Pesquisadores desenvolvem chinelos biodegradáveis feitos de algas
Cientistas da Universidade de San Diego, nos EUA, criaram a novidade para ajudar a reduzir a poluição de plástico no mundo
atualizado
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A depredação do meio ambiente, muitas vezes, se dá por meio de hábitos que nem percebemos serem prejudiciais. Usar um chinelo, por exemplo, é algo extremamente comum, mas contribui para o descarte de plástico. Com o objetivo de combater o impacto desse tipo de calçado na natureza, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, desenvolveram um modelo biodegradável de sandália, feita a partir de algas.
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A equipe da universidade descobriu como transformar os seres vivos aquáticos em polímeros renováveis. O grupo foi coordenado por Stephen Mayfield, professor de biologia da UC San Diego, ao lado de Skip Pomeroy e Michael Burkart, professores de química e bioquímica. Alunos de graduação e pós-graduação da instituição também atuaram nos estudos.
“O petróleo vem de algas que viveram nos oceanos antigos há centenas de milhões de anos”, conta Mayfield, em comunicado. “Muita gente não sabe disso, mas o que significa é que qualquer coisa que podemos fazer com o petróleo também pode ser feita com as algas”, explica.
A poluição por plásticos nos oceanos deve triplicar até 2040, de acordo com uma pesquisa da ONG International Solid Waste Association, divulgada pela Reuters. Segundo a universidade que liderou o projeto, 3 bilhões de chinelos à base de petróleo são produzidos em todo o mundo a cada ano.
Esses pares comumente acabam como lixo não biodegradável em aterros, rios e oceanos ao redor do globo. Portanto, o objetivo é contribuir para a conscientização da sociedade e diminuição do impacto ambiental. “Ficou óbvio que o mundo tem um grande problema de plástico poluindo o planeta, agora, mais do que nunca”, disse Burkart, em entrevista à CNN.
Processo
Há dois anos, foi desenvolvida a primeira prancha de surfe à base de algas do mundo. Os cientistas da UC San Diego trabalharam com uma fabricante local de pranchas de surfe, a Arctic Foam of Oceanside. O item já está sendo usado por vários surfistas profissionais e gerou uma nova alternativa na indústria.
Então, os especialistas constatam que a mesma tecnologia poderia ser aplicada para a produção de sapatos e outros itens. Após muitos testes, foi criada uma espuma de poliuretano, 52% natural (“biocontent“), e formada por 48% de petróleo. Em cinco anos, a expectativa dos pesquisadores é criar um produto com materiais 100% renováveis.
“Parte do desafio é que, normalmente, eu faria uma descoberta, publicaria um artigo e isso seria o fim de tudo”, destaca Stephen Mayfield, em nota oficial. “Contudo, a melhor invenção, se guardada dentro do laboratório, realmente não tem valor para o mundo. A maneira de tornar essa invenção valiosa é transformá-la em um produto”, defendeu.
O processo de criação dos chinelos começa com o cultivo de algas em tanques. Em seguida, elas são separadas da água para criar uma pasta viscosa. Os cientistas extraem a gordura e, em diferentes etapas químicas, é feita a quebra em partículas, que viram polímeros. Por último, os polímeros são despejados em um molde de calçado.
As peças se decompõem em cerca de 18 semanas. “A ideia que buscamos é fazer esses chinelos de forma que possam ser jogados em uma pilha de compostagem e sejam comidos por microorganismos”, diz Mayfield. Além disso, o material permite uma ampla variedade de designs e cores. Com tira minimalista e tridente estampado, o calçado é esponjoso e flexível.
Para comercializar os chinelos, os pesquisadores lançaram a Algenesis Materials, uma empresa de biotecnologia que vai colaborar com fabricantes de calçados. Além dos chinelos, a iniciativa venderá outros produtos biodegradáveis feitos de algas. As sandálias devem estar disponíveis a partir de janeiro de 2021.