Piñatex: conheça Carmen Hijosa, idealizadora do “couro” de abacaxi
A empresa atende grandes marcas do mercado, incluindo Hugo Boss, Chanel, Mango e a brasileira Insecta Shoes
atualizado
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O abacaxi, fruta tropical que encanta pelo aroma e sabor adocicado, também ganhou potencial como alternativa mais sustentável ao couro pelas mãos da empresária espanhola Carmen Hijosa. Aos 69 anos e com uma vasta experiência no ramo têxtil, a profissional é responsável pela patente de “couro” ecológico Piñatex, que utiliza as folhas desse fruto como matéria-prima. Atualmente, a empresa já trabalhou com mais de 3 mil marcas ao redor do mundo, incluindo Hugo Boss, Chanel, Mango e a brasileira Insecta Shoes.
Vem conferir!
A carreira de Hijosa foi construída sobre os pilares da moda. Ainda com 19 anos, a jovem se mudou para Irlanda, na Europa, onde reside atualmente. Não demorou para abrir a sua primeira empresa, focada em acessórios de couro, onde atuou por 15 anos.
Sua expertise no setor rendeu o convite para ser consultora têxtil do World Banc, European Union, atuando em vários países do globo e atendendo etiquetas de luxo, a exemplo da Harrods, Liberty e Takashimaya. Em suas viagens a trabalho, em busca dos melhores couros do mercado para seus clientes, Carmen desembarcou nas Filipinas, na Product Development and Design Center of the Philippines (PDDCP).
E foi nessa viagem quando ela decidiu abandonar a carreira promissora, em 1993. No país asiático, Carmen pôde acompanhar o processo de fabricação do couro e conferir de perto o quão poluente e químico os métodos eram. Além de degradarem o meio ambiente e intoxicarem profissionais que trabalham nas fábricas, as condições de trabalho análogas às de escravidão espantaram a consultora.
“Não tinha plano B nem nada, mas prometi a mim mesma que não trabalharia mais com couro. E foi então que minha vida mudou”, destacou, em entrevista ao portal Insider.
A viagem foi uma divisora de águas em sua trajetória. Abriu os olhos de Carmen para enxergar um potencial no país. Aliás, ela também queria ajudar a população local, tendo como base as plantações de abacaxi, parte fundamental da economia filipina, e que coloca o país entre os três principais produtores da fruta, ao lado de Brasil e Costa Rica.
Há mais de 12 anos, a empresária estuda fibras sintéticas e chegou a um tecido similar ao couro, desenvolvido a partir das fibras das folhagens do abacaxi e com características similares ao couro bovino, como a impermeabilidade e flexibilidade. Contudo, apresenta credenciais ambientais melhores, não usa água, químicos nem fertilizantes.
Foi em 2016 que a Piñatex lançou seu primeiro protótipo do material e conquistou um lucro de US$ 363 mil. Mesmo na pandemia, a empresa cresceu. Segundo dados publicados no site, o empreendimento expandiu 40% em 2020, em relação ao ano de 2019.
Colaborou Sabrina Pessoa