Vinte e cinco anos após Kurt Cobain atear fogo à coleção grunge de Marc Jacobs, mais um atrito entre o estilista e o Nirvana ganha vida nos primeiros dias de 2019. O designer está sendo processado pelos representantes da banda por usar sem autorização uma reinterpretação da logo do grupo nas peças e campanhas de seu mais recente pre-fall.

O Nirvana também alega que a presença de suas músicas e letras na divulgação do novo trabalho de Jacobs configura uma clara violação aos direitos autorais do conjunto musical.

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Em 1993, quando Marc Jacobs era diretor criativo da Perry Ellis, o estilista resolveu apostar em uma reinterpretação de luxo do estilo grunge para uma coleção da grife. O trabalho foi mal recebido pela crítica, que ridicularizou as peças criadas pelo americano, demitido logo em seguida.

Na época, Marc enviou todas as roupas da coleção para Kurt Cobain e Courtney Love, mas o casal acabou queimando os mimos, pois acreditava que o designer estava se apropriando da cultura grunge de forma indevida. Anos mais tarde, Love se retratou e chegou até mesmo a posar para uma campanha do estilista.

Então, quando Jacobs resolveu relançar o polêmico trabalho em novembro de 2018, com estampas remetendo à logo do Nirvana, todo mundo imaginou que o designer tinha a bênção da banda, mas não é bem assim, pelo visto.

De acordo com o processo movido contra a Marc Jacobs International, o estilista não tem autorização para usar e alterar o desenho criado por Kurt Cobain em 1991. Segundo alegam os representantes do grupo, uma parcela significativa do público consumidor assume que todos os bens ou serviços ostentando a arte em questão são endossados ou associados ao Nirvana, mas esse não é o caso.

Além de denunciar as camisetas, vendidas a US$ 115, a reclamação observa que Marc estruturou toda a campanha da Redux Grunge Collection em cima de referências ao Nirvana. O designer teria usado imagens do clipe de Smells Like Teen Spirit em seu Tumblr e a frase Come As You Are, título de um dos hits do grupo, em um anúncio.

Os representantes classificam o comportamento como “opressivo, fraudulento e malicioso” e defendem que Jacobs está causando “ferimentos irreparáveis”, pois as peças criadas por ele prejudicam a venda dos produtos licenciados pela banda. O processo, entregue em um tribunal da Califórnia, pede uma medida cautelar, reparação de danos e remoção dos itens.

Entre os argumentos da defesa de Marc, está uma possível perseguição da banda ao estilista. “A iconografia do Nirvana é encontrada em lojas do mundo todo, sem licenciamento, mas o grupo não vai atrás dessas marcas”, destaca Alexander Ross, sócio da Wiggins LLP.

Para ganhar o caso, o Nirvana deverá mostrar o uso ilegal de suas criações, provando que o infrator teve acesso ao trabalho com direitos autorais e as duas criações são substancialmente semelhantes. As lojas de departamentos Saks Fifth Avenue e Neiman Marcus também estão incluídas na denúncia por venderem os produtos.

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Colaborou Danillo Costa