O gótico romântico e o militarismo na Semana de Alta-Costura em Paris
Entre os destaques, estão as grifes Dior, Chanel, Ellie Saab, Armani Privé, Maison Margiela e Jean Paul Gaultier. Vem comigo!
atualizado
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A Semana de Alta-Costura em Paris acabou nessa quarta-feira (4/7) e trouxe grandes surpresas. Apesar da ascensão das tendências guiadas pelo streetwear nas coleções convencionais, as grifes especializadas em couture mostram que as peças glamourosas feitas exclusivamente à mão ainda estão com tudo e atraem fashionistas do mundo inteiro para a capital francesa.
A diferença é que, dessa vez, a moda do haute couture fez um statement bastante rebelde. Para começar, na passarela da Chanel, vestidos de festa aparecem com botas e o gótico está evidente em cada penteado.
A temporada de outono/inverno 2018/19 apresentou em peso características do estilo, que, misturado ao período vitoriano, traz drapeados, babados e muito volume. Além disso, o metalizado e a cintilância dominaram as passarelas. Peças estruturadas e shapes abstratos mostraram a moda como uma obra de arte. Você não pode deixar de ver os destaques de Dior, Chanel, Armani Privé, Ellie Saab, Maison Margiela e Jean Paul Gaultier.
Vem comigo!
Chanel
A passarela da Chanel é sempre uma das mais esperadas da semana parisiense. Karl Lagerfeld consegue inovar e manter o DNA da grife. Nesta temporada, investiu em tons neutros, como preto, cinza e branco. A pegada é minimalista. No topo da cabeça, penteados bastante volumosos.
A sofisticação clássica aparece nos bordados e aplicações minuciosas. Maquiagens metalizadas, além de acessórios de cabeça elegantes e modernos, fizeram parte das composições. Com leveza, o estilista trouxe fendas, decotes assimétricos, ombros marcados, botas e até saias mullet. Ele manteve o clássico tweed, reforçou a moda gladiadora e apostou na elegância dos detalhes, como flores bordadas no interior do casaco.
O cenário, cópia de uma rua em Paris, representa bem a paixão do estilista pela cidade. Fotos e livros de Coco Chanel ilustraram as bancas.
A noiva, sempre presente nas apresentações da marca, apareceu na parte final do espetáculo. Dessa vez, foi Adut Akech Bior – que já tinha participado do desfile Cruise da grife francesa, anteriormente – a responsável por usar a bela peça. A maison não colocava uma modelo negra para fechar seus shows há 14 anos.
Ellie Saab
O estilista Ellie Saab se inspirou em Barcelona para criar sua coleção couture. Destaque para as referências arquitetônicas e esculturais. Os paetês foram a grande aposta da grife libanesa.
Para não ficar apenas nos longos, o designer também escolheu dar destaque a vários smokings – inclusive em vestidos com decotes e até ombros à mostra. Os tailleurs apareceram com cintura marcada, assim como os trajes, e em alguns detalhes florais.
Dior
A coleção da Dior trouxe romantismo e delicadeza para a passarela. Sob direção de Maria Grazia Chiuri, o nude foi a cor mais presente nas criações, harmonizado com o toque girlie dos tecidos fluidos e jacquards florais bordados, que apareceram em corsets. Tudo isso foi resultado de uma visita aos arquivos da grife e combinou muito com o trabalho de Kim Jones na Primavera/Verão 2019 da Dior Homme, abordando a masculinidade de um ponto de vista mais delicado.
Os itens valorizaram bem a silhueta da cintura, que ao longo das peças ia se desfazendo em saias com movimento e feminilidade. A tendência dos mamilos expostos não ficou de fora: Chiuri usou bastante tule, deixando o busto levemente à mostra em alguns momentos.
Os conjuntos de alfaiataria ganharam vida em tecidos cintilantes dourados. Além do decote em V, que valorizou as formas dos vestidos, chokers e cintos finos complementaram os looks de forma chique.
Armani Privé
O preto predominou nos looks exibidos na passarela da Armani Privé. Sozinha ou combinada com nuances claras de bege e rosa, a cor estava na maioria das peças. Materiais como veludo e malha foram escolhidos para o espetáculo, assim como cortes assimétricos.
Além de vestidos bastante justos, a grife italiana escolheu apresentar vários terninhos para compor os visuais, echarpes e acessórios de cabeça. O desfile teve uma pegada clássica e, ao mesmo tempo, simples.
Jean Paul Gaultier
Enquanto muitos designers buscaram beber da água criativa de suas próprias fontes, Jean Paul Gaultier foi menos centrado em si mesmo. Em seu desfile de alta-costura, o estilista prestou uma homenagem ao Le Smoking, o smoking para mulheres criado por Yves Saint Laurent.
Apesar disso, o estilo polêmico do criador dos bustiês de cone continua presente na persona de Gaultier. Sempre alinhado com uma sensualidade nada convencional, ele trouxe looks góticos e cheios de drama para a passarela. O destaque, como foi bem pontuado pelo site WWD, fica por conta da alfaiataria afiada com uma inclinação andrógina.
Outro ponto alto são os escudos plásticos transparentes, que tinham como emblema o slogan “Free the Nipple”, uma resposta oportuna aos primeiros dias de questionamento das regras de gênero. Assim como a amiga Madonna, Jean Paul segue fiel à sua estética provocadora de reflexões.
Maison Margiela
Se tem uma coisa da qual não podem acusar John Galliano é ser entediante. Mais uma vez, o designer à frente da Maison Margiela traz uma coleção que foge extremamente do tradicional – marca registrada do DNA da casa.
Longe de qualquer preocupação com a elegância conservadora, o estilista se inspirou em uma realidade virtual cheia de cor, sobreposições e peças usadas de trás para frente. Ele explicou à Vogue que o conceito de diversas camadas de roupas foi coadjuvante diante da ideia principal, “criar o seu próprio mundo dentro de uma realidade muito conturbada no momento”.
A paleta criativa e cheia de tons pastéis misturou-se a uma volumosa e complexa coleção que pode não agradar a todos, mas definitivamente tem personalidade e técnica.
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Colaboraram Hebert Madeira e Rebeca Ligabue