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Máscara com cordinha: entenda os riscos do acessório polêmico do momento

O item protagonizou postagens no Instagram, mas assusta especialistas da área de saúde

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SecondWind/Divulgação
Modelo usando máscara facial com cordinha
1 de 1 Modelo usando máscara facial com cordinha - Foto: SecondWind/Divulgação

Acordar, tomar café da manhã, preparar-se para o trabalho e sair de casa. Mesmo com aumentos de casos durante a pandemia de coronavírus, diversas cidades pelo mundo, como Brasília, começaram a organizar as políticas para afrouxar o distanciamento social. Atualmente, o ritual de afazeres diários ganha mais um item indispensável na hora de deixar o lar: a máscara de proteção facial. Para complementar o look, algumas pessoas estão apostando em acessórios junto à peça de proteção. Contudo, há riscos.

Vem comigo entender a polêmica!

Giphy/@bysecondwind/Instagram/Reprodução

As famosas cordinhas de óculos fizeram sucesso em 2019. Agora, estão retornando de uma maneira nada convencional, e até perigosa. As sicurezzas marcam presença em máscaras comercializadas por diversas marcas e também são vistas nas redes sociais.

Seguindo o modismo, etiquetas como Éliou, SecondWind, AARYAH, Donni e The Good Bead lançaram coleções com o enfeite. No Brasil, a label de acessórios Fruta também embarcou no hype e desenvolveu cordinhas multicoloridas. Porém, o novo adorno tem gerado preocupação em especialistas da saúde.

Apesar de ser um charme e trazer personalidade ao visual, o uso das cordas pode aumentar o risco de contaminação pelo novo coronavírus. É o que alerta a médica patologista Natasha Slhessarenko, do Laboratório Exame, em entrevista à coluna. “Atualmente, tem se falado muito sobre higienização. As cordinhas funcionam como um adereço, mas podem acumular sujeira, assim como tocar em partículas virais com os anéis. Você pode acabar deixando o vírus ali na superfície”, explica.

A médica patologista enfatiza a relevância do uso da máscara. “É um equipamento de proteção individual (EPI), amparando também quem está por perto. Ainda estamos sem medicamento e vacina, temos que evitar que a doença seja transmitida e que propague”.

“Já foi provado que o vírus Sars-CoV-2 é transmitido por gotículas que ficam suspensas no ar por pelo menos três horas. Se estamos respirando sem a proteção de máscaras, podemos inalar, ou se alguém tossir sem o mínimo de etiqueta respiratória”, completa a profissional.

Modelo usando máscara facial com cordinha
O novo modismo da temporada já tem nome: cordinha de máscaras

 

Máscara facial com cordinha
O acessório tem protagonizado looks no Instagram

 

Modelo usando máscara facial com cordinha
Diversas marcas estão produzindo e comercializando o item

 

Máscara facial com cordinha
Porém, a nova versão da cordinha de óculos espantou especialistas de saúde

 

Em Brasília, o uso da máscara se tornou obrigatório desde 30 de abril, mas devido à chegada da Covid-19 ao Brasil no início do ano, o item já tinha começado a ser utilizado em lugares públicos por grande parte da população. Goste ou não, a proteção facial é tão importante quanto higienizar as mãos na luta contra o coronavírus.

Com a cordinha, a intenção é injetar estilo aos protetores faciais. Além de proporcionar o efeito visual de um colar, a proposta também vende a ideia de ser “funcional”. Teoricamente, permite que o usuário retire a máscara para comer, por exemplo.

Todavia, a médica Natasha Slhessarenko não recomenda a prática. “O lugar da máscara é no rosto, cobrindo o nariz e a boca. Deve-se tomar muito cuidado ao retirar e colocar o item. E jamais segurar a peça pela frente, porque é uma área suja. É arriscado deixá-la pendurada no pescoço durante uma refeição, por exemplo, pois pode aproximar do alimento”, explica a especialista.

Modelo usando máscara facial com cordinha
As cordinhas podem acumular sujeira, bactérias e vírus

 

Máscara facial com cordinha
As máscaras de proteção ainda dividem opiniões sobre ser ou não um acessório de moda

 

Máscara facial com cordinha
Enquanto as recomendações de higiene são cada vez mais relevantes, as cordinhas podem ser um vetor do novo coronavírus

 

Máscara facial com cordinha
Mas marcas de acessórios não estão dando muita importância aos riscos

 

Materiais

Marcas têm ignorado o risco de contaminação e estão lançando as suas próprias versões. A busca no Google pelas cordinhas de máscaras aumentou cerca de 30% de junho para julho. Os modelos não seguem um padrão específico e, geralmente, são compostos por correntes em metais, pedras preciosas, linhas coloridas de tecido e até plástico interligando os elos.

Um estudo recente publicado pelo The New England Journal of Medicine comprovou a eliminação do Sars-CoV-2 em quatro horas após ser colocado em uma superfície de cobre. Já outra pesquisa, realizada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), comprovou que a prata inativa 99,9% do vírus responsável por causar a Covid-19 em apenas dois minutos de contato.

Contudo, mesmo sendo feita de prata ou cobre, a cordinha em máscaras não é recomendada. Além dos riscos já demonstrados, vale destacar que, dependendo da matéria-prima que compõe o acessório, além de acumular sujeira e poder ser um vetor de contaminação, é possível manter vírus e bactérias ativos por diferentes períodos de tempo.

Modelo usando máscara facial com cordinha
No mercado, é possível encontrar diversos modelos e tamanhos de cordinhas

 

Modelo usando máscara facial com cordinha
Os materiais utilizados na confecção também variam

 

Modelo usando máscara facial com cordinha
Tecido, pedras, plástico e metais estão entre as apostas

 

Modelo usando máscara facial com cordinha
Especialistas não recomendam o uso de acessórios em máscaras de proteção

 

Cuidados

Durante as refeições, se não for possível estar em casa, Natasha Slhessarenko aconselha reservar a máscara em um saquinho plástico ou de papel e redobrar o cuidado com a higiene, além de evitar tocar no rosto, boca e nariz. “Isso vai além da estética. Devemos nos preocupar com a proteção pessoal e coletiva. Acredito que as máscaras passarão a ser usadas mundialmente, enquanto tivermos esse vírus e com os próximos que virão. Precisamos desenvolver uma nova maneira de nos relacionarmos com o mundo e com as pessoas”, sugere a médica.

Mesmo com o aumento exponencial dos casos e mortes decorrentes da doença, o comércio voltou a funcionar em vários locais. Porém, vale lembrar dos cuidados indispensáveis. Na última semana, a universidade de Oxford, na Inglaterra,  publicou um estudo que reforça o uso de máscaras, e ressalta a importância do distanciamento social. De acordo com a pesquisa, as medidas de segurança podem minimizar a contaminação do vírus e também diminuem o número de pessoas que desenvolvem complicações da Covid-19.


Colaborou Sabrina Pessoa

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