Neta de Vivienne Westwood revela turbulências nos bastidores da marca
Disputas internas, demissões e divergências sobre o legado da icônica designer revelam polêmicas na gestão da marca após a morte da designer
atualizado
Compartilhar notícia
A marca Vivienne Westwood, um dos maiores símbolos do punk e da moda ativista, vive uma crise interna desde a morte da fundadora, em dezembro de 2022. Acusações de má gestão, disputas de poder e questionamentos sobre o respeito aos valores deixados pela estilista tornaram-se públicos após a saída de Cora Corré, neta de Westwood, que desempenhava o papel de diretora de campanhas na empresa.
Vem saber mais!
O legado de Vivienne Westwood em risco
Vivienne Westwood sempre defendeu a sustentabilidade e o consumo consciente no mundo da moda. Contudo, a direção da empresa, liderada pelo diretor executivo Carlo d’Amario atualmente, tem sido alvo de críticas severas, tanto por Corré quanto por outros aliados da estilista.
A neta da designer afirmou, em uma carta enviada aos funcionários, que a avó estava insatisfeita com os rumos tomados pela marca nos anos anteriores à morte dela. Segundo a jovem, Westwood se opôs à produção em massa de itens de menor qualidade e ao aumento do volume de vendas, pois considerava incompatível com os próprios princípios.
“Aprendi com minha avó que ter uma voz é um privilégio. Uma voz é poder”, declarou Cora em uma entrevista exclusiva ao The Times sobre as recentes polêmicas. A jovem também ressaltou que Vivienne pretendia afastar d’Amario da liderança e direcionar a empresa de forma mais alinhada ao ativismo ambiental e humanitário que marcou a carreira da britânica.
“Era o desejo de Westwood que D’Amario fosse afastado e que a empresa fosse gerida de uma forma que respeitasse os seus valores”, contou na carta enviada à equipe da grife.
Um dos pontos de maior tensão foi a relação entre a empresa e a The Vivienne Foundation, criada em 2019 para preservar o ativismo da designer. Após alegações de uso indevido de desenhos do acervo da fundação em uma colaboração com a marca Palace, Corré anunciou sua saída da empresa e cortou os laços entre a fundação e a grife.
“Continuarei a me concentrar na The Vivienne Foundation e em proteger o legado de minha avó”, afirmou ela em uma publicação no Instagram.
Disputas de poder e ambiente tóxico
Além das divergências de valores, as acusações de um ambiente hostil de trabalho complicam ainda mais toda a situação. Corré citou episódios de bullying e falta de transparência na gestão financeira, incluindo royalties (remunerações recebidas por uma pessoa quando concede a outra o uso e comercialização de algo que ele tem direitos exclusivos) não pagos por d’Amario.
E-mails críticos enviados por ela aos funcionários foram apagados pela direção, e a primogênita do filho mais novo de Vivienne alega ter recebido ameaças legais após o ocorrido.
A disputa pelo controle da marca também envolve Andreas Kronthaler, marido de Westwood e diretor criativo da grife desde 2016. Apesar de uma relação próxima com Cora, ele tem se mantido distante nas recentes controvérsias. O acordo societário de 2012, que distribuiu o controle criativo a Vivienne e Kronthaler e o controle financeiro a d’Amario, é visto como uma das raízes do conflito atual.
Apesar das crises internas, a marca Vivienne Westwood manteve relevância no mercado nos últimos meses, vestindo celebridades como Taylor Swift, Rihanna e Ariana Grande. O aumento da procura por peças vintage também demonstra o apelo duradouro do trabalho da estilista.
Por outro lado, críticos temem que as disputas enfraqueçam os valores que fizeram a estilista um ícone. Jeff Banks, amigo próximo da designer, acredita que Kronthaler e Westwood compartilharam uma visão suficientemente sólida para garantir a continuidade do legado da marca, mas as recentes divisões colocam isso em dúvida.
A turbulência em torno da etiqueta Vivienne Westwood evidencia os desafios de preservar o legado de um gênio criativo em uma indústria muitas vezes dominada por interesses comerciais. Enquanto a marca luta para equilibrar relevância e autenticidade, a continuação do trabalho de Cora Corré na The Vivienne Foundation surge como uma esperança de que os princípios de sustentabilidade e ativismo de sua avó não sejam esquecidos.