Marca lança camisa digital, só para fotos, e preço surpreende
Especializada em moda cibernética, a grife Tribute Brand tem uma linha inteira de peças virtuais e limitadas
atualizado
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A proximidade entre o mundo real e o digital está cada vez maior. Roupas digitais, por exemplo, já são uma realidade na moda, com peças criadas para serem usadas exclusivamente em fotos. Recentemente, a marca Tribute Brand chamou atenção da imprensa internacional com uma linha virtual de vestuário chamada Contactless Fashion. A ideia é inovadora, mas o que realmente surpreendeu foi o preço de uma das peças: uma camisa que custa US$ 699 (cerca de R$ 3.800).
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Contactless Fashion
Diferentemente das demais peças, que custam em média US$ 30, a camisa de mangas curtas Zezy é a mais cara do catálogo. O item tem um aspecto plástico, que remete ao vinil, e está disponível nas cores verde e vermelha, ambas com relevos que parecem rendas. O mais curioso é que quem resolver desembolsar centenas de dólares para adquiri-la nunca irá receber a peça física, já que o produto é apenas digital.
As roupas são colocadas em fotos do cliente. Ou seja, paga-se, na realidade, por uma montagem com aquele item. Ao comprá-lo, ele deve subir a imagem pelo Google Drive, Dropbox ou algum serviço de armazenamento de arquivos, e enviar o link para a marca. Além da foto, o comprador recebe uma espécie de certificado digital, atestando que comprou aquele produto.
A coleção inclui calças, sobretudo, camisetas de manga longa e um vestido. Todas têm uma “tiragem” de até 100 peças, sem reedição, com exceção da camisa Zezy, que até esta semana, ainda tem três modelos disponíveis. A Tribute define a proposta como sem gênero, tamanho, entrega ou desperdício. A propósito, a camisa Zezy já apareceu em um editorial da revista Paper.
Como funciona
Quanto maior for a dimensão em pixels da foto enviada pelo cliente, melhor o resultado. No site, a marca dá todas as dicas de como enviar as imagens para que as montagens sejam feitas. Inclusive, é possível combinar mais de uma peça em um look só, desde que alguns critérios sejam observados. O cliente não pode, por exemplo, deixar parte da silhueta do corpo coberta por objetos.
“Se você estiver usando itens grandes nas partes do corpo que deveriam ser equipadas com o produto digital, não será possível para o software renderizá-lo, porque sua silhueta não pode ser mapeada”, adverte a marca. Por outro lado, não tem problema vestir peças oversized em partes do corpo que não implicam na peça que foi comprada. A marca promete entregar as montagens em até cinco dias após a compra.
Roupas digitais
A Tribute não é a primeira marca a criar roupas para o meio digital. Como a coluna já havia adiantado anteriormente, essa tendência é trabalhada por etiquetas como a Carlings, que lançou sua primeira coleção 100% digital há dois anos, e a Fabricant, a primeira etiqueta voltada exclusivamente para esse segmento.
Essa moda também cativou o mercado jogos digitais há um bom tempo. Em 2019, por exemplo, a Louis Vuitton desenhou “skins” para o jogo League of Legends. Já neste ano, diversas marcas do segmento de luxo acrescentaram looks no jogo Animal Crossing, incluindo Marc Jacobs e Valentino.
Apesar disso, especialistas apontam que ainda pode levar de cinco a 10 anos para que a tendência das roupas digitais se consolide, como apontou Matthew Drinkwater, chefe da Agência de Inovação de Moda do London College of Fashion em entrevista à Vogue Business e à Elle UK. O que se sabe é que elas podem ser uma alternativa mais ecológica ao fast fashion e aos looks que são comprados para serem usados uma única vez.
Tribute Brand
Com sede na Croácia, a Tribute Brand foi fundada por Gala Marija Vrbanic (que também é diretora de criação) e Filip Vajda (chefe de moda digital). A marca reúne pessoas das áreas de moda, computação gráfica tridimensional, entre outros segmentos da tecnologia. As roupas digitais vão ao encontro da proposta futurista e sustentável que a marca defende, diminuindo a demanda pelas peças físicas e abrindo espaço para a universalidade do mundo virtual.
A etiqueta, especializada em moda cibernética, ainda está em desenvolvimento inicial, segundo as informações do próprio site. Para criar a linha de roupas, a label digitalizou padrões da vida real e os transformou em peças tridimensionais.
Colaborou Hebert Madeira