NYFW: veja os destaques das coleções de outono/inverno 2021
A última edição do evento chegou ao fim na quarta-feira (17/2). Grifes apostaram no conforto e em uma pitada de escapismo
atualizado
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O formato digital ainda é a alternativa das semanas de moda durante a pandemia. O New York Fashion Week de outono/inverno 2021, que encerrou oficialmente na quarta-feira (17/2), teve apenas dois shows físicos presenciais, com distanciamento social. Conforto e alfaiataria marcaram presença nas coleções da temporada, que ousaram pouco, mas trouxeram peças coerentes com o momento atual. Algumas marcas, por outro lado, optaram pelo escapismo e pelo desejo de tempos mais festivos. A coluna selecionou alguns destaques que reúnem um pouco de cada tendência.
Vem descobrir o que as grifes aprontaram neste NYFW!
Jason Wu
Conhecido pelas peças elegantes e dignas de tapete vermelho, Jason Wu tem tentado mostrar sua versatilidade nas coleções apresentadas durante a pandemia. O outono/inverno 2021 não se distancia do momento atual, com vestidos, terninhos e suéteres adequados para compromissos externos que a situação permite, como reuniões de trabalho.
O designer entregou um trabalho que resume várias outras coleções do NYFW nesta temporada: conforto e discrição. Se as modelagens e recortes são mais tradicionais, os detalhes entregam o brilho do compilado. Há peças decoradas com franjas, pespontos propositalmente aparentes, estampas chiques e uma colaboração com a Coca-Cola.
O icônico refrigerante inspirou padronagens de saias plissadas e blusas, além do vermelho marcante que aparece em várias peças. A referência está diretamente ligada à culinária, paixão que Wu cultivou bastante na quarentena. Texturas comfy marcam presença em casacos, saias e nos elegantes suéteres. Botas até o joelho arrematam o styling pronto para o frio.
Para o desfile (um dos dois eventos físicos no lineup oficial do NYFW), realizado em um espaço de vendas no SoHo nova-iorquino, o estilista imaginou um mercado da década de 1950 e preencheu o lugar com alimentos frescos, garrafas de vinho e azeite de oliva. A distribuidora Chefs’ Warehouse foi responsável pelos ingredientes. Todos foram doados após o evento para uma instituição que alimenta pessoas necessitadas.
Imitation of Christ
Texturas, transparências e brilhos conduzem as peças mais interessantes da nova coleção da Imitation of Christ, marca conceitual comandada pela designer, atriz e diretora Tara Subkoff. O decorativismo de algumas peças, como explica à Vogue Runway, faz um aceno aos vestidos de contas dos anos 1920, estética admirada pela artista.
Franjas metálicas e bordados botânicos são marcantes na coleção, que também flerta com a padronagem xadrez e o leopard print. Estampas, recortes e modelagens carregam uma pegada kitsch. Capas rendadas e semitransparentes cobrem os ombros em alguns vestidos e blusas, acrescentando um toque romântico.
O vídeo de pouco mais de um minuto que apresenta o compilado é uma parceria da artista com Daphne Muller e Adam Teninbaum. As cenas apresentam um coração pulsante feito em computação gráfica, que fica coberto de flores à medida que alguns modelos exibem as peças da coleção. Apresentado no Valentine’s Day, o vídeo, que é dedicado a quem perdeu algum ente querido durante a pandemia, propõe uma celebração à vida.
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Snow Xue Gao
O outono/inverno 2021 da Snow Xue Gao explora sua típica alfaiataria assimétrica e desconstruída, cores neutras, xadrezes e listras. No entanto, são os detalhes florais que roubam a cena. Eles dão tom às peças que mais se destacam no compilado: mangas únicas removíveis.
Algumas blusas ganham mangas bufantes e estruturas acinturadas que lembram corsets, características que remetem às vestimentas do século 19. A referência é a série Bridgerton, um vício recente da estilista que dá nome à marca. Alguns tops têm drapeados que perfumam o visual com romance.
Na alfaiataria, há calças midi e blazers com amarrações na cintura. Vários looks acompanham botas que sobem até a altura do joelho. A coleção se chama Women Are Tigers (mulheres são tigresas, em tradução livre), inspirada em uma canção infantil chinesa.
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Libertine
É ótimo que a maioria das coleções esteja alinhada com roupas “vestíveis” para este momento, confortáveis e mais simplistas. Por outro lado, um pouco de diversão não faz mal a ninguém. A Libertine, por exemplo, entregou o que faz de melhor: um trabalho para lá de irreverente. Geralmente, a grife costuma atualizar peças clássicas com excesso de informação visual, como estampas multicoloridas.
Entre os exageros visuais desta temporada, destaque para os blocos de palavras (com versos de poemas) e as etiquetas com o logotipo da marca costuradas ou estampadas em casacos, calças e camisas. Um terno feminino com camadas de tule sobre as mangas propõe uma mistura de elegância e extravagância.
Bordados simulam bolsos em alguns itens. Em outros momentos, aparecem em formas botânicas. As estampas de colagens florais lembram a coleção de primavera/verão 2021 da Dolce & Gabbana. Diferentemente de outras coleções, que ressignificam o vestuário clássico com estampas coloridas, esta acrescenta um ar mais urbano às modelagens.
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PH5
Como dito anteriormente, uma boa parte das coleções do NYFW foi para o lado do conforto. Com a PH5, não foi diferente. Entre muitos xadrezes, tecidos macios reconfortantes e as tradicionais bainhas onduladas da marca, a estética predominante na coleção remete a cobertores e travesseiros.
As combinações são lúdicas, e 91% dos materiais são formados por fios sustentáveis ou reciclados. A coleção traz cardigãs, coletes de lã, calças, vestidos e até alguns itens com uma vibe mais atlética.
Para arrematar a pegada digital de todo o evento, a grife de Wei Lin e Zoe Champion está lançando a própria modelo virtual, Ama, que aparece em algumas imagens do lookbook. Segundo a Vogue Runway, a personagem assume a função de “cientista-chefe de decisões” e também será porta-voz da etiqueta nas redes sociais.
Anna Sui
Um olhar otimista para o mundo pós-pandemia surge no inverno 2021 de Anna Sui. A inspiração vem do filme O Muro das Maravilhas (1968), estrelado por Jane Birkin. Na obra, a vida entediante de um jovem cientista muda drasticamente quando um casal se muda para o endereço ao lado e começa a realizar festas badaladas.
Silhuetas boêmias mostram um belo uso de texturas e sobreposições. Os vestidos têm tecidos leves com camadas e babados rendados. As padronagens reúnem motivos florais e estampas de vaca, leopardo e pavão. Franjas e mangas bufantes românticas marcam presença e acrescentam um charme retrô. Peças de tricô vazadas formam degradês interessantes.
A coleção traz muitas colaborações, a exemplo dos jeans psicodélicos pintados à mão por Anna Castellano, das malhas Birdie Purl, dos óculos de acetato reciclados da Fellow Earthlings e das ilustrações das artistas Monika Forsberg e Golden Daze. Duas sobrinhas de Sui colaboraram: Olivia fez ilustrações para camisetas, enquanto Isabella criou cordinhas de contas para máscaras.
Badgley Mischka
Outra coleção que demonstra esse anseio pela normalidade é o novo trabalho de Mark Badgley e James Mischka, dupla fortemente inspirada pela cena noturna de Nova York e pelos encontros em restaurantes finos. A coleção passeia pelo apelo nostálgico, tanto pela saudade da pré-pandemia quanto pelo mergulho em alguns designs que fizeram sucesso na trajetória da marca e aparecem atualizados.
Vestidos e conjuntos de blusa e calça esbanjam brilho em tecidos metálicos, ora com volumes marcantes e capa, ora acinturados e finalizados com mangas bishop. Também há espaço para o minimalismo dos modelos monocromáticos em vermelho e mostarda, assim como as produções em cores escuras que trazem grandes laços de cetim. As transparências e franjas aparecem como complementos mais sutis.
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C+Plus Series
Alfaiataria não precisa ser sempre formal. As criações modernas da C+Plus Series, grife fundada por C.T. Liu em 2018, são provas disso. Nesta temporada, o designer nascido em Taiwan apresenta roupas desconstruídas, com recortes futuristas e ousados, que aparecem em jaquetas, blazers e saias.
As estampas são marcantes, assim como as modelagens estruturadas e geométricas de algumas peças. O vestido de franjas metálicas azul tem um charme à frente de seu tempo. As roupas apresentam várias possibilidades de combinações, a exemplo do conjuntinho monotemático que mistura o print de onça.
A inspiração da coleção Awakening Counsciousness (Despertando a consciência, em tradução livre) vem de conceitos de Sigmund Freud na teoria psicanalítica: id, ego e superego.
A Semana de Moda de Nova York terminou, mas ainda há muito o que conferir pela frente. O London Fashion Week chega logo em seguida, a partir desta sexta-feira (19/2), e segue até o dia 23. Depois, será a vez de as marcas que se apresentam em Milão e Paris exibirem suas apostas para a temporada; boa parte delas, ao que tudo indica, em formatos digitais. Estaremos de olho!
Colaborou Hebert Madeira