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Novos talentos: veja 5 designers de moda recém-formados em Brasília

De olho na criatividade e nas mudanças estruturais de ensino, a coluna conversou com a primeira geração de graduados durante a pandemia

atualizado

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Goodboy Picture Company/Getty Images
Estilista trabalhando
1 de 1 Estilista trabalhando - Foto: Goodboy Picture Company/Getty Images

Estudar design de moda é um dos sonhos que ronda o imaginário dos apaixonados pelo universo fashion. As aulas teóricas e práticas, contudo, cobram muito mais do que encanto pela área. É durante a rotina intensa que os alunos precisam reciclar inspirações, rabiscar possibilidades, modelar as próprias formas e costurar os próximos passos. Em um período de reinvenção, a pandemia está dando origem a designers que pensam fora da caixa. De olho na criatividade e nas novas coleções conceituais, a coluna conversou com cinco formandos de 2020 no curso ministrado pelo Centro Universitário Iesb.

Vem conferir!

Giphy/Reprodução

Luana Siqueira Abrão

Como trabalho de conclusão do curso, Luana Siqueira Abrão desenvolveu uma coleção que explorou a relação entre moda e arteterapia, por meio do trabalho de Yayoi Kusama. A então aluna uniu a trajetória da artista plástica japonesa e a arte como elemento de cura – procedimento terapêutico em que são utilizados diferentes recursos artísticos para tratamento dos pacientes diagnosticados com algum tipo de transtorno psicológico.

“A intenção era demonstrar a importância da arte na vida dos seres humanos. Como ela não se limita ao belo, mas ganha destaque e pode constituir uma fuga para as dores que consomem a humanidade. Este é o caso da Yayoi Kusama (e tantos outros artistas). Ela mesma conta que foi encorajada pelo psiquiatra a criar arte com base na sua doença, traduzindo as alucinações e as imagens obsessivas”, detalha.

Aos 10 anos, Yayoi começou a pintar as suas características bolinhas infinitas (os famosos polka dots). Durante a carreira, o seu universo da arte invadiu a moda, inicialmente com estampas. Encantada pelo pontilhado da artista, Luana traz a referência de uma forma mais descontraída, com pompons e miçangas. 

croquis da estilista
Luana Siqueira criou 20 looks no projeto de conclusão do curso

 

croqui da estilista
O tema da coleção explora moda e arteterapia

 

Estilista com as peças
Por meio do trabalho da artista Yayoi Kusama

 

croqui da estilista
A estilista desenvolveu duas composições na prática

 

Estilista com as peças
Como resultado, apresenta itens conceituais
Pedro Peixoto

Com referência em história, Pedro Peixoto apresenta, logo na temática da coleção, as relações entre moda e costumes sociais no século 19. O TCC foi embasado pela narrativa do livro O Espírito das Roupas, da Gilda de Mello e Souza.

O trabalho do designer dá origem à marca de moda feminina Camille. Como parte do projeto, a coleção de estreia é intitulada Ar de Liberdade e entrega 20 looks. Os modelitos, que possuem babados e volumes estratégicos, são apresentados em uma cartela de cores composta por tons quentes.

“Idealizei um público que fosse jovem e que priorizasse sua liberdade e independência, mediante o sucesso profissional. Foi muito importante, para mim, pensar que, quando acabar a pandemia, as pessoas vão querer expressar, de forma impactante, sua criatividade – por meio da moda”, pontua.

Apaixonado pela área de criação e modelagem, o estilista ressalta a importância de incentivar novos talentos: “Ao apoiar novas ideias, você contribui não só para o comércio local e a sustentabilidade, mas também dá suporte e ajuda a manter vivo o sonho de muita gente”.

Imagem de inspiração da coleção
Pedro Peixoto buscou referências teóricas no século 19

 

Cartela de cores
Tons quentes complementam a cartela de cores

 

croqui do estilista
A coleção entrega 20 looks
Luíza Helena Casado da Silva

Já Luiza Helena Casado da Silva produziu uma ode à mulher, por meio da exploração conceitual de Cariátide, que é a figura da mulher esculpida. “O elemento arquitetônico é uma forma de ornamentação de colunas e pilares que se traduz em formas femininas”, introduz.

O tema do TCC veio de uma história que a estilista guardou durante as aulas do curso de arquitetura. As criações de Luiza foram inspiradas pela simbologia e pelas lendas que permeiam esculturas. A coleção do trabalho final propõe uma revisitação histórica.

“Busco trazer elementos da indumentária clássica, com referências atuais ou mais futurísticas. A mulher que tem influências em outras mulheres que por aqui já passaram e pretende influenciar as próximas que virão”, exemplifica.

 

croquis da estilista
“O propósito da minha coleção era trazer peças conceituais. Com itens emblemáticos que podem ser usados individualmente em composições mais básicas”, destaca Luiza

 

croquis da estilista
Peças clássicas são combinadas com itens assimétricos

 

Peças da coleção
Como o corset de jackard de seda, sobreposto por um blazer assimétrico de linhas disruptivas e mais modernas

 

croquis da estilista
Outra referência histórica que pontua a coleção é o espartilho – representado pelo short, que ganha estrutura com barbatanas

 

Peças da coleção
O blazer possui punhos removíveis. “Eles são presos com botões de pressão e podem ser retirados a qualquer hora. Eu usei como referência as mangas raquette, lá do século 18” contextualiza
Natália Fonseca Viana

Pensando na lista de momentos importantes para a maioria das mulheres, Natália Viana direcionou suas pesquisas para noivas de Brasília, mais especificamente àquelas que têm entre 25 e 45 anos de idade. Para dizer “sim”, o TCC apresenta a coleção Uma Viagem no Tempo Através do Vestido de Noiva.

“Muitas mulheres crescem sonhando com o desejado vestido branco, pois é o que vemos em filmes, em animações e na própria vida. Mas por que o branco? Essa foi a principal questão que me fez aprofundar as pesquisas sobre o tema, durante as quais pude perceber que a moda noiva, principalmente a partir do século 20, era um reflexo do que a sociedade feminina utilizava em determinada época” conta.

A nova estilista traçou um panorama histórico a respeito de algumas tradições adotadas nos casamentos ocidentais. São modelos, formatos e cores que inspiram os vestidos dos dias atuais. Como resultado, as peças mesclam tradição e modernidade para o dia especial.

croquis
Natália planejou uma coleção de vestidos de noivas

 

croquis da estilista
Pensados para o dia especial do “sim”

 

croquis da estilista
Um dos modelos foi usado pela própria estilista

 

croquis da estilista
A coleção leva todos a uma viagem no tempo

 

Modelo de vestido de noiva
Os modelos seguem o movimento slow fashion
Rafaela Ribeiro

Lingeries adaptáveis para mulheres com algum tipo de limitação física foi o tema da coleção de Rafaela Ribeiro. Ela mencionou a motivação para a escolha desse tópico. “Por acreditar que um dos momentos mais sensuais e poderosos para uma mulher é quando ela está em frente a um espelho, ou em uma ocasião especial. Quis buscar isso também para um público não tão pensado”, explica.

A fim de resgatar a autoestima de mulheres, a designer de moda uniu, como principais pilares da linha, ergonomia e sensualidade. Materiais nobres foram utilizados para agregar texturas e brilhos específicos nas peças. Além disso, zíperes e botões de pressão foram incluídos na lista de aviamentos, a fim de executar melhor as adaptações dos modelitos.

croqui da estilista
Rafaela Ribeiro desenvolveu uma coleção funcional de lingeries

 

croqui da estilista
Peças foram criadas com adaptações, para facilitar na hora de vestir

 

A recém-formada pretende continuar investindo na área. “Continuo tendo muito interesse. Essa parte de desenvolver tecnologia ou resoluções na moda me atrai muito, e até acredito que possa ser ligado a outros ramos mais ‘arcaicos’, para que eles possam visualizar realmente o poder que a moda pode obter na sociedade”, afirma Rafaela Ribeiro.

A designer de moda diz à coluna que a relação com o universo fashion parece ser de outras vidas. “Sempre quis fazer esse curso e, por mais que tenha enfrentado – como muitos dos cursos – vários comentários negativos, consegui realizar esse sonho”, celebra.


Colaborou Sabrina Pessoa

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