Milan Fashion Week: após edição on-line, evento volta ao normal em setembro
Ao anunciar programação de ações digitais, presidente da Camera Nazionale della Moda confirma retorno dos desfiles presenciais na Itália
atualizado
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Na semana passada, a Federação da Alta Costura e Moda (FHCM) confirmou a retomada dos desfiles presenciais no Paris Fashion Week em setembro, apesar da possibilidade de uma segunda onda de Covid-19 na Europa. Nessa segunda-feira (29/06), foi a vez de a Camera Nazionale della Moda, na Itália, fazer o mesmo. Ao divulgar a programação da edição digital do Milan Fashion Week, prevista para acontecer entre 14 e 17 de julho, o presidente da instituição, Carlo Capasa, afirmou que a temporada de primavera/verão 2021 deve ocorrer normalmente, em formato presencial.
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A pandemia do novo coronavírus colocou as semanas de moda em uma posição delicada. Inicialmente, todos os eventos voltados aos mercados masculino e de alta-costura, normalmente programados para junho e julho, foram adiados ou cancelados. Porém, após especialistas e estilistas começarem a questionar a capacidade de reinvenção das fashion weeks, com direito a grifes de grande importância abandonando as plataformas, as comissões organizadoras voltaram atrás e investiram em programações digitais.
Em Milão, a Camera Nazionale della Moda criou o Milano Digital Fashion Week, um espaço reservado para as etiquetas associadas à instituição mostrarem seus trabalhos de resort, cruise e menswear. Todavia, a organização se limitou a divulgar o cronograma da ação, agendada para o período entre 14 e 17 de julho.
“É uma solução dinâmica para as complexidades do presente, uma ferramenta funcional e criativa projetada para ter vida própria ou, quando for necessário, substituir os eventos físicos, que continuam sendo fundamentais para promover o made in Italy “, disse Carlo Capasa, em comunicado.
Ao passo que marcas como Gucci e Giorgio Armani pareciam se esquivar do projeto, o futuro da iniciativa se mostrava incerto, mas, nessa segunda-feira (29/06), os dirigentes da semana de moda de Milão, finalmente, revelaram o calendário da iniciativa. No momento, 37 marcas estão escaladas para exibir suas novidades no projeto, entre elas, Gucci, Prada, Dolce & Gabbana, Missoni, Etro, Ermenegildo Zegna, Philipp Plein, Alberta Ferretti, Tod’s, Salvatore Ferragamo e MSGM.
Dentro de cada uma hora, uma etiqueta estará livre para mostrar suas criações por meio do formato que lhe for conveniente. Para garantir que a plataforma digital funcione sem problemas, a Camera Nazionale della Moda contratou a consultoria Accenture e a Microsoft, responsáveis pelo desenvolvimento da experiência virtual.
No dia 14 de julho, a MSGM abrirá os trabalhos a partir das 12h, com um vídeo dirigido por Luca Finotti. A Prada surge em seguida, às 14h, mas ainda mantém sigilo sobre o que irá fazer. Alberta Ferretti finaliza a abertura com uma homenagem à Itália.
No dia seguinte, estão os únicos shows ao vivo do evento. Às 10h, a Etro faz um desfile misto para apresentar sua primavera verão 2021 masculina e o resort 2021, no Four Seasons Hotel. A Dolce & Gabbana, que também projeta um show físico, tomará o Campus Universitário do Hospital Humanitas, às 17h30.
Salvatore Ferragamo, Tod’s, Philosophy Di Lorenzo Serafini e Dsquared2 são os destaques do dia 16, enquanto Gucci, Ermenegildo Zegna e Missoni formam o trio responsável por encerrar o evento digital, em 17 de julho.
Além das apresentações de coleções, a plataforma digital disponibilizará um espaço dedicado aos talentos emergentes, um showroom virtual e salas temáticas, onde conteúdos culturalmente relevantes, como sustentabilidade, inclusão, empreendedorismo, artesanato e inovação tecnológica, serão debatidos.
Em setembro, o Milão Fashion Week volta ao formato presencial. Em meio à divulgação da programação digital, Carlo Capasa, presidente da Camera Nazionale della Moda, confirmou que a temporada feminina de primavera/verão 2021, agendada para o período entre 22 e 28 de setembro, é planejada como uma edição normal.
Em meio às dificuldades enfrentadas pelas semanas de moda, especialistas apontaram que as marcas mais tradicionais demonstrariam resistência aos formatos digitais. Porém, o número de labels confirmadas no Milano Digital Fashion Week indica que muitas companhias estão dispostas a apostar nas novas vitrines.
A ausência de nomes como Marni, Versace, Fendi, Giorgio Armani e Bottega Veneta já é sentida nos bastidores, mas caso a iniciativa se comprove eficaz, outras etiquetas podem se sentir estimuladas a invadir o mundo virtual. Afinal, como Capasa explicou, a plataforma não foi criada para ser uma substituta temporária, mas uma extensão com vida própria. Aquelas que se adequarem, poderão contar com espaço de divulgação com potencial para ganhar o seu lugar entre as novas gerações. A pandemia, realmente, veio para estreitar os laços entre a moda e a tecnologia.
Colaborou Danillo Costa