Mateus Verdelho fala sobre moda, carreira e futuro da própria marca
Modelo, empreendedor e criador de conteúdo, o paulista comanda a Hollywoodog’z desde 2016
atualizado
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Modelo, empresário e influenciador digital, Mateus Verdelho é um nome relevante na moda nacional. Ele nasceu no interior de São Paulo, em Ribeirão Preto. Atualmente, aos 38 anos, comanda a própria marca de streetwear, a Hollywoodog’z. Em entrevista à coluna, MV dá detalhes sobre estilo, carreira e futuro profissional.
Vem ver!
Em 2016, a Hollywoodog’z (ou HLWD’z) surgiu como um projeto musical em parceria com o DJ Nedu Lopes. A parte de moda funcionava apenas como divulgação do duo, que apostava em bonés e camisetas. Com o sucesso de vendas, Mateus Verdelho decidiu oficializar a label.
No início, a loja foi aberta digitalmente, com distribuição em São Paulo. Depois, a empresa Blanks Co. se tornou a vendedora oficial da etiqueta. Atualmente, as vendas via e-commerce têm entrega para todo o Brasil. Também é possível comprar no espaço físico da multimarcas, no bairro Itaim Bibi, na capital paulista.
Entre as novidades da Hollywoodog’z, está uma collab com a marca norte-americana JanSport. A coleção-cápsula recém-lançada reúne mochilas e pochetes. São 11 modelos focados na versatilidade, com um toque urbano.
Confira a entrevista:
Você sempre gostou de moda? Como começou a sua trajetória?
Mateus Verdelho: Eu caí na moda meio de paraquedas. Sempre gostei de coisas ousadas. Na época em que eu morava em Ribeirão Preto, sempre quis ser mais diferenciado no jeito de vestir e no meu comportamento. Eu era do skate, então já tinha essa pegada diferente, ainda mais nos anos 1990.
A minha escola realizava um concurso de modelos, e por ser uma rede por todo Brasil, existia o concurso regional e nacional. Sempre me chamaram para participar e, no terceiro ano do colegial, eu topei. Por acaso, acabei ganhando tanto o de Ribeirão quanto o nacional. O evento era muito grande, pois tinha o envolvimento de vários patrocinadores e atores que estavam fazendo sucesso na televisão. Todos os bookers e caça-talentos de São Paulo estavam presentes no dia e vieram me procurar após a vitória.
No início, eu estranhava, achava que não era o meu tipo de trabalho, até fechar uma campanha em que ganhei três vezes mais do que eu ganhava no mês todo como estagiário em publicidade. Despertou o interesse e achei que pudesse tirar coisa muito boa desse mercado. Completei 18 anos, servi um tempo no exército e, assim que saí, fui para São Paulo. Começaram a surgir campanhas, desfiles, trabalhos internacionais… E aqui estou.
Em relação à carreira de modelo, quais desafios e conquistas você gostaria de destacar?
Algo que eu acho muito legal sobre minha carreira é que não era um sonho. Em momento nenhum imaginava que tudo isso fosse acontecer. Eu pensava “beleza, vou me divertir, viajar, ganhar dinheiro, conhecer pessoas influentes”. E é um mundo muito instável. Um dia você não tem dinheiro para se manter, no outro você está no topo, nas principais festas com os principais famosos.
Além disso, eu estava vivendo do outro lado do mundo, sozinho, em uma época em que a internet não era tão acessível como hoje, então o contato com a família e amigos era escasso. Por outro lado, você cria um senso de responsabilidade muito grande. Você se vira com a casa, roupa, comida, aprende novas línguas, conhece novos países e culturas, e cria vínculos que duram a vida toda. Conheço modelos que se tornaram irmãos, de frequentar minha casa e conviver com minha família. Considero isso uma grande conquista.
Quais marcas e personalidades da moda você mais admira? Por quê?
Uma marca de que gosto muito, que inclusive é uma referência no meu trabalho e criação, é a Stüssy. Gosto muito da pegada streetwear deles, uma mistura fashion e agressiva que me agrada bastante. Uma personalidade que eu sempre gostei, sou amigo e compro suas peças é o Alexandre Herchcovitch. Quando eu comecei minha carreira, no início dos anos 2000, ele já era um visionário.
Suas ideias vão tão além que ele é um dos poucos estilistas da minha época que seguem inovando e acompanhando as tendências. Me lembro quando ele me chamou para seu primeiro desfile, fiquei muito feliz. De lá para cá, já fiz campanhas de sua marca, collabs assinadas por ele e tenho o privilégio de bater papo com essa tremenda inspiração. A gente já chegou até a pensar em uma parceria entre nossas marcas.
Como você definiria o próprio estilo?
Sou um maloqueiro com classe (risos). Gosto de me vestir de uma forma estilosa, seguindo as principais tendências da moda atual, mas, ao mesmo tempo, mantendo minha originalidade e individualidade criativa.
Quais são as peças curingas do seu closet?
São várias. Eu gosto muito de bonés e óculos, mas acho que o tênis é a peça-chave. Você sabe a personalidade da pessoa pelo que ela está usando no pé. Eu acho que escolheria o tênis como minha peça curinga.
Como surgiu a ideia de criar a sua marca?
Antes de começar a minha marca, eu já me envolvia em vários projetos. Assinei alguns produtos, como MV, e cheguei a ser sócio da Under Brasil, uma marca de cuecas. Fechei uma parceria com outra etiqueta, lançamos alguns produtos e foi bem bacana, pois conseguia visualizar um crescimento da minha imagem, fui pegando gosto pelo trabalho.
Junto com a Família MV, que era um grupo musical pop com influências do hip hop, pude criar peças – de forma pontual -, como bonés e óculos. Por fim, abri uma loja de multimarcas em Ribeirão Preto e logo depois veio o surgimento da Hollywoodog’z, como dupla musical. Os produtos de merchandising, como camisetas e jaquetas, fizeram bastante sucesso. Todo mundo queria. Fiz o teste na loja de Ribeirão e deu tudo certo.
Você desenha as peças da Hollywoodog’z?
Até o meio deste ano, eu que fazia tudo no criativo. A Blanks, nossa revendedora oficial, toma conta de toda logística e produção; eu só ficava no desenvolvimento. Agora, do meio do ano para cá, estamos com uma equipe e são mais de quatro mãos, várias pessoas fazendo o produto. Eu sigo com a aprovação final, mandando muitas referências e tendo essas conversas com o pessoal. Estou com alguns outros projetos em andamento, então delegar é a melhor forma de eu conseguir trabalhar em paralelo para estruturar ainda mais a Hollywoodog’z. Afinal, não se consegue nada sozinho.
Além de modelo, estilista e empresário, você é digital influencer. Como é conciliar tudo isso?
Modelo, empreendedor, influenciador, pai, marido, atleta… Tem que dar um jeito de conciliar. É corrido, mas eu estou conseguindo me estruturar na minha marca, com uma equipe por trás me dando todo auxílio necessário. Agora que a Domênica [segunda filha] nasceu, a logística está bagunçada. Estamos vendo essa nova fase, dando uma “bagunçadinha” de leve, mas estamos lidando.
Como a pandemia impactou o seu trabalho e a sua percepção sobre a moda?
A pandemia impactou nos dois aspectos, tanto no positivo quanto no negativo. No começo, ficamos muito assustados, mas felizmente pensamos e agimos rapidamente. Fizemos algumas ações beneficentes que agregaram bastante para o coletivo, além de podermos trabalhar com as máscaras. Seguimos com este pensamento: “Será que é o momento ideal para o nosso negócio? Será que é necessário?”.
Com as máscaras, foi possível unir o útil ao agradável, transformando um acessório obrigatório de saúde em uma peça de estilo, brincando com diferentes configurações de cores e modelos. Muitas pessoas tiveram que fechar, dar uma pausa ou demitir pessoal, e graças a Deus com a Hollywoodog’z foi o contrário. Em um mês, vendemos o total de máscaras vendidas nos últimos dois anos. Agimos rapidamente e na hora certa.
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Os planos de Mateus Verdelho para o futuro estão focados no fortalecimento da Hollywoodog’z. “Quero fazer parcerias com várias outras empresas e personalidades”, destaca. “Crescer aos poucos, não quero fazer um boom gigantesco e não conseguir segurar. Ir devagar, no tempo certo, e um dia, lá na frente, quando a marca estiver muito forte, tenho intenção de vender para um grupo, dar uma tranquilizada”, completa. O empresário também não dispensa a ideia de criar outra etiqueta.
Colaborou Rebeca Ligabue