“Eu encontrei na moda o meu propósito”, define a estilista Paula Vilas Boas. Nome à frente da etiqueta homônima, a PVB Brand, a brasiliense cresceu tendo o universo fashion como elemento fundamental em sua trajetória. Desde a adolescência, gostava de produzir as próprias roupas e sempre buscou trazer inovação nas modelagens e nos detalhes. Na segunda matéria da série Moda Brasília, a coluna te convida a conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessa jovem promissora da capital.

Vem comigo!

Entender a vocação desde cedo é privilégio de poucas pessoas. Paula Vilas Boas, neste caso, foi uma das premiadas. Em busca de vestir peças únicas e que transportassem a sua essência criativa, ela costumava desenhar as próprias roupas ainda na adolescência. A partir das criações, levava os modelos para a costureira dar vida às ideias.

Mesmo com futuro certo no segmento, no período da faculdade ela optou por trilhar um caminho diferente. “A moda sempre esteve presente em tudo que eu fazia, como parte do meu DNA. Apesar disso, não via como uma área segura para mim. Por incentivo da minha família, acabei cursando direito e segui carreira na área por quatro anos”, relembra. Ainda que a escolha profissional não estivesse atrelada à sua paixão, Paula sempre levava para todos os locais a pegada fashion.

Nas produções para o dia a dia, não abria mão de peças com tons vibrantes e modelagens diferenciadas. Por causa disso, os elogios somavam-se onde quer que a jovem estivesse. Afinal, no ambiente corporativo, com código de vestimenta predominantemente composto por peças de tons sóbrios, remetendo ao guarda-roupa masculino, raras são as pessoas que ousam mais e conseguem trazer elementos divertidos.

Após temporada dedicando-se à advocacia, Paula começou a questionar as suas escolhas a longo prazo. Logo a pergunta “Será que eu gosto genuinamente do que estou fazendo?” começou a pairar no ar. “Sempre fui motivada por propósito. Vi que onde estava inserida não estava conseguindo passar aquilo que mais amava. E foi nesse momento que consegui perceber que a moda ia além de algo que eu gostava e era, de fato, um dom”, compartilha.

A mudança de carreira, no entanto, não aconteceu de uma hora para outra. Internamente, a ideia já estava sendo lapidada e colocada à prova em ações concretas. Antes mesmo de se especializar no segmento, a estilista buscou conhecimento nas demais áreas que compõem um negócio — da gestão ao marketing, do administrativo ao pós-venda. E foi então que, há pouco mais de um mês, Paula lançou a sua marca para o mundo: a PVB Brand.

Confira a entrevista da coluna com a estilista Paula Vilas Boas:

Como você iniciou a sua trajetória na moda?
Paula Vilas Boas: Desde pequena, eu sempre fiz as minhas próprias roupas. Eu gostava de me vestir diferente das outras pessoas, sabe? Não sair para um evento, por exemplo, e encontrar várias meninas com a mesma roupa que a minha. Essa vontade de criar algo do zero é uma característica que sempre fez parte de quem eu sou.

Você se dedicou à advocacia por quatro anos. Como o direito e a moda se cruzaram na sua trajetória?
Por causa do meu trabalho, que exigia uma vestimenta mais formal, sempre usei peças de alfaiataria. Para me diferenciar, mandava fazer conjuntos bem diferentes, com cores que fugiam do tradicional preto e branco. E foi aí que vi que existia um buraco no mercado e poucas opções acessíveis, levando as pessoas a usarem peças de pouca qualidade no fast fashion ou pagar um absurdo em lojas especializadas. Analisando essa demanda, vi que existia não somente uma oportunidade como também uma necessidade.

Qual foi a motivação para iniciar a sua marca?
Antes de tudo, eu me questionei: “Como posso fazer algo diferente e único?”. Afinal, existem muitas marcas nascendo todos os dias. Eu procurei entender qual seria o meu diferencial para não reproduzir mais do mesmo. Queria que as pessoas conseguissem se ver nas peças e, mais importante que isso, conseguissem se sentir confortáveis na própria pele. Acredito que onde quer que a gente vá, somamos o ambiente com um pouquinho de nós. Então, a minha ideia inicial foi baseada nesse princípio.

Por que decidiu “nichar” a PVB Brand para o público feminino?
Dentro do ambiente de trabalho, nesse universo do business, vejo que as mulheres ainda são muito julgadas pelo que elas vestem. Eu criei a PVB Brand para ser ferramenta, possibilitando que outras mulheres conquistem os lugares que elas desejam, posicionando-se como figuras fortes e empoderadas. Eu quero vestir essa mulher, ser parte da vida dela. O manifesto da minha marca é justamente este: seja protagonista da sua história.

Qual a assinatura da sua marca?
Eu prezo muito pelos detalhes. As peças da PVB Brand carregam um ponto em comum: os botões de acrílico quadrados. Com o passar do tempo, o meu grande sonho é que as pessoas “batam” o olho em uma das minhas peças na rua e já consigam associar que se trata de um produto da minha marca.

No universo da moda, quais são as suas maiores inspirações e influências?
Eu tenho um top 5 de marcas preferidas: Balmain, Yves Saint Laurent, Chanel, Dior e Alexander McQueen. Essas casas preservam os códigos ao mesmo tempo que propõem o novo, com detalhes que fazem toda a diferença no resultado final. Eu quero manter essa visão crítica e supermeticulosa com as minhas peças, utilizando os melhores tecidos e as melhores finalizações.

Como funciona o seu processo criativo?
Costumo focar na seguinte linha: primeiro crio, peço opinião de amigos, mando fazer uma peça e visto para ver como fica. Na base da tentativa e erro, sabe? Tenho uma visão bem realista e quero criar roupas que sejam lindas, além de superpráticas e funcionais. A opinião das pessoas importa muito para o crescimento da empresa. Por isso, seleciono mulheres com estilos completamente opostos e estudo as considerações de cada uma. Eu quero vender peças alinhadas com o que elas buscam.

Quais são as novidades previstas para os próximos meses?
A minha primeira coleção oficial vem como resultado das minhas pesquisas com as clientes. As primeiras peças que criei tinham shapes mais oversized e cores ousadas. Percebi que muitas mulheres que trabalham em ambientes mais formais ainda são muito resistentes a usar cores por medo de serem julgadas ou até mesmo por não terem informação de moda suficiente para saber combinar.

Pensando nisso, agora em novembro a PVB Brand irá lançar a coleção Dynamis. A linha irá englobar blazers e calças em tons mais básicos, como preto, branco e cinza, mas irei manter as peças criativas e em tons mais alegres. Para o fim do ano, as clientes também poderão encontrar opções com brilhos e adornos superdiferentes.

Série Moda Brasília

Neste mês, a coluna Ilca Maria Estevão deu início à série Moda Brasília. Toda semana, na sexta-feira, apresentaremos uma marca, designer ou etiqueta local, a fim de dar ênfase à moda criada no Distrito Federal e no Centro-Oeste.

O objetivo é apresentar iniciativas e empresas que atuem em prol da cadeia produtiva regional de maneira criativa, sustentável e inovadora. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna, a partir de critérios como diferencial de mercado, pioneirismo e ações que valorizem a comunidade.

Colaborou Marcella Freitas