prada vai realizar a conferência Shaping a Sustainable Future Society, em Nova York. Será a terceira edição do evento, que discute questões éticas no local de trabalho.
Colaborou Rebeca Ligabue