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Marcas de luxo recriam logos para passar imagem sustentável

Produtos menos poluentes e estratégias de marketing são apostas da moda para responder às novas necessidades do mercado

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Louis Vuitton/Divulgação
Modelo de tênis da marca francesa Louis Vuitton. A peça é toda branca com a logo marca impressa em verde
1 de 1 Modelo de tênis da marca francesa Louis Vuitton. A peça é toda branca com a logo marca impressa em verde - Foto: Louis Vuitton/Divulgação

A marca francesa Louis Vuitton e as italianas Prada e Valentino, três gigantes do luxo, reformularam seus próprios logotipos para estamparem produtos classificados como sustentáveis. Os diferentes designs brincam com o símbolo clássico da reciclagem e visam passar uma imagem eco-friendly das marcas. 

Vem entender o porquê!

Giphy/Prada/Divulgação

O que levaria uma casa com séculos de tradição como a Louis Vuitton a mudar seu icônico monograma? A estratégia ousada, que veio justamente de uma marca que zela pelo próprio legado, é um ótimo exemplo de como as empresas da moda perceberam que precisam recalcular a rota para atender às novas demandas dos consumidores

O “LV” da marca francesa perdeu as linhas retas, ganhou setas e foi redesenhado de uma forma que remete ao símbolo da reciclagem. Apareceu pela primeira vez ainda em 2020, na coleção de primavera/verão da linha da masculina, que tinha Virgil Abloh como diretor criativo. E é o símbolo que carimba o novo tênis da label, feito com 90% de material reciclado e que chega às lojas em setembro. 

Modelo de tênis da marca francesa Louis Vuitton. A peça é toda branca com a logo marca impressa em verde
A “nova” logo da Louis Vuitton foi criada por Virgil Abloh em 2020

 

Modelo jovem e negro, com cabelo curto crespo, desfilando na passarela com roupas da marca Louis Vuitton. Usa um macacão azul royal, camisa preta e gravata amarela, além de uma bolsa de couro branca
A coleção de primavera/verão 2020 da Louis Vuitton trouxe acessórios antigos remodelados para a passarela, mostrando que o trabalho do upcycling pode ser luxuoso

 

Virgil Abloh
Virgil Abloh, que ficou no comando da linha masculina até sua morte, em novembro de 2021, sempre buscou inovar com itens sustentáveis

As etiquetas italianas Valentino e Prada não querem ficar para trás. A primeira também remodelou seu logotipo com o símbolo da reciclagem como referência. O motivo? Promover um tênis confeccionado a partir de materiais reciclados e com base biológica.

Já a Prada, que tem no comando Miuccia Prada, neta do fundador, possui esforços mais antigos em passar uma imagem sustentável. A marca que conquistou fãs com suas bolsas e mochilas em nylon anunciou, ainda em 2019, o compromisso de encerrar o uso de nylon virgem em suas criações. 

Divulgação do tênis da marca Valentino, em couro branco, e com solado pontilhado feito de borracha. O calçado possui uma faixa preta no centro
O logotipo da marca italiana ganha setas que remetem ao símbolo da reciclagem

 

Dois modelos de tênis da marca Valentino, em couro branco, e com solado pontilhado feito de borracha. O primeiro modelo possui uma faixa preta e, o segundo, taxinhas coloridas em rosa, amarelo e vermelho.
Os modelos Open e Rockstud Untitled, da Valentino, são veganos e feitos com materiais reciclados

 

Logo sustentável da marca de moda Prada
A Prada fez o compromisso de não usar mais nylon virgem em seus produtos

 

Homem branco e jovem, com cabelo curto castanho, posando para foto de divulgação da coleção da Prada. Ele usa um casaco, uma mochete e um chápeu pescador, tudo preto e feito em nylon, da marca Prada
A linha Prada Re-Nylon foi expandida e deu vida a roupas e acessórios diversos
Mudança x Greenwashing

É importante que as gigantes do mercado de moda estejam dispostas a mudar as próprias condutas e a adotar práticas mais sustentáveis. Porém, é preciso que o consumidor esteja atento ao que é só narrativa e o que é, de fato, mudança. Na ânsia de querer ser eco-friendly, as marcas podem cair no chamado greenwashing.

O greenwashing, que pode ser traduzido como “lavagem verde”, é usado para designar “a forma que empresas adotam para passar uma aparência sustentável”, explica Paula Flórido, diretora de marketing da Dover Fueling Solution, à coluna. A professora de marketing do Centro Universitário Iesb, Dra Kátia Balduíno de Souza, explica que a prática “é uma maquiagem de uma empresa que não adota técnicas ambientalistas de maneira correta”. 

Apesar de ser possível lucrar por meio dessa “maquiagem”, o tiro pode sair pela culatra. Isso porque o consumidor da atualidade “é antenado e quer comprovação”, segundo Paula Flórido. “O cliente não se contenta em saber que um produto é orgânico: ele quer saber que órgão o certificou”, explica.

Por isso, a professora Kátia Balduíno de Souza faz a ressalva. “Quando uma estratégia de marketing é mal posicionada, pode acabar fazendo com que o público-alvo vá para as redes sociais se manifestar contrário à empresa, o que vai gerar uma imagem negativa em um momento que a comunicação não é passiva e silenciosa”, completa.

Pedaço de um brócolis, que lembra uma árvore, sendo pintado de verde
Greenwashing “é uma maquiagem de uma empresa que não adota técnicas ambientalistas de maneira correta”, explica a professora Kátia Balduíno de Souza

 

Montanhas de lixo têxtil em uma região afastada do Chile
Como a moda é uma das indústrias mais poluentes, as marcas criam estratégias para melhorar a própria imagem

 

Pessoas brancas e jovens, com cabelo castanho, protestando sobre as mudanças climáticas. Usam um casaco verde com textura de grama para passar a mensagem de necessidade de cuidar do meio ambiente
Segundo as especialistas, os consumidores estão mais atentos quanto ao discurso das empresas e exigem mudança na confecção de produtos

Paula Flórido tem uma visão otimista e acredita que mesmo as instituições que praticam o greenwashing podem mudar as condutas. Segundo ela, há casos em que empresas implementam “uma cultura mais voltada para o meio ambiente e descobrem que é possível iniciar uma jornada de longo prazo”. Já aos consumidores e à imprensa cabe o papel de ser atento às estratégias e sempre questionar.

 


Colaborou Carina Benedetti

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