Maya Massafera x Vogue: entenda a polêmica da influencer com a revista
A influenciadora foi capa da versão digital da revista, mas afirmou ter sido enganada; Vogue nega convite para edição impressa
atualizado
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A edição brasileira da revista Vogue compartilhou com o público o primeiro ensaio de Maya Massafera em uma publicação oficial de moda. A novidade chegou como homenagem ao mês do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em junho. Contudo, a influenciadora não teria gostado do resultado final. Nas redes sociais, ela afirmou que se sentiu “enganada”.
Vem entender!
Intitulado Vida Nova, o ensaio foi postado pela Vogue Brasil via redes sociais, como parte da versão vitual Pride 2024. No entanto, no sábado (1º/6), Maya Massafera afirmou que o combinado com a revista seria uma capa impressa. “Ser enganada é a pior sensação, né?! Uma apunhalada. Um momento que estava sendo um sonho virou enganação e mentira”, lamentou, nos Stories.
De acordo com a influenciadora, o veículo não informou que se tratava de uma edição especial. “Não tinha por que eu aceitar fazer essa capa digital. Não tem relevância. Só lucrando em cima da trans aqui”, escreveu. Para Maya, estar na capa da revista era sinônimo de credibilidade e um sonho que sempre almejou. “Criam essas versões para ganhar dinheiro e para tratar de assuntos que eles querem falar, mas não querem por [minorias] na revista principal, porque não é o padrão deles”, desabafou.
Em comunicado, a Vogue Brasil afirmou nunca ter negociado a capa impressa com a influenciadora, porém, “em respeito ao desejo expresso por Maya”, o editorial foi adicionado à publicação física da revista . Posteriormente, nas redes sociais, Massafera voltou a compartilhar os cliques do shooting.
Após a repercussão da polêmica, Maya compartilhou um pedido de retratação ao time envolvido na produção do conteúdo e autorizou o uso de sua imagem pela Vogue. “Se a revista quiser usar o material que já está feito, tá tudo bem. Outras pessoas trabalharam nisso. São pessoas que eu admiro muito e peço desculpas para elas”.
Apesar da insatisfação, Maya Massafera destacou que o trabalho merecia ser reconhecido em apoio à comunidade LGBTQIAPN+ e aos profissionais que fizeram parte do ensaio.”Essa capa, mesmo não tendo saído como o combinado e prometido, é resultado do trabalho de um time excepcional. Um time que me fez sentir especial, linda e respeitada”, enfatizou.
Maya Massafera
Além das fotos para o editorial, Maya Massafera revelou, em uma carta aberta à Vogue Brasil, os detalhes sobre o processo de transição de gênero, que foi iniciado em outubro de 2023. A influenciadora escolheu viver o momento em privacidade, mas, recentemente, resolveu compartilhar com o público.
Na carta, a influencer explicou que a nova vivência trouxe desafios que demandam tempo.”Tenho vontade de me olhar no espelho, de sair de casa e de viver. Ao mesmo tempo, tenho muito medo e uma disforia, porque sair de casa se tornou um evento. As pessoas querem ver se estou realmente feminina, o que mais mudou em mim e como está o meu corpo, mas estou exausta. Temos que entender que somos únicas”.
Massafera também tem aproveitado a visibilidade para debater as lutas vivenciadas por pessoas transexuais no Brasil. Entre as desigualdades, está, por exemplo, a relação com a indústria da moda. No Brasil, apenas a modelo Valentina Sampaio chegou a estampar a capa da revista impressa da Vogue.
Em junho, o Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado mundialmente; por isso, é comum que marcas e publicações direcionem atenção ao movimento. Contudo, a falta de apoio e de visibilidade no restante do ano é evidenciada pela comunidade, que popularizou o termo “pink money” (dinheiro rosa, em tradução livre). Trata-se de uma forma de se “aproveitar” das minorias invisibilizadas e lucrar em cima das pautas relevantes.