No aniversário de Karl Lagerfeld, confira detalhes da vida do designer
O estilista se divide entre a moda, a fotografia e algumas polêmicas. Atualmente, comanda a Chanel e a Fendi, além de ter uma marca própria
atualizado
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É inegável que Karl Lagerfeld é uma das figuras mais respeitadas no mundo da moda. Há anos, ele molda a indústria e lança tendências. Conhecido pelas escolhas ousadas e inovadoras, atualmente, é diretor criativo das grifes Chanel e Fendi, além de ter uma marca que leva o próprio nome.
Cabelos brancos, óculos escuros, blazer acinturado e luvas de couros são características do estilo icônico de Karl. Em Confidencial, documentário que acompanhou a rotina do kaiser, ele afirmou: não existe moda sem amor. “Quando eu vejo esses estilistas de tênis e camisetas velhas fazendo vestidos a preços astronômicos, culpo a desonestidade intelectual”, opinou.
Inovador, Karl produz desfiles dos jeitos mais inusitados e divertidos possíveis. Supermercado, aeroporto e cassino foram alguns dos locais escolhidos para apresentar suas coleções marcantes. Vale destacar que o designer foi o responsável pela renovação das clássicas bolsas da Chanel que nunca deixaram de ser uma sucesso. Na Fendi, esteve por trás da criação da icônica peekaboo – uma das minhas bolsas favoritas.
Nesta segunda-feira (10/9), o estilista faz aniversário. A idade é incerta, já que nem o próprio Karl sabe se veio ao mundo em 1933 ou 1935 devido a um erro na certidão de nascimento. O importante mesmo é a história construída ao longo de anos no universo fashion. Aproveito a data para relembrar um pouco da trajetória do estilista.
Vem comigo saber mais!
Karl Lagerfeld nasceu em Hamburgo, na Alemanha. Filho de um empresário e de uma violinista, ele sempre gostou de moda. Na infância, adorava recortar fotos de revistas. Também era conhecido por opinar sobre as roupas das outras crianças na escola.
Na década de 1930, com Hitler no poder, a família de Karl se mudou para uma área rural. Lá, os parentes evitavam falar sobre o nazismo. Foi na adolescência, quando voltaram a Hamburgo, que o estilista passou a se dedicar à carreira fashion. Em 1953, chegou a Paris.
Em 1962, foi contratado como assistente por Pierre Balmain. No ano seguinte, criou e assinou uma linha de roupas e acessórios para a Chloé, grife na qual trabalhou por 20 anos.
Chanel
Tornou-se diretor criativo da Chanel em 1983. Um ano depois, em 5 de março de 1984, ele terminou a nova coleção de alta-costura no estúdio da grife, na Rue Cambon, em Paris. As peças de outono/inverno foram apresentadas após três semanas.
A primeira linha foi um resgate às décadas de 1920 e 1930, com referências do trabalho deixado por Coco Chanel. A maison estava à beira da falência, mas Lagerfeld conseguiu trazer a empresa de volta ao sucesso.
Ele fez o que poucos imaginavam: levou modernidade para a grife que já estava caindo no esquecimento. Ao mesmo tempo, manteve as características marcantes e o legado da icônica marca francesa.
Karl Lagerfeld tem um histórico de inovação nos desfiles da Chanel. Transforma situações cotidianas em verdadeiras passarelas e palco para sua imaginação fora do comum. A ideia do estilista é mostrar que as roupas da grife não servem só em ocasiões formais.
Temas políticos e de comportamento são abordados pelo designer nas passarelas da Chanel. Na temporada de inverno 2014/2015, com inspiração no estilo de vida parisiense, Karl transformou o Grand Palais – cenário recorrente dos desfiles da Chanel – em um supermercado. O próprio estilista e as modelos entraram empurrando carrinhos e escolhendo produtos.
Quando a França enfrentava uma crise aérea, em 2015, Karl Lagerfeld usou o momento político para transformar o Grand Palais em um aeroporto fictício. Batizado de Chanel Airlines, o terminal foi palco para modelos desfilarem entre balcões de check-in e guichês de bagagens.
Outro bom exemplo foi quando ele optou pela sofisticação dos cassinos para lançar a linha de inverno 2016, batizada de Cercle Privé (círculo privado, em tradução livre). O Cassino Chanel tinha mesas de jogos e máquinas caça-níqueis. Com a coleção Cruise 2017, a criatividade também não ficou de lado. O desfile aconteceu em Cuba, no Passeio do Prado – uma charmosa alameda em Havana. O resultado foi um cenário lindo e rústico.
Em 2017, ele decidiu retornar a Hamburgo para apresentar a linha Métiers d’Art no Elbphilharmonie – edifício que Karl considera ser o mais interessante da Europa. As peças da coleção, inspiradas no período naval, foram desfiladas ao som de uma orquestra de música clássica.
A Chanel sempre foi notada pelas clássicas bolsas. A cada coleção, elas aparecem em novos tecidos, tons e formas. Uma das marcas de Karl foi ter lançado peças incríveis e renovadas, mas sem perder a essência da grife. Recentemente, por exemplo, desenvolveu uma linha nova e batizou de Gabrielle – uma homenagem à fundadora da maison.
A assinatura de corrente, emblemática nas bolsas criadas por Coco, aparecem mescladas a diferentes tecidos nas camera bags. Karl também manteve a tradição de colocar símbolos de sorte nos itens da marca, sempre com criatividade.
Fendi
Karl está no comando da Fendi desde 1965. A história é tão longa que virou livro: em 2015, foi lançada a obra Fendi By Karl Lagerfeld com relatos, desenhos, entrevistas e memórias do estilista alemão.
Quando a Fendi estreou na Semana de Moda de Paris, em 2015, Karl entrou para a história como o primeiro estilista a comandar dois desfiles de alta-costura na mesma temporada, considerando também o da Chanel. O estilista já colaborou com marcas como Diesel, Tommy Hilfiger, H&M, Melissa e Wolford.
Na grife italiana, uma das criações mais icônicas é o modelo de bolsa peekaboo. A criação de Sylvia Venturini Fendi surgiu na coleção Primavera/Verão de 2009. O nome é uma referência à brincadeira peek a boo, quando os bebês se divertem vendo os adultos escondendo o rosto com as mãos e mostrando em seguida. Recentemente, em comemoração aos 10 anos do lançamento, a peça foi recriada.
Outra invenção na label foram os exagerados e coloridos chaveiros. Aparecem em vários tamanhos e formatos, inclusive no shape de um “mini Karl Lagerfeld”. Em 2014, na Semana de Moda de Milão, durante a temporada inverno 2014/2015, Cara Delevingne surgiu usando um casaco-vestido preto com capuz felpudo e, para completar, segurava o acessório que homenageia o estilista.
Outra paixão de Karl é a fotografia. Tudo começou em 1987, quando ele fez fotos para um material da Chanel destinado à imprensa. Desde então, não parou. Em 2015, por exemplo, o artista reuniu vários trabalhos e lançou a exposição A Visual Journey, na Pinacothèque de Paris. Em 2010, fotografou em Buenos Aires para a Chanel.
A exposição The Litttle Black Jacket, passou por Tóquio, Nova York, Taipei, Hong Kong, Londres e Moscou. Em 2012, foi inaugurada no Grand Palais, em Paris. No ano seguinte, chegou à Milão. A mostra reuniu 113 fotos tiradas por Karl Lagerfeld de personalidades como Olivier Theyskens, Anna Wintour, Yoko Ono e Uma Thurman.
Uma curiosidade sobre Lagerfeld é que ele tem uma uma gata siamesa e a trata com muito luxo e conforto. Há três anos, Choupette ganhou mais de R$ 10 milhões por dois trabalhos publicitários. “Ela é como um ser humano, mas melhor. Sabe ficar em silêncio e não discute. Odeia os outros animais e as crianças”, afirmou Karl à revista The Cut.
Outro lado
Sabe-se também que o estilista é conhecido por fazer comentários preconceituosos e controversos. Em maio deste ano, Karl foi criticado nas redes sociais depois de declarar em entrevista à Numéro Magazine que é contra o #MeToo – movimento que reúne forças contra casos de assédio sexual.
“Agora temos de perguntar a uma modelo se ela se sente confortável a posar. É simplesmente demasiado. De agora para a frente, como designer, não se pode fazer nada”, disse Karl, entre outras afirmações sexistas. O estilista também já soltou: ‘”Se você não quer a calcinha puxada, não se torne uma modelo”.
Em 2012 e 2013, criticou o corpo da cantora Adele. Não para por aí: declarações xenofóbicas também fazem parte do histórico de Karl. Em maio, ao jornal francês Le Point, Karl disse que poderia renunciar a cidadania alemã por causa dos muçulmanos que foram recebidos no país.
Nem a própria criadora da Chanel escapou das observações de Karl. “Coco fez muito, mas não quanto as pessoas acham – ou o tanto que ela pensava no fim da carreira”, declarou em 2010 ao International Herald Tribune’s Luxury Heritage. Ele discordava dela sobre minissaias e calças jeans – peças que ele considera emblemáticas para a década de 1960.
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Colaborou Rebeca Ligabue