Michael Kors X Ian Schrager: entenda a nova treta da moda
Após lançar coleção inspirada no Studio 54, designer relembrou vivências no clube em entrevista, mas foi desmentido por criador do local
atualizado
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O Studio 54, clube que revolucionou a cena noturna nova-iorquina entre 1977 e 1986, ainda hoje é reverenciado por seus frequentadores, como os estilistas Tom Ford e Michael Kors. Este último, inclusive, se inspirou na casa para compor sua coleção de outono/inverno 2020, desfilada na semana de moda de Nova York, em fevereiro. O trabalho, lançado na multimarcas de luxo Bergdorf Goodman nesta semana, rendeu até mesmo uma matéria na revista Interview, onde Kors relata algumas histórias que viveu no local. No entanto, um dos criadores do estabelecimento, Ian Schrager, garante que o designer nunca pisou os pés no Studio e estaria se apropriando da cena.
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Os anos 1970 ressurgiram com força na temporada de primavera/verão 2020, mas antes disso, em fevereiro, o estilista Michael Kors já havia incorporado o estilo em sua coleção de outono/inverno, apresentada na New York Fashion Week.
Entre as produções, algumas peças reviveram os visuais típicos do Studio 54, com direto à logo do local estampada em vários looks. “Quando me mudei para Nova York, a cidade era nojenta. Tínhamos assassinos à solta e lixo nas ruas, mas quando você entrava no Studio 54 estava neste lugar mágico. Acho que precisamos de um pouco disso agora. Precisamos de alegria e glamour, pois estamos todos sobrecarregados com nossos telefones”, disse ao WWD sobre sua inspiração.
A coleção movimentou o mundo da moda. Enquanto a multimarcas de luxo Bergdorf Goodman dedicou suas vitrines à chegada do compilado, com direito a uma superfesta de lançamento, a revista Interview incluiu uma entrevista com Kors em sua edição comemorativa de 50 anos.
À publicação, o estilista lamentou como a energia que ele sentia no Studio parece perdida na sociedade moderna e relembrou algumas memórias vivida no local. “Todo mundo estava fazendo sexo na varanda. As pessoas estavam tão empolgadas que caiam da escada e iam direto para a pista de dança, sem ao menos se dar conta de que haviam rolado dois lances”, disse ao periódico.
Contudo, quando a Interview publicou a história em Instagram, nesta semana, um dos fundadores do Studio 54, Ian Schrager, questionou a veracidade do depoimento por meio do perfil de sua rede de hotéis. “Não acredito que Michael Kors tenha ido ao Studio 54. Eu, certamente, não me lembro dele por lá. Isso nada mais é do que uma exploração óbvia de uma pessoa que não têm nada a ver com o lugar ou sabe do que se tratava”, comentou na rede social.
Ao Page Six, Michael explicou que nunca conheceu Schrager porque ele era apenas um estudante quando frequentou a casa noturna. “Comecei a ir ao Studio 54 durante o verão de 1977, como um garoto suburbano de Long Island. Continuei a ir quando me mudei para Manhattan, enquanto estudante da FIT. Eu e meus amigos não éramos celebridades. Nunca estivemos em uma sala VIP ou esbarramos com Ian ou Steve”, relatou.
Ainda no site americano, outras pessoas endossaram o posicionamento de Kors. O psiquiatra Robert Dupont, amigo pessoal de Andy Warhol, afirmou que o estilista realmente esteve no clube. “Lembro que, em 1979, Michael me ajudou a colocar Rupert Jasen Smith em um táxi. Ian pode não ter o encontrado porque haviam 2 mil pessoas por noite e ele era apenas mais um estudante no clube. Mas há fotos de Warhol onde ele aparece”, garantiu.
Um antigo colega de classe de Kors, Jesse Nash, também corroborou a versão do designer. “Ele está dizendo a verdade. Nós éramos do ensino médio e adorávamos dançar no Studio 54. Foi uma grande parte do nosso cenário social”, afirmou ao Page Six.
Ainda que Michael Kors não tivesse frequentado o Studio 54, não há problema algum em se inspirar em uma boate que, ainda hoje, é referência na cena noturna nova-iorquina. Ian não detém mais os direitos sobre a marca, hoje do grupo MGM. Se a empresa liberou o uso da logo, não há mais nada a ser dito.
A postura de Schrager, infelizmente, soa como ressentimento. Ele, provavelmente, acredita que o dono da Capri Holdings deveria ter o consultado sobre seu novo trabalho ou, pelo menos, o convidado para a festa de lançamento.
Colaborou Danillo Costa