Metade das peças de fast fashion são de plástico, segundo pesquisa
O estudo da Royal Society for the Arts (RSA) analisou mais de 10 mil peças da Boohoo, Prettylittlething, Missguided e Asos
atualizado
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Aproximadamente metade das roupas de fast fashion vendidas on-line são feitas inteiramente de materiais derivados do petróleo. É o que demonstra pesquisa da organização social britânica Royal Society for the Arts (RSA). Publicado em 11 de junho, o estudo analisou mais de 10 mil itens de vestuário de algumas das principais labels do segmento no Reino Unido.
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As etiquetas analisadas são a Boohoo, a Prettylittlething, a Missguided e a Asos. Os dados foram coletados entre os dias 11 e 29 de maio. Constatou-se que, em média, 49% das roupas são produzidas com poliéster, acrílico, náilon e elastano.
Os plásticos virgens, como são chamados, geram 20% mais gás carbônico do que um equivalente de algodão, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla original). Além disso, acabam em aterros sanitários. Somente no Reino Unido, 300 mil toneladas de roupas são queimadas ou enterradas todos os anos, segundo um estudo da instituição WRAP.
A Royal Society for the Arts apontou que o fast fashion cresceu nos últimos anos, gerando cada vez mais impacto ambiental. “As marcas foram criticadas por seus registros sociais e ambientais fracos, e as péssimas condições de trabalho foram expostas no Reino Unido e em outros lugares. O extraordinário impacto da indústria da moda atual em relação ao lixo, água, solo e poluição do ar está bem documentado”, destacou a organização em comunicado.
Segundo a pesquisa da RSA, em média, 80% dos itens listados nos sites de fast fashion contêm derivados de petróleo na composição. Na PrettyLittleThing, são 89% das peças. Na Missguided e na Boohoo, a porcentagem é a mesma: 84%. Já na Asos foram encontrados os materiais em 65% dos produtos.
Os dados ficam ainda mais preocupantes quando se trata de produtos confeccionados inteiramente com petroquímica. A Asos teve a taxa mais baixa, com 36% de seus itens feitos exclusivamente de novos plásticos, enquanto a Boohoo teve a pior taxa, com 67%. Na PrettyLittleThing, 66%; enquanto a Missguided marcou 62%.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Josie Warden, coautora do levantamento, destacou que os tecidos com fibras sintéticas podem ser mais baratos para o consumidor final, mas são graves para as mudanças climáticas.
“Não podemos mais usar plásticos para criar peças de vestuário mal feitas, destinadas a serem usadas apenas algumas vezes. Eles usam grande quantidade de energia e criam danos ambientais em sua produção, e podem levar milhares de anos para decompor”, lamentou.
Desde meados do ano passado, a Boohoo, que também comanda a PrettyLittleThing, está em processo de revisão completa da cadeia de suprimentos. A rede prometeu que até 2025 os tecidos serão reciclados ou mais sustentáveis.
Ao portal The Guardian uma porta-voz da Missguided afirmou que a marca reduziu drasticamente o uso de plástico virgem, mas concordou que “há mais a fazer”. Segundo a executiva, 10% dos produtos da etiqueta usarão fibras recicladas até o fim de 2021 e 25% até a conclusão do ano de 2022.
Já a Asos argumentou que vem incluindo materiais reciclados e algodão sustentável na produção. A varejista também introduziu uma “aba responsável” no site, com curadoria para orientar os compradores sobre roupas feitas com materiais ecológicos.
Colaborou Rebeca Ligabue