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Modelo muçulmana comenta trabalhos que contrariaram suas crenças religiosas

Pelo Instagram Stories, Halima Aden abordou experiências na indústria da moda que a fizeram usar o hijab de maneira inadequada

atualizado

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Tommaso Boddi/Getty Images for Netflix
Halima Aden – Travis Scott: “Look Mom I Can Fly” Los Angeles Premiere
1 de 1 Halima Aden – Travis Scott: “Look Mom I Can Fly” Los Angeles Premiere - Foto: Tommaso Boddi/Getty Images for Netflix

Em uma série de vídeos postados no Instagram Stories, a modelo muçulmana Halima Aden refletiu sobre momentos da carreira em que usou hijab de formas estilizadas e que, atualmente, ela considera incoerentes com seus valores. A jovem de 23 anos deu a entender que não voltará a desfilar em passarelas e viajar para semanas de moda. No entanto, apesar de dizer que “não está voltando para a moda”, deixou aberta a possibilidade para futuros trabalhos, desde que eles sigam seus novos critérios. Nas publicações, ela reiterou que a pandemia proporcionou tempo para pensar sobre como algumas experiências contrariaram sua doutrina, encorajada pela mãe.

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Giphy/@halima/Instagram/Reprodução

“Bagunça tóxica chamada moda”

Halima é somali-americana, filha de pais somalis, e nasceu um campo de refugiados no Quênia, onde viveu até se mudar para os Estados Unidos, aos 6 anos de idade. Ela foi a primeira mulher a posar com hijab e burkini na edição de swimwear da Sports Illustrated, além de ter aparecido usando a peça em capas de revistas como Vogue britânica, Vogue Arábia e Allure. “Só posso me culpar por me importar mais com as oportunidades do que com o que estava realmente em jogo”, afirmou.

Entre os problemas levantados, está o fato de, em algumas vezes, ter que usar outras peças de roupa para cobrir a cabeça em vez do hijab, ou estilizá-lo de maneiras inadequadas. Uma dessas situações ocorreu durante um ensaio para a American Eagle, quando a modelo usou uma calça de jeans por cima do adereço religioso. Em outras ocasiões, precisou faltar às orações da religião islâmica para cumprir trabalhos.

“Eles poderiam me ligar amanhã e nem por US$ 10 milhões eu arriscaria comprometer meu hijab nunca mais”, escreveu Halima em uma das publicações. Segundo a modelo, ser uma “hijabi” é uma jornada que envolve altos e baixos, já que foi pioneira em muitas situações.

Outro exemplo citado foi um ensaio para a revista Glamour, em 2017, no qual usou uma peça verde sob o hijab e cobriu o pescoço somente com penas. “Voltei para o meu quarto de hotel e só chorei depois dessa sessão porque, no fundo, sabia que não era isso. Mas estava com muito medo de falar”, escreveu.

Modelo Halima Aden
Recentemente, a modelo muçulmana Halima Aden usou o Instagram Stories para falar sobre trabalhos em sua carreira que contrariaram suas crenças religiosas

 

Publicação da modelo Halima Aden
Halima teve apoio de ninguém menos que a cantora Rihanna

 

Publicação da modelo Halima Aden
“[Minha mãe tem me implorado por anos para abrir meus olhos. Graças à Covid-19 e à pausa da indústria, eu finalmente percebi que errei em minha jornada pessoal com hijab“, desabafou
Publicação da modelo Halima Aden
“Mas… Isso não era nem meu estilo? Nunca foi. Porque eu permiti que colocassem jeans na minha cabeça quando, naquele tempo, eu só vestia saias e longos vestidos”, compartilhou, sobre campanha para a American Eagle

 

Publicação da modelo Halima Aden
“Eu voltei para meu quarto de hotel e apenas solucei depois deste shoot porque, no fundo, eu sabia que não era isso. Mas eu estava muito assustada para falar. Também é uma luta muito comum quando você é a primeira a fazer alguma coisa. Tipo, o que era aquela grama verde horrível na minha cabeça?”, compartilhou, sobre um ensaio de 2017 para a revista Glamour

 

 

Altos e baixos da carreira

A jovem tem arrependimentos, mas também viveu muitas experiências boas. Entre elas, uma campanha para a Fenty Beauty, marca de beleza de Rihanna. Ela elogiou a cantora e empresária por permitir o uso adequado do hijab. Outro ensaio que ela considera que teve uma experiência respeitosa foi para a capa da Vogue Arábia, quando ela posou com as modelos Ikram Abdi Omar e Amina Adan, que também usaram hijab.

Em um dos Stories, Halima afirmou que “não voltará à moda”. Em outros, no entanto, deu algumas condições para novos trabalhos a partir de agora, como garantir que a peça esteja totalmente à vista, sem adornos. “Se meu hijab não puder ser tão visível, eu não irei aparecer”, escreveu ela em uma foto que deixava a peça bem aparente e sem adornos. “Este é o padrão para seguir em frente se você quiser trabalhar comigo”, apontou em outra publicação. A atitude da jovem teve apoio de personalidades como as irmãs modelos Gigi e Bella Hadid, além de Rihanna.

Modelo Halima Aden
Halima Aden não está desistindo da moda completamente, mas colocou limites para seus futuros trabalhos

 

Halima Aden, Ikram Abdi Omar e Amina Adan, para Vogue Arabia
Halima Aden, Ikram Abdi Omar e Amina Adan posaram juntas para a Vogue Arábia, que foi considerada uma experiência respeitosa

 

Publicação da modelo Halima Aden
“Além disso, nunca mais aceitarei um emprego que me obrigue a mudar o estilo do meu lenço apenas para exibir um colar. Eu sou uma mulher que usa hijab! Posso usar anéis e pulseiras, mas para que preciso de um colar?”

 

Publicação da modelo Halima Aden
“Se meu hijab não pode ficar visível assim, eu não estou aparecendo. Ponto”

 

Publicação da modelo Halima Aden
“Este é o padrão para seguir em frente se você quiser trabalhar comigo”

 

Alçada à fama

Halima Aden chamou atenção quando representou o estado de Minnesota no concurso Miss USA usando um hijab, em 2016. Ainda na competição, na qual foi semifinalista, a jovem inovou ao vestir um burkini na categoria de roupa de banho. Dali em diante, sua carreira deu um salto: ganhou um contrato com a IMG Models, desfilou em diferentes semanas de moda, estrelou capas de revista e tornou-se embaixadora da Unicef em 2018.


Colaborou Hebert Madeira

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