Mulberry: famosa marca britânica deixa de produzir roupas e calçados
Conhecida pelas bolsas, a grife dará prioridade para os artigos de couro, que representam cerca de 90% de seus negócios
atualizado
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A coleção outono/inverno 2020 da Mulberry será a última com roupas e sapatos. A famosa marca britânica abandonará as duas categorias, que representavam uma parcela mínima de seus negócios. No dia 7 de julho, a grife confirmou o fim da licença de cinco anos com o grupo Onward Luxury, que produzia suas peças de vestuário e calçados. A partir de agora, o foco da marca será seu carro-chefe: os artigos de couro. As informações são do WWD e do Business of Fashion.
Vem comigo saber os detalhes!
Fim da licença com o Onward Luxury Group
Com objetivo de se expandir como uma marca completa de lifestyle, a Mulberry fechou um acordo de licença com o Onward Luxury Group em 2015. Assim, a empresa expandiu sua oferta de roupas e calçados, que refletiam as raízes britânicas da label. Apesar disso, os segmentos de vestuário e calçados nunca foram uma parte muito relevante das atividades da marca.
Desde que as roupas foram introduzidas pela primeira vez, em 1979, houve momentos em que as peças foram criadas apenas como complementos para combinar com as bolsas, nas passarelas, ou para as campanhas. A propósito, a marca parou de desfilar há algumas temporadas e apresentou as últimas coleções em lookbooks.
Os artigos de couro, por outro lado, são responsáveis por cerca de 90% dos negócios da Mulberry. Inclusive, a empresa é a maior fabricante de produtos de couro de luxo no Reino Unido. Além das bolsas, óculos, joias e acessórios continuarão no portfólio de produtos desta nova fase.
Pandemia e adaptações recentes
O fim da linha prêt-à-porter é a mais recente entre as reestruturações que a Mulberry vinha planejando, a maior parte delas para conter as consequências da pandemia. Um mês atrás, a grife anunciou que pretendia demitir 25% de sua equipe, do total estimado em 1.500 pessoas, na intenção de reduzir a base de custos. Entre os motivos, listou o fechamento do comércio e a falta de turistas estrangeiros. As ações da marca caíram 30% desde o começo do ano, segundo o BoF.
Durante o fechamento do comércio no Reino Unido, as vendas virtuais da marca foram boas, mas não o suficiente para suprir a demanda das lojas físicas. Vale destacar, também, que a grife está sem diretor criativo desde março, quando Johnny Coca deixou o cargo. Atualmente, ele cuida da direção de moda dos acessórios femininos da Louis Vuitton.
A Mulberry tem buscado algumas alternativas para se adaptar ao mercado atual, como dar enfoque à sustentabilidade. As ações nesse sentido reúnem um serviço para reparar bolsas danificadas de clientes, inclusive modelos mais antigos; e alguns lançamentos com materiais ecológicos, como couro sustentável e uma mistura de Econyl e algodão sustentável.
Outra iniciativa interessante que começou a ser desenvolvida em 2019 é um sistema que unifica os preços das bolsas da marca no e-commerce para vários países. Sem falar nas adaptações para aprimorar seu atendimento direct-to-consumer, cujos negócios omnichannel são responsáveis por cerca de 95% das vendas da marca.
Sobre a marca
A Mulberry foi fundada por Roger Saul e sua mãe, Joan, no ano de 1971. O condado inglês Somerset, onde a etiqueta nasceu, também é onde 50% das bolsas da etiqueta são confeccionadas, em duas fábricas. Em 1975, o estilo das criações, inspiradas em atividades rurais comuns na Inglaterra, ganhou o apelido de Le Style Anglais. Atualmente, a marca reinventa essa herança clássica em peças que celebram a identidade britânica.
Colaborou Hebert Madeira