Movimentos feministas e onda oitentista colocam ternos em evidência
Após figurarem nos red carpets no início do ano, conjuntos de blazer e calça ganham força nas passarelas e no street style
atualizado
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No início deste ano, o movimento Time’s Up conduziu o feminismo aos red carpets. Os protestos contra assédios e machismos na indústria cultural estimularam atrizes e cantoras a usarem ternos nas grandes premiações. Logo em seguida, a onda oitentista que tomou o street style nos últimos meses deu espaço à alfaiataria oversized: nas semanas de moda europeias, entre setembro e outubro, a tendência acabou invadindo as passarelas.
Estrelas como Lady Gaga, Beyoncé, Kim Kardashian, Blake Lively, Cate Blanchett, Dua Lipa e Emma Stone incorporaram o traje em seu dia a dia, nos shows e até mesmo em seus filmes. Enquanto isso, no Brasil, o último São Paulo Fashion Week confirmou os conjuntos de blazer e calça como hits, com várias marcas e personalidades exibindo-os nas salas de desfiles.
Vem comigo!
Em parte, a volta dos anos 1990, que tomou o segmento fashion entre 2016 e 2018, também contribuiu para a aceitação da tendência no street style. A junção do sportwear com a alfaiataria e a presença de versões mais slim na cultura pop já preparavam o terreno para a onda dos ternos, mas é com a volta dos anos 1980 que a trend deve atingir seu auge.
A silhueta ampla, ombros marcados e lapelas mais grossas já são figuras corriqueiras em eventos de moda e prometem invadir o guarda-roupa feminino. Antes usados pelas mulheres apenas no ambiente de trabalho, em breve os ternos devem figurar em festas, coquetéis e até casamentos, como vimos na cerimônia de casamento da princesa Eugenie.
A modelo Cara Delevingne quebrou o protocolo e apareceu no Castelo de Windsor assim:
Muito antes dela, contudo, a atriz Marlene Dietrich já abria alas para tal audácia. Essa alemã naturalizada estadunidense foi a primeira mulher a aderir ao traje tipicamente masculino. Uma das personalidades mais influentes da década de 1920, ela causou frisson quando apareceu em público usando calças.
Uma década mais tarde, o “ultraje” de Marlene foi além e chegou a gerar desconforto entre os americanos. A artista apareceu de terno e gravata no filme Morocco, de Josef Von Sternberg, e despertou o desejo de mudança na comunidade feminina. A visão ultrapassada que tomava a sociedade daquela época começava a dar espaço à androginia.
Os estilistas Coco Chanel e Christian Dior também contribuíram para a difusão dos ternos entre as mulheres. A francesa foi pioneira no uso de suéteres e tweeds, tecidos até então usados apenas nas roupas masculinas, e seu conterrâneo reinterpretou o traje com silhuetas mais acinturadas.
Na década de 1950, a influência do rock deu mais liberdade de expressão às jovens, e nos anos 1960 Yves Saint Laurent introduziu o estilo Le Smoking nas passarelas. O visual elegante e vanguardista conquistou as clientes e passou a fazer parte de todas as coleções do designer dali para frente.
Entre os anos 1980 e 1990, com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a alfaiataria finalmente se popularizou e passou a ser vista até mesmo como um elemento de poder. Este empoderamento, inclusive, é o que traz os ternos de volta ao vestuário feminino atual.
Celebridades
O red carpet do Grammy 2018 foi invadido pelos ternos. Incentivadas pelos movimentos Me Too e Time’s Up, as artistas da música abusaram dos conjuntos de blazer e calça, dos modelos mais conservadores aos mais extravagantes. No cinema não foi diferente: nomes como Blake Lively e Cate Blanchett perpetuaram o traje e acabaram contagiando outras colegas.
Passarelas
Os ternos estiveram presentes em todas as grandes semanas de moda na última temporada, sempre em modelagens mais folgadas, acompanhando a volta dos anos 1980 à moda. Os tons arenosos e pastéis foram os favoritos dos designers.
Street style
No street style, as combinações são atreladas ao mood esportivo, em um tom mais urbano e jovem. As golas altas se mostram boas coadjuvantes, assim como as croppeds. Os modelos em xadrez são queridinhos entre as influenciadoras, que apostam também em cores vibrantes.
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Colaborou Danillo Costa