Moda inclusiva: 5 exemplos que driblam a limitação física
Pessoas com deficiência e idosos se beneficiam das criações de marcas de moda inclusiva; conheça algumas delas
atualizado
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“A luta pela inclusão começa quando se entende que o capacitismo é um problema, e não a deficiência”. A fala do ativista na luta anticapacitista Deives Picáz evidencia o que deveria ser óbvio: características físicas não podem ser empecilhos para que alguém tenha livre acesso à moda.
A dificuldade para se vestir do jeito que deseja é frequente entre pessoas com deficiência: é pequena a variedade de marcas que contam com vitrines ou peças adaptadas. Por solidariedade ou necessidade, há quem levante essa bandeira, produzindo e comercializando roupas para diferentes idades e necessidades. Vem conhecer brasileiros que batalham pela inclusão!
O ano era 2015. Movida pelo resgate de três pilares — resgatar a autoestima feminina, estimular o mercado nacional de moda inclusiva e promover uma nova concepção do corpo com deficiência na mídia —, a jornalista Heloisa Rocha criou o projeto Moda em Rodas. A sergipana nasceu com osteogênese imperfeita, quadro caracterizado pela fragilidade óssea.
Em seu blog, podcast e redes sociais, Heloisa reúne milhares de interessados pela moda inclusiva. “Quando falamos em uma peça projetada para um corpo com deficiência, estamos tratando de uma roupa que irá promover a autonomia e o ganho de tempo deste indivíduo”, explica a jornalista.
Uma inspiração maternal
Isabela de Souza é a maior inspiração para a Ki Amor. Hoje com 4 anos, a pequena passou por uma gastrostomia para a fixação de uma sonda alimentar, e logo sua família encontrou impasses nas tarefas do dia a dia. Sua mãe, Josimary, desenvolvia, à época, uma marca de pijamas infantis, e percebeu as dificuldades para se alimentar e se vestir. Foi quando resolveu tornar a Ki Amor uma marca com foco na inclusão de crianças como Isabela.
A marca vende dois modelos de bodies, com botões entre as pernas para auxiliar a troca de fraldas, nos ombros para facilitar o vestir e abertura para crianças que fazem uso de gastrostomia. “É muito gratificante ver a reação das pessoas com nossas criações, percebemos que nada é em vão. Cada relato nos faz querer ir mais longe, alcançar mais famílias”, compartilha Josy.
Moda inclusiva para a terceira idade
Tocada por um caso na sua família, a estilista Santuza Prado teve o insight de unir sua experiência na moda à solidariedade e inclusão. Desse desejo nasceu a Freeda, marca que tem como público-alvo a terceira idade com limitações como artrose, mobilidade permanente ou temporária, Alzheimer e Parkinson.
“Me sentia angustiada e, ao mesmo tempo, desconfortável com a profissão que escolhi, percebendo que a promessa da moda de oferecer bem-estar era restrita a um grupo de pessoas. Até que um dia veio um estalo: por que não criar uma moda voltada para pessoas com mobilidade reduzida?”, conta Santuza.
Moda íntima inclusiva
Focada na saúde íntima, a Herself tem como objetivo levar facilidade para algo corriqueiro, mas que foi negligenciado por muito tempo a pessoas com deficiência: a menstruação. O produto principal é a calcinha absorvente com aberturas laterais composta por velcros dos dois lados, sendo de mais fácil utilização do que um absorvente descartável. Para a fundadora da Herself, Raíssa Assman Kist, a moda íntima pode e deve ser democrática e inclusiva.
“A moda inclusiva não é apenas uma questão de funcionalidade, mas também de democratização e pluralidade. A grande inovação para nós é não fazer mais do mesmo e, sim, atender as necessidades reais de todos os corpos menstruantes”, afirma.
Estampas em braile
Como uma pessoa com deficiência visual pode saber o que está escrito em uma camiseta? Ou na almofada com uma poesia estampada? O catálogo da marca Costuras do Imaginário torna essa demanda uma realidade. Por meio do design inclusivo, todos os produtos possuem uma estampa em braile, com a base principal de serem acessíveis para aqueles que “enxergam além do olhar”, como define a fundadora, Cíntia Caroline.
“Eu estava desenvolvendo um livro que tinha um personagem fotógrafo, e no meio do meu processo criativo pensei: e se ele não enxergasse, como seria essa descoberta do mundo? A partir desse dia, não parei mais de pesquisar sobre o braile. Assim veio a ideia de fazer a loja”, relembra Cíntia.
É possível notar que a inclusão começa a florescer no mercado da moda, mas ainda há muito o que explorar. Alcançar o maior número de pessoas é objetivo unânime das marcas, todas com a esperança de uma vida mais fácil para idosos, crianças e adultos com limitações físicas e para suas famílias.