Milão Fashion Week: confira destaques da temporada outono/inverno 2024
Marcas como Gucci, Avavav e Diesel, entre outras, apresentaram coleções com detalhes encantadores, provocativos e inovadores
atualizado
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O Milão Fashion Week teve início na última terça-feira (20/2), com desfiles de grifes renomadas, como Gucci, Diesel, Prada e Versace, entre outras, ao longo da programação. Nas passarelas, cores, texturas e muita criatividade marcaram presença. Algumas marcas, inclusive, exploraram o lado nostálgico da moda para produzir novos visuais e apresentar na temporada de outono/inverno 2024/25. A semana de moda italiana foi encerrada nessa segunda-feira (26/2), e a coluna traz um compilado com os destaques.
Vem conferir!
Diesel no Milão Fashion Week
Atual diretor criativo da Diesel, Glenn Martens é conhecido pela habilidade em subverter as expectativas da moda contemporânea. A estética ousada e sexy introduzida de volta pelo estilista da grife italiana tem desempenhado um papel fundamental na transformação da Diesel. A marca chegou a um novo patamar de desejo e relevância, e as criações demonstram isso em números e na aprovação do público.
No entanto, a mais recente coleção apresentada demonstra um amadurecimento na abordagem do estilista. O visual de um amante de música eletrônica que parece ter saído direto de uma rave, ainda presente, foi suavizado e elevado a um novo nível de sofisticação.
A exploração de texturas, cortes precisos e uma paleta de cores que transita entre tonalidades mais suaves refletem uma sensibilidade refinada. A coleção não apenas reforça a visão única de Martens, mas também evidencia a capacidade do designer de evoluir e adaptar o próprio estilo inconfundível sem perder a essência.
GCDS
A GCDS fez sucesso entre celebridades como Dua Lipa e Anitta com biquínis de crochê temáticos. Na mesma linha de ideias, o fundador e diretor criativo da marca, Giuliano Calza, encantou o público do Milão Fashion Week ao resgatar personagens nostálgicos do passado e incorporá-los de maneira elegante e divertida na coleção de outono/inverno 2024.
A grande estrela da passarela foi a adorada Hello Kitty, que desempenhou um papel central na narrativa visual das criações. A personagem japonesa foi delicadamente bordada em vestidos, calças, hot pants e itens de alfaiataria. Claro, não foi limitada apenas aos detalhes, mas também brilhou em sutiãs de metal — um contraste encantador com os vestidos de diferentes texturas.
A relação pessoal de Giuliano com a Hello Kitty adicionou uma camada pessoal aos looks. Ele compartilhou que, durante o tempo que passou na China, sempre escolhia itens da animação como presentes para si mesmo. A inspiração pessoal resultou em uma coleção com centenas de objetos relacionados à personagem. Ao resgatar desenhos queridos e transformá-los em elementos de moda refinados, Giuliano Calza mais uma vez demonstrou maestria em tornar algo infantil em “Brinquedo para Adultos” — que é, inclusive, o nome da coleção.
Prada
A coleção de outono/inverno 2024 da Prada, assinada por Miuccia Prada e Raf Simons, é uma uma fusão inspiradora de moda contemporânea com elementos nostálgicos. A dupla criativa produziu peças do vestuário atual, como jaquetas bomber e de motociclista, além de visuais com uma alfaiataria moderna, junto a algumas modelagens de vestidos que remetem aos anos 1960, por exemplo.
A narrativa da coleção é guiada pela ideia de fragmentos do passado, refletida nas roupas por meio de elementos costurados e pedaços de tecidos que revelam camadas internas. As saias, neste caso, apresentam uma fachada de tecido estruturado de cores sóbrias na frente, enquanto a parte de trás revela fluidez clara com a seda, que destaca o contraste entre delicadeza e resistência.
O equilíbrio entre elementos conhecidos como masculinos e femininos é uma metáfora visual presente. Isso ressalta ainda mais a colaboração harmoniosa entre Miuccia e Raf. A coleção transmite autoridade e sutileza, com um toque de militarismo e de sensualidade — à la coquettecore.
Os acessórios desempenham um papel fundamental na expressão genderless. Destaque para um tipo de bracelete em formato de cinto largo, ornamentado com fivelas quadradas, que serve para segurar bolsas. Além dele, os caps incorporados com penas também ganharam os holofotes no desfile.
Gucci
No terceiro desfile de Sabato De Sarno, o estilista deixou ainda mais claro o legado que quer deixar na Gucci: uma mistura entre algo comum e excepcional. A passarela da grife no Milão Fashion Week evidenciou contrastes marcantes, como o equilíbrio entre minissaias e plataformas altas, além de casacos brilhantes e bolsas novas para complementar o portfólio do estilista.
No novo repertório fashion da etiqueta italiana, a delicadeza da roupa íntima virou o foco central, enquanto o brilho aplicado nos acessórios se harmonizou com a alfaiataria contemporânea. Além disso, um elemento surpresa da coleção foi a padronagem de uma garça geométrica, aplicada em tecidos vários, e que resultou em um efeito único em meios às outras criações.
A paleta de cores, que encapsula a identidade de Sabato De Sarno, foi cuidadosamente selecionada, de forma que tons como vermelho envelhecido, cinza, mostarda, verde e roxo estão entre os destaques. O designer descreveu as tonalidades como “levemente estranhas, erradas, mas que funcionam juntas” — uma sensação de frescor e originalidade à nova Gucci.
Versace
Para a temporada de outono/inverno 2024, a Versace mergulhou profundamente na estética punk dos anos 1980. Sob direção de Donatella Versace, a casa de moda italiana, que tem uma história significativa vinculada à década, apresentou uma visão moderna e ousada do movimento nos looks durante o Milão Fashion Week.
O tweed, um tecido muitas vezes associado à elegância clássica, foi reinventado como peça-chave da coleção, tingido de vermelho e preto para capturar a rebeldia e a atitude da estética. Em meio à tendência geral de resgate e celebração do passado, a marca também destaca os elementos greco-romanos — detalhes que são intrínsecos à identidade da Versace.
A coleção não apenas reinterpreta o punk de uma forma contemporânea, mas também homenageia o legado da grife. Luvas de couro, botas de cano alto e silhuetas marcadas também estão entre as tendências presentes no desfile.
Bottega Veneta
O diretor criativo da Bottega Veneta, Matthieu Blazy, concebeu uma nova jornada para a grife nesta temporada. A coleção apresentada em si se define como algo que é mais do que moda: é uma narrativa de reconstrução, remoldagem e um profundo sentido de essencialismo em um novo começo.
A estética minimalista é elevada à forma mais pura, e faz referência ainda ao conceito quiet luxury. A simplicidade é adotada como uma linguagem visual, mas sem comprometer a riqueza tátil e emocional presente nas peças. Silhuetas de diferentes épocas e estações convergem e se compactam para formar algo distinto do presente e do futuro.
Malhas com ombros fortes, camisas de chita de algodão e couro flexível são abraçados por uma estética pragmática, confortável e autêntica. Já a paleta de cores reflete as profundezas da noite e as chamas do fogo. Nela, estão presentes preto carbono, laranja queimado, bordô, marrom escuro, verde oliva, cinza, vermelho e branco.
Avavav
Na manhã desse domingo (25/2), a marca Avavav, sob direção da designer sueca Beate Karlsson, surpreendeu e provocou a audiência com um desfile ousado e controverso. O espetáculo atingiu o ápice quando a plateia foi convidada a atirar lixo na passarela, o que resultou em uma cena caótica e inesperada — além, claro, de instagramável.
Enquanto as modelos desfilavam, latas de alumínio, copos de papel, garrafas plásticas, e até mesmo comida, foram lançadas nos modelos. As roupas ganharam novas estampas com as manchas, e, ao fundo, uma tela projetava comentários de ódio retirados da internet. O objetivo foi acentuar a provocação e confrontar o mundo da moda ao mostrar a crueldade virtual presente nas redes sociais.
O clima irreverente e polêmico dividiu opiniões na web. No entanto, a Avavav parece ter alcançado o próprio propósito mais uma vez: atraiu a atenção global e gerou discussões sobre os limites da expressão artística na moda contemporânea. As críticas foram representadas pelo lixo, jogado em cima do trabalho da estilista e dos modelos enquanto desfilavam.
O Milão Fashion Week foi encerrado nessa segunda-feira (26/2). Além das novas coleções, o evento promoveu performances críticas e artísticas, além de um protesto da People For The Ethical Treatment of Animals (Peta), organização que luta pelos direitos dos animais, na passarela da Fendi. Agora, a última parada do principal circuito fashion internacional é na Semana de Moda de Paris, na França, com desfiles até 5 de março.