Marca de São Paulo é acusada de usar trabalho escravo em confecções
Denúncia da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo encontrou irregularidades em duas oficinas da Amissima
atualizado
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A grife paulista Amissima foi acusada de trabalho escravo pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo. A denúncia resultou na autuação por 23 irregularidades, pelo Ministério do Trabalho, com indenização de R$ 553 mil aos trabalhadores. As informações foram divulgadas de forma exclusiva pelo portal The Intercept Brasil nessa terça-feira (18/12). A repórter Thais Lazzeri acompanhou auditores fiscais durante as investigações em duas das 25 oficinas que prestam serviços à marca de forma terceirizada, em regiões periféricas da cidade de São Paulo.
Com faixa de preço em torno de R$ 800 cada peça, a marca pagava apenas R$ 9 por item entregue. Em um esquema chamado “1/3″, o valor era dividido entre o costureiro, o dono da oficina e as despesas locais, resultando em R$ 3 para cada. Caso o produto apresentasse algum defeito, o cliente descontava 15%, mesmo depois de refeito. O montante mensal pago a cada trabalhador era de R$ 900, enquanto o piso da categoria na região é de R$ 1.450,02 para oito horas diárias.
Além disso, outras situações se encaixam como análogas à escravidão. Os costureiros eram submetidos a jornadas de 13 a 14 horas diárias em acomodações precárias — uma delas coberta por lona e teto de isopor. Os mesmos locais funcionavam como residência para as famílias. Normalmente, trabalhavam de 8h às 22h, com pausas rápidas para refeições, de segunda a sábado, incluindo feriados. Os filhos dividiam o espaço com os 14 trabalhadores bolivianos sem carteira assinada.
Em nota oficial, a marca diz ter arcado “imediatamente com as indenizações morais e trabalhistas das pessoas envolvidas”. Informa ainda que houve falha na fiscalização dos fornecedores e afirma ter tomado medidas para corrigir e prevenir as irregularidades. O comunicado encerra com uma declaração de repúdio ao trabalho desumano.
À reportagem do The Intercept, o CEO da label, Jaco Yoo, admitiu o erro da falta de fiscalização e garantiu que metade dos costureiros seriam contratados. Ainda de acordo com a matéria, os profissionais sofriam com dores decorrentes das condições de trabalho e da falta de lazer.
Com direção de estilo assinada pela sul-coreana Suzana Cha, a marca vende em dois luxuosos shoppings da capital paulista e é usada por celebridades e influenciadoras digitais.
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Colaborou Hebert Madeira