Mindse7: Isabela Gonçalves fala sobre o projeto inovador da C&A
A gerente de produto lidera a submarca, que lança coleções-cápsula semanais atenadas com os desejos das clientes
atualizado
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Acompanhar os desejos imediatos das clientes exige olhar antenado e processos dinâmicos. De uma hora para outra, o Instagram transforma uma peça na aposta da vez. Para atender de forma ágil a essa demanda, o laboratório de inovação da C&A Brasil lançou o projeto Mindse7, em novembro de 2018. As coleções-cápsulas são semanais, mas não é só o timing que faz o sucesso da submarca, como conta a gerente de produto Isabela Gonçalves. Em entrevista à coluna, a profissional à frente do projeto falou sobre o cuidadoso processo de desenvolvimento e inovações marcantes na trajetória do projeto.
Vem conferir!
Formada em administração, Isabela Gonçalves começou a carreira com o desejo de atuar em uma grande varejista de moda. A oportunidade na C&A Brasil veio há seis anos, como trainee. “Já admirava a C&A pelo trabalho que ela fazia. Uma empresa multinacional que sempre valorizou a sustentabilidade, a cadeia e as pessoas, então, foi muito fácil de tomar essa decisão, uma vez que passei no processo seletivo. Foram mais de 20 mil candidatos. Ser escolhida foi uma megaoportunidade”, conta.
Depois de passar por vários setores, Isabela foi convidada para fundar o laboratório de inovação da marca, em 2018. Na época, o squad multidisciplinar observou que o processo de desenvolvimento dos produtos pode levar até um ano, desde o momento em que as coleções são pensadas até o lançamento. Por isso, o projeto Mindse7 C&A foi criado para oferecer um processo mais inovador e reativo ao desejo da mulher brasileira. Afinal, o público quer as últimas novidades “para ontem”.
“Acredito que é uma extensão superbacana, tem ganhado muita visibilidade e já é a marca mais buscada dentro do site da C&A”, comenta. “Temos conseguido resultados muito bons, até trazer novas clientes para a C&A e, também, tem esse papel de laboratório de inovação. Costumamos testar novos formatos de inovação que, depois, podem ser ampliados para a C&A como um todo.”
Dentro da submarca, nativa do digital, tudo pode virar informação de moda para as coleções, incluindo pesquisas e dados coletados no site da C&A. Até mesmo o formato de pré-vendas tem contribuído para esse radar. “Desde o ano passado, mesmo antes de receber o produto e tê-lo em estoque, abrimos uma pré-venda para monitorar o desejo das clientes. Fizemos isso com moletons, vestidos, coletes de retilínea. Tudo que temos testado como pré-venda são termômetros muito bons para as próximas coleções e testes”, acrescenta.
Desde a estreia, o Mindse7 lançou mais de 200 coleções. Apesar de serem alinhadas à moda das ruas e das redes sociais, as peças não têm objetivo de impor tendências e prezam pela versatilidade, atemporalidade e diversidade. Nativa do digital, a marca passou a integrar espaços exclusivos de lojas C&A selecionadas e, neste ano, ganhou o primeiro ponto físico fora da rede C&A, no espaço colaborativo Trama Lab, localizado em um shopping da capital paulista.
Queríamos começar perguntando sobre a sua trajetória pessoal e como começou seu trabalho com a C&A. Pode nos contar um pouco da sua história?
Isabela Gonçalves: Dentro de seis anos, passei por várias áreas da empresa: operações, loja, e comecei minha carreira no segmento de compras. Durante dois anos e meio, fui gerente de produto de algumas categorias, definindo estratégia de produto e lojas, negociação com fornecedores e desenvolvimento de novas linhas.
Em 2018, fui convidada para fundar o laboratório de inovação, foi a primeira squad multidisciplinar na C&A. Nosso CEO, nosso diretor de digital e nosso vice-presidente comercial fizeram uma viagem para o Vale do Silício e voltaram com o desejo de iniciar essa transformação. Estou envolvida nos principais projetos dentro dessa iniciativa. Lidero o lab e a marca Mindse7, fundada dentro desse laboratório.
Como funciona o processo de pesquisa para acompanhar os desejos da clientela dentro do Mindse7?
Nossos processos podem chegar de 14 a 35 dias, do momento em que pensamos até a hora em que o produto está no site e nas lojas em que a Mindse7 atua. Temos um time de desenvolvimento muito antenado nas tendências de redes sociais, todo um acompanhamento das principais influenciadoras, para antecipar o desejo das consumidoras e termos o produto no timing que a cliente quer. Tem um trabalho muito forte de Analytics, para conseguirmos prever a principal reação nesses desejos de moda.
Qual é a parte mais desafiadora de criar coleções-cápsula semanais?
Acho que é a cadeia. Contamos com fornecedores terceirizados. Embarcá-los dentro desse processo de desenvolvimento ágil é o mais desafiador em termos de matéria-prima e processos produtivos. Costumo falar que os nossos fornecedores são, em maior parte, familiares. Com Mindse7, vemos eles colocando os filhos, a próxima geração, para cuidar dessa célula que é mais ágil, de transformação. Vejo evoluções muito claras dentro da cadeia para lidar com esse processo mais reativo.
Desde que a linha foi lançada, você consegue identificar um direcionamento para o qual o estilo das clientes caminhou durante esses dois anos?
É muito difícil falar sobre direcionamento do consumo, porque os últimos dois anos foram muito atípicos para a cliente. Ano passado, com o advento da pandemia, vimos o consumo mudar muito: a busca por produtos mais confortáveis, roupas que você consiga ficar em casa e sejam mais versáteis e, também, conseguir evidenciar a parte de cima [nas reuniões virtuais do home office]. Foi algo muito interessante, mas temos que ficar de olho, porque o tempo todo tem mudado. Às vezes, acontecem movimentos dentro da internet que não são muito grandes, mas são importantes, e queremos estar nessa vanguarda de produto. Ter o que a cliente quer, no momento em que ela quer.
Em termos de design, qual é a parte mais legal das peças da Mindse7?
Entro no site e encontro aquele produto que acabei de ver na influenciadora. É muito o cuidado com a matéria prima, a qualidade dos produtos, o desenvolvimento e acabamento. Hoje, só trabalhamos com algodão sustentável. Temos uma preocupação em garantir conteúdos para facilitar a vida da cliente por meio de conteúdo, dando opções de vários looks que você pode montar com determinada peça. Tem que fazer sentido para ela.
Desde que a marca foi lançada, foram várias coleções lançadas. Você acredita que alguma delas tenha sido a mais marcante, até o momento?
Uma coleção muito marcante e que posicionou o Mindse7 de uma forma bem legal foi a que fizemos com a Agência Obvious. Eles são muito fortes nas redes sociais. A CEO Marcela Ceribelli traz bandeiras muito importantes para o Mindse7, sobre o feminino, e conteúdos em uma linguagem muito descontraída e divertida. A coleção foi um sucesso e conseguiu nos posicionar onde acreditamos, uma marca multicamadas, que consegue trazer o poder da moda para autoexpressão.
Tem alguma categoria de produtos com um melhor retorno entre a clientela?
É muito sazonal. Hoje, atendemos todo o público feminino, com produtos de diversas categorias. Dependendo da estação e do momento, acabamos fortalecendo alguma categoria. Desde o ano passado, temos essa extensão de grade que começou a trabalhar dentro dos mesmos produtos. Atendemos um público que vai do PP ao GG4. Realmente é uma extensão, em que qualquer pessoa, de qualquer tamanho, consiga se encontrar dentro dessa coleção.
Quando a linha foi lançada, funcionava apenas no e-commerce e aplicativo. Depois, passou a ser comercializada, também, em lojas físicas. O que motivou vocês a tomarem essa decisão de explorar o varejo físico?
Em 2019, lançamos cinco lojas físicas. Hoje, estamos indo para a décima segunda. O papel delas ainda é muito importante na jornada da cliente C&A. Buscamos posicionar a Mindse7 em praças onde as clientes já compravam on-line. Naquele momento, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Agora, estamos também em Brasília e Belo Horizonte. É o primeiro passo para clientes que não conhecem a marca, uma área diferenciada, com um atendimento bacana. Ela pode ter o primeiro contato e, depois, ser uma cliente omnichannel.
Hoje, a marca tem uma assistente virtual que funciona como uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que ajuda as consumidoras a fazerem escolhas mais inteligentes de estilo, ela coleta dados para a empresa. Como foi esse processo de desenvolvimento dessa AI? Vocês têm visto um bom retorno desses dados?
O processo nasceu de um projeto de inovação aberta que a C&A está conduzindo junto com a Endeavor. Uma das startups selecionadas para integrar esse projeto, a Catwalk, tem uma inteligência artificial. Naquele momento, vimos a possibilidade de utilizarmos uma inteligência que já tinha sido desenvolvida, mas dentro de um formato que o mercado ainda não tinha visto. A implementação desse algoritmo para uma assistente virtual de moda veio nesse desafio de humanizar a experiência do digital, trazer mais conveniência e segurança.
O projeto tem colhido bons resultados. Temos um número considerável de clientes que interagem com a nossa assistente virtual e fazem perguntas que nos surpreendem. Acabamos aprendendo qual é o desejo da cliente. A ideia é continuar no desenvolvimento de novas capacidades, para que a gente consiga expandir essa assistente virtual para toda a C&A. Temos aprendido muito com essa startup, e eles têm conseguido acelerar o desenvolvimento desse algoritmo. É um trabalho a quatro mãos.
Vocês já têm outros projetos inovadores e outras linhas de atuação a caminho?
Dentro da C&A, como um todo, temos bastante iniciativas novas. Estamos em um momento de posicionamento como uma empresa fashiontech. Há boas histórias sendo desenvolvidas, desde a nossa expansão para o marketplace, para uma empresa de moda que tenha mais produtos [além da moda]. Temos outras iniciativas de inovação aberta que devem ser aceleradas nos próximos meses. Vamos ter muitas novidades [na Mindse7], tanto de categorias quanto de coleções, nos próximos meses.
Colaborou Hebert Madeira